Capítulo 5

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Troco de roupa pelo menos três vezes antes de decidir que a que estou está de bom tamanho. Maurice pode dizer que é só uma "reunião" simples em sua casa, mas sabemos que não é bem assim. Suas reuniões recebem, no mínimo, cinquenta convidados e a casa está sempre impecavelmente equipada com garçons, aperitivos e champanhes dos mais caros. É sempre um evento, então gosto de estar preparada.

O uber me deixa em frente a pequena e elegante casa às oito, e eu logo confirmo minhas suspeitas sobre a sua "pequena" reunião. Esbarro com alguns convidados na entrada e sigo até o interior da casa de dois andares com conceito aberto e mordena — Maurice é formado em moda, mas seu olho também é bom para decoração. Cumprimento alguns ex-colegas da faculdade pelo caminho antes de parar ao sentir meu celular vibrar no bolso da calça.

A luz forte brilha contra os meus olhos e eu demoro alguns instantes para conseguir ler o nome escrito na tela.

Mãe.

Não demoro nem mesmo um segundo para desligar a ligação e bloquear o aparelho, guardando-o de volta. Dou apenas um passo antes que ele volte a tocar, sei que é ela novamente, e também sei que ela continuará insistindo até perceber — bem tarde — que não irei atendê-la, porque sei exatamente o que quer. Meu aniversário foi há duas semanas, mas só agora ela se deu conta disso e está ligando para pedir mais um punhado de desculpas esfarrapadas e vazias que não me causam mais nada além de uma estranha — e completamente compreesível — sensação de estar perdendo meu tempo ouvindo-as.

Uma boa mãe não faz a filha se sentir assim, certo?

Apenas as mães que não deveriam ter sido mães, como a minha.

— Se você soubesse o quão bonita sua bunda fica em uma calça, usaria mais vezes ao invés dos seus vestidos. — Ouço a voz de Maurie, então viro-me para ele.

Como esperava, Maurice está vestindo nada menos que um terno vermelho cheio de brilho e detalhes em preto, como o lenço no bolso da frente. Nada simples.

Sorrio, levo as mãos até a cintura e dou uma voltinha ao redor de mim mesma, dando uma leve e proposital rebolada na parte de trás.

— Pare, assim vai me fazer duvidar da minha sexualidade! — Ele leva a mão ao peito para dramatizar suas palavras.

— Obri... Espere aí. — Viro-me de volta, desconfiada. — Quis dizer que não fico bem em meus vestidos?

Maurie revira os olhos, anda até mim e agarra meu braço para que eu o acompanhe.

— Você fica muito bem em seus vestidos, querida. Um arraso. — Diz, então estala a língua e acrescenta: — Mas sua bunda fica maravilhosamente melhor em uma calça justa.

Acerto seu ombro com um soco, fazendo-o rir, então nós dois andamos em direção aos fundos da casa — o verdadeiro motivo que fez Maurice comprá-la. O quintal dos fundos mal precisou de reformas, meu amigo apenas acrescentou alguns detalhes de seu gosto e pronto, lá estava o local perfeito para as suas "reuniõezinhas". A piscina com iluminação interna, o gramado verde e sempre muito bem cuidado, as mesas pretas, a iluminação externa ao redor das pequenas palmeiras e mudas de flores.

É tudo bem elegante, a cara de Maurie.

— Vamos encontrar Bea, ela deve estar aqui fora com o novo amigo. — Maurie dá uma risadinha.

Olho ao redor, a expectativa de finalmente conhecê-lo me tomando. Bea estava animada em trazê-lo na última vez que nos falamos.

— Você o conheceu? — Pergunto.

— Não. — Responde ao meu lado, virando-me ao redor da piscina e continuando nossa caminhada pelo gramado. — Ele tinha ido ao banheiro quando a encontrei, mas estou ansioso.

O amanhã do nosso para sempreOnde histórias criam vida. Descubra agora