Entramos no restaurante uma hora depois de Blake me revelar que sua mãe está na cidade e que virá jantar conosco está noite.
Ainda não sei bem o que pensar sobre isso, mas permaneço segurando sua mão para demonstrar apoio, porque também não sei o que ela está sentindo com o seu passado batendo em nossa porta. Pelo o que Blake me contou no último ano, ela e a mãe nunca se deram bem — se é assim que se pode resumir o abandono maternal que minha esposa sofreu a vida inteira, e que, com certeza, deixou traumas que nem mesmo ela é capaz de entender ainda. E isso me irrita muito. Me irrita o fato de alguém abandonar Blake, essa mulher incrível que transforma todos os meus dias em ótimos dias, que me faz rir até a barriga doer, que tira fotos minhas por todos os lugares onde vamos com a desculpa de querer gravar cada momento eternamente, que faria de tudo pelos sobrinhos e irmã. Me irrita o fato de odiar Sheila sem nem ao menos conhecê-la, porque ela passou a vida inteira magoando a mulher que eu amo. Me irrita o fato de não poder fazer nada, porque não quero piorar a situação entre elas e essa história, logo quando parecem ter dado o primeiro passo em frente depois de muito tempo. Quero que a noite seja calma e divertida, porque estamos aqui para comemorar sua vitória no trabalho e nada mais do que isso.
Não vou ajudar a transformar sua noite em algo sobre a sua mãe.
E acho que Blake concorda com isso, porque, no momento em que chegamos na mesa onde estão nossos amigos e família, ela não diz uma palavra sequer enquanto os cumprimenta e se senta ao meu lado.
— Podemos fazer os pedidos agora? — Pergunta o garçom ao se aproximar da nossa mesa.
— Claro, estamos todos aqui. — Gale responde, sentado entre Nora e Layla.
— Na verdade, vamos precisar de mais um lugar na mesa.
Todos olhamos na direção da mulher que se aproxima de nós, e pela sua aparência extrememente semelhante à de Blake, chego a rápida conclusão de quem seja. O tom de pele oliva é exatamente o mesmo, a altura, o nariz pequeno, o cabelo castanho longo e ondulado, o sorriso brilhante... Mas os olhos não. Os olhos de Sheila são praticamente pretos, envoltos de uma acidez não muito receptiva, enquanto os de Blake são verdes, grandes e adoráveis. São amáveis.
Não, elas não são tão parecidas assim.
Minha esposa é alguém que os outros querem ter por perto, enquanto Sheila é alguém que os outros desconfiam.
— O que essa vaca está fazendo aqui? — Layla se ergue do seu lugar, fuzilando-a com os olhos.
— Sua educação continua a mesma de quando tinha quinze anos, garota. — Sheila rebate, lhe lançando um olhar de esguelha nada agradável. — Seus pais te mimaram mais do que te educaram, afinal.
— Não ouse falar dos meus pais, sua...
— Layla!
Blake chama a atenção da irmã, levantando-se também. O resto dos nossos amigos e família ficam sentados, olhando de uma para a outra — a maioria não conhece Sheila ou sua história com Blake, então não fazem a mínima ideia do que está acontecendo. Eu estou pronto para intervir caso seja necessário, mas, até lá, vou deixar que minha esposa lide com a situação da forma que quiser.
— Seus filhos estão na mesa, se contenha, por favor. — A súplica na voz de Blake fica evidente, ainda mais quando seus olhos brilham na direção da irmã. — Eu a convidei quando apareceu em meu apartamento mais cedo.
— Ah, Deus... — Layla leva as mãos até a cabeça. — Eu sabia que a tinha visto na rua hoje.
As sobrancelhas de Blake se erguem em sintonia.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O amanhã do nosso para sempre
RomanceA conexão entre Blake e Michael em um primeiro, estranho e rápido encontro é instantânea. A paixão é tão avassaladora que, mesmo anos depois, quando se reencontram, nada parece ter mudado. Um ainda permanece nos pensamentos do outro, e apesar dos pe...