O amanhã do nosso para sempre

Capítulo 21

— Suzie, onde estão as lentes novas que compramos? — Jogo uma pilha da papéis sobre a minha mesa de trabalho. — Preciso ter certeza de que estão todas bem limpas e bem guardadas para o evento amanhã.

— Pela décima vez, elas estão na sala dos equipamentos, separadas e muito bem cuidadas. — Suzie responde.

A jovem secretária, não muito mais velha que eu, está na porta da minha sala, está de braços cruzados e com o ombro apoiado na guarnição ao redor. Está me olhando rodar pelo cômodo há dez minutos.

— Blake, acho que você está surtando. — Diz.

— Eu tenho certeza que estou.

Suzie ri e balança a cabeça. Ela está trabalhando comigo e Bea apenas há dois meses, mas já virou muito mais do que uma funcionária do nosso estúdio. Além de ser uma super profissional, Suzie também é muito engraçada e comunicativa, o que ajudou no processo de formação de uma amizade comigo — já que nunca fui muito boa em manter relacionamentos sociais a longo prazo.

— Deveria relaxar e ir para casa, já passou do seu horário. — Sugere, encarando o relógio digital em seu pulso.

— Já passou do seu também. — Ergo os olhos na direção dela. — Vá pra casa, Su.

— Ah, eu estou indo. — Me joga uma piscadela. — Só queria me certificar de que não iria passar a noite trabalhando aqui.

Fecho o notebook em minha mesa e abro um sorriso de canto.

— Michael te pediu para ficar de olho em mim, não é?

Suzie não hesita em responder:

— Isso e algumas fraldas do mercado.

Dou risada, me preparando para sair da sala. Bea teve de sair mais cedo, mas para trabalho também. Ela está responsável pela comunicação direta entre nós e o nosso cliente, criando um plano para a enorme propaganda que será o evento de divulgação de um novo perfume da marca, enquanto eu fico aqui e cuido da parte prática.

Eu e Su trancamos tudo e nos despedimos no estacionamento onde deixamos nossos carros. Eu passo no mercado para comprar coisas de uma lista que nunca imaginei que teria em mãos: Fraldas, leite, os legumes de Nora, o cereal de Jamie, lenços para Joanne... Quando Michael sugeriu que ajudssemos minha irmã e Gale nos primeiros dias de volta em casa, eu não hesitei em aceitar, até porque já estava planejando me oferecer, mas agora que já se passaram duas semanas, estou perdendo a sanidade. Jamie e Nora estão brigando mais do que o normal, Gale tem uma empresa para administrar e só fica em casa meio período, Layla ainda está de repouso — apesar de ser teimosa demais para ficar deitada o dia todo — e Joanne está tendo muita cólica ultimamente. Michael e eu estamos tentando conciliar o trabalho com a rotina com as crianças em casa, mas é complicado.

Bem, pelo menos para mim.

Michael parece o mesmo Michael de sempre.

— Estou em casa!

Abro a porta do apartamento de Layla e entro, me deparando com uma sala virada de ponta cabeça. Há brinquedos e fraldas de pano por todos os lados, a televisão está ligada com o volume mudo e a luz da cozinha está acesa ao lado, mas não tem ninguém aqui. Olho em volta e também não ouço nada, o que me deixa com um certo receito — porque em uma casa com três crianças, incluindo uma recém nascida, não tem silêncio.

Fecho a porta com o pé e ando até a cozinha, deixando as sacolas para trás no balcão e indo procurar por algum sinal de vida. Não acho ninguém no escritório de Gale, nem no banheiro de visitas, então ando até o quarto principal. Abro a porta devagar e espio lá dentro. Encontro minha irmã e o marido deitados no escuro, dormindo feito pedras, e saio antes de acordá-los sem querer. Vou andando até o quarto de Jamie e o encontro dormindo também, então lhe dou um beijinho na bochecha e saio.