Parte 2: O amanhã - Capítulo 15

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O dia amanheceu.

Estou de olhos fechados, meio sonolenta, mas sei que o dia amanheceu.

Não que eu tenha dormido alguma coisa. Não me lembro de fazer nada durante toda a noite além de chorar e me odiar durante cada minuto.

Me culpo.

Culpo Michael.

Culpo esse amor idiota que continua crescendo no meu peito.

Então, culpo a droga do universo inteiro.

Quero desistir. Quero voltar atrás e ligar para ele, dizer o quão dramática e precipitada eu fui por ter terminado tudo por nada. Eu não deveria ter entrado em pânico, gritado ou fugido. Michael não merece isso. Não merece o caos que eu sou.

Mas, então, eu me lembro de todas as suas palavras e de como ele disse cada uma delas com tanto amor, com tanta esperança.

"Vamos construir uma família"

"Vamos ter filhos que nós faremos felizes tanto quanto eles não farão"

Alguém que diz essas coisas não pode estar brincando ou pensando vagamente. Alguém que diz essas coisas quer essas coisas. E eu deveria ter percebido antes.

Deus, eu deveria ter percebido muito antes. Michael tem capacidade de dar aula para qualquer um até se tornar um professor universitário, mas ele escolheu crianças. E ele ama isso. Ama seus alunos tanto quanto eles o amam. Michael se deu bem com qualquer criança que cruzou o seu caminho desde que nos reencontramos, incluindo os meus sobrinhos. Nora e Jamie o veneram, falam dele dia e noite. Sempre que venho visitá-los só, eles me cobram por Mike. Nora, principalmente, está encantada por ele desde se conheceram. E Michael está encantado por eles também.

Eu deveria ter percebido.

E quando Michael me contou o quanto sentiu falta de irmãos na infância, eu deveria ter percebido.

E sobre como admirava Layla e Gale pela família que construíram tão jovens e sozinhos.

Eu deveria ter percebido.

Eu deveria.

— Blake? — Ouço a voz da minha irmã, seguida de um toque na porta. — Está acordada?

Não, estou presa em um pesadelo.

— Sim. — Digo, finalmente abrindo os olhos e enfrentando a claridade do dia. — Entre.

Me olho no pequeno espelho no móvel ao lado da cama de Nora, enxergando um borrão de roxo e vermelho no meu rosto. Apresso-me em tentar disfarçar minha aparência, mas não tenho muito tempo. Layla abre a porta e sua cabeça aparece entre o vão, e ela percebe na hora.

— Você subiu sem Michael ontem. — Diz, entrando e fechando a porta atrás de si. — Então pediu para dormir no quarto de Nora e não falou pelo resto da noite com ninguém.

— Estava cansada e Michael tinha que voltar para o seu apartamento e resolver uma coisa.

Layla se apoia com as costas na porta, encarando-me.

— Ok, e nada do que aconteceu ontem tem a ver com esses olhos roxos e aparência decadente que você está?

— Nada aconteceu ontem, Layla.

— Blake.

— Só preciso de café, então ficarei melhor.

Começo a tirar as cobertas de cima de mim, ignorando seu olhar.

O amanhã do nosso para sempreOnde histórias criam vida. Descubra agora