Capítulo 20

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Entramos no restaurante uma hora depois de Blake me revelar que sua mãe está na cidade e que virá jantar conosco está noite.

Ainda não sei bem o que pensar sobre isso, mas permaneço segurando sua mão para demonstrar apoio, porque também não sei o que ela está sentindo com o seu passado batendo em nossa porta. Pelo o que Blake me contou no último ano, ela e a mãe nunca se deram bem — se é assim que se pode resumir o abandono maternal que minha esposa sofreu a vida inteira, e que, com certeza, deixou traumas que nem mesmo ela é capaz de entender ainda. E isso me irrita muito. Me irrita o fato de alguém abandonar Blake, essa mulher incrível que transforma todos os meus dias em ótimos dias, que me faz rir até a barriga doer, que tira fotos minhas por todos os lugares onde vamos com a desculpa de querer gravar cada momento eternamente, que faria de tudo pelos sobrinhos e irmã. Me irrita o fato de odiar Sheila sem nem ao menos conhecê-la, porque ela passou a vida inteira magoando a mulher que eu amo. Me irrita o fato de não poder fazer nada, porque não quero piorar a situação entre elas e essa história, logo quando parecem ter dado o primeiro passo em frente depois de muito tempo. Quero que a noite seja calma e divertida, porque estamos aqui para comemorar sua vitória no trabalho e nada mais do que isso.

Não vou ajudar a transformar sua noite em algo sobre a sua mãe.

E acho que Blake concorda com isso, porque, no momento em que chegamos na mesa onde estão nossos amigos e família, ela não diz uma palavra sequer enquanto os cumprimenta e se senta ao meu lado.

— Podemos fazer os pedidos agora? — Pergunta o garçom ao se aproximar da nossa mesa.

— Claro, estamos todos aqui. — Gale responde, sentado entre Nora e Layla.

— Na verdade, vamos precisar de mais um lugar na mesa.

Todos olhamos na direção da mulher que se aproxima de nós, e pela sua aparência extrememente semelhante à de Blake, chego a rápida conclusão de quem seja. O tom de pele oliva é exatamente o mesmo, a altura, o nariz pequeno, o cabelo castanho longo e ondulado, o sorriso brilhante... Mas os olhos não. Os olhos de Sheila são praticamente pretos, envoltos de uma acidez não muito receptiva, enquanto os de Blake são verdes, grandes e adoráveis. São amáveis.

Não, elas não são tão parecidas assim.

Minha esposa é alguém que os outros querem ter por perto, enquanto Sheila é alguém que os outros desconfiam.

— O que essa vaca está fazendo aqui? — Layla se ergue do seu lugar, fuzilando-a com os olhos.

— Sua educação continua a mesma de quando tinha quinze anos, garota. — Sheila rebate, lhe lançando um olhar de esguelha nada agradável. — Seus pais te mimaram mais do que te educaram, afinal.

— Não ouse falar dos meus pais, sua...

— Layla!

Blake chama a atenção da irmã, levantando-se também. O resto dos nossos amigos e família ficam sentados, olhando de uma para a outra — a maioria não conhece Sheila ou sua história com Blake, então não fazem a mínima ideia do que está acontecendo. Eu estou pronto para intervir caso seja necessário, mas, até lá, vou deixar que minha esposa lide com a situação da forma que quiser.

— Seus filhos estão na mesa, se contenha, por favor. — A súplica na voz de Blake fica evidente, ainda mais quando seus olhos brilham na direção da irmã. — Eu a convidei quando apareceu em meu apartamento mais cedo.

— Ah, Deus... — Layla leva as mãos até a cabeça. — Eu sabia que a tinha visto na rua hoje.

As sobrancelhas de Blake se erguem em sintonia.

O amanhã do nosso para sempreOnde histórias criam vida. Descubra agora