O amanhã do nosso para sempre

Prólogo

"Uma imagem vale mais do que mil palavras"

Bem, se for isso mesmo, acho que a minha imagem atual vale mais do que mil palavras deprimentes.

A noite está fresca, tem muitas estrelas no céu e a lua está cheia. É uma boa hora para fazer uma festa como a que está acontecendo lá embaixo agora mesmo, enquanto eu estou aqui, no telhado, me escondendo e tirando foto dos outros sem permissão — como sempre fiz durante toda a minha vida. Não será novidade se, quando as aulas na faculdade iniciarem, eu continuar tão sozinha e deslocada como sempre fui. É chato, mas é o que estou acostumada. Jurei a mim mesma mudar este ano, me transformar e "soltar a fera" que talvez possa existir dentro de mim, em algum lugar.

Estava decidida... Até chegar aqui em Chicago, para a festa de boas-vindas para os calouros recém aprovados, e encontrar alguns dos meus futuros ex-colegas de ensino médio. Nenhum deles foi meu amigo durante os últimos quatros anos, longe disso, e nenhum deles parece disposto a ser agora. Ainda sou a garotinha assustada que era perseguida até, praticamente, ontem pelas líderes de torcidas e panelinhas de populares. Ainda sou fraca demais para tentar ir até lá e me impor, então, escolhi me esconder. O que me traz até aqui em cima, no telhado da fraternidade onde a festa está acontecendo neste exato momento lá embaixo.

Precisava de um tempo e acabei vindo parar aqui há mais de uma hora. Não sei se consigo voltar, nem sequer tentei fazer isso. Só consigo pensar em ir embora daqui, porque o que vi já foi o suficiente: A faculdade não será diferente da escola, ponto final. Não adianta chorar, apenas aceitar e... Bom, o resto eu descubro depois. Por enquanto, só quero ir para casa.

Saco o celular da minha bolsa, jogada ao meu lado sobre as telhas, e digito na conversa com a minha irmã mais velha:

Blake: Pode vir me buscar?

Um minuto se passa, então mais dois, três, quatro...

Layla: Já?

Digito rapidamente:

Blake: Estou exausta de tanto beber e paquerar,

acho que está bom por agora.

Chicago não pode receber tudo de mim assim, de uma vez 😊

Faço uma careta ao enviar as mensagens, sentindo-me como uma péssima mentirosa. Paquerar? Eu sequer conseguir pedir licença para os garotos em frente ao banheiro do segundo andar mais cedo!

Layla, é claro, me pega na mentira de primeira:

Layla: Haha! Até parece!

Aposto que está em algum lugar tirando fotos, não é?

Blake: Puff!

Pode só, pelo amor do universo inteiro, vir me buscar?

Layla: Vou colocar Jamie na cama e já vou.

Pode aguentar mais uns vinte minutos?

O quê?!

Olho para a tela do celular desesperada, quase jogando-me dentro dela.

Blake: Vinte?!

Layla: Bem-vinda a cidade grande, baby! 😉

Desligo o celular, suspirando bem pesado. A única coisa que irei sentir falta na cidadezinha fim de mundo da qual eu vim, quando me mudar definitivamente para Chicago, será a rapidez em me locomover. Aqui as coisas parecem demorar o triplo do que realmente deveriam. Tem sempre muito trânsito, greve e um monte de coisas que só a cidade grande possui.