Acho que os filmes e livros de romance estão errados.
Acho que a paixão não é fogo ardente e pulsante.
Acho que está mais para algo intocável, uma dose de adrenalina invisível injetada em nossos corpos que nos tira o controle sobre nós mesmos. A sensação é parecida com o fogo, mas não é isso. Parece mais gelo, congelando a parte racional do nosso cérebro, a parte que nos dá a capacidade de pensar direito, e queimando até que nós somos obrigados a reagir por puro impulso; A primeira coisa que nós queremos é a que fazemos, simples assim.
Bem, pelo menos é assim que eu me sinto enquanto Michael me beija e seus braços me agarram.
Nem pensar em Bea e na enorme culpa que, com certeza, sentirei mais tarde são capazes de me impedir de reagir a língua de Michael vindo de encontro a minha. Ou o fato de suas mãos — tão grandes e insuportavelmente quentes — estarem sobre mim, agarrando-me como se quisesse cada centímetro do meu corpo contra o seu. Como se precisasse me sentir tanto quanto eu preciso senti-lo.
E é tão bom que acho que vou derreter como se não fosse nada.
— Michael... — Seu nome soa mais como um resmungo ou um gemido.
— Por favor, não me faça parar agora, Blake. — Sua voz é rouca, baixa e trêmula. Michael está arfando, sem ar, e seus lábios permanecem tocando os meus. — Não pare de me beijar.
Jesus.
Ele está tão desesperado que eu fico sem ar. Ele quer me tocar, seu corpo todo está me dizendo isso. Michael me deseja com tanta intensidade que mal consigo acreditar.
— Eu não... Quero parar. — Eu poderia dizer que quero, que isso é errado e idiota, mas só estaria mentindo ainda mais. E realmente não quero parar isso. Não quando meu corpo está gritando pelo dele também.
— Ótimo. — Consigo ouvir seu suspiro de alívio, e então Michael me beija.
Ele se joga contra mim, quente e viril, e acabo deixando um pequeno gemido escapar. E ele parece perceber isso, porque praticamente rosna e me empurra com mais força contra a lataria de seu carro. Suas mãos sobem pela minha cintura de forma faminta, como se estivesse se segurando em mim para não desmoronar.
Ou talvez seja eu fazendo isso com ele, jogando meu corpo contra o seu, agarrando sua nuca com as mãos para aprofundar o beijo, pressionando os nossos lábios até sentir que é o suficiente.
E, mesmo assim, não parece o suficiente.
Não pareço perto de Michael o suficiente para saciar essa fome terrível que está me assolando. E acho que ele também sente isso, pois suas mãos continuam se movendo pelo meu corpo e me empurrando cada vez mais para o lado, tirando-me do lugar.
— Michael, o que...
Sou surpreendida quando ele me levanta do chão e me coloca sobre o banco de trás de seu carro, sem esforço algum.
Olho ao meu redor, absorvendo a cor creme dos bancos de couro, então olho para ele e fico ainda mais surpresa pela forma selvagem que se encontra agora. O cabelo bagunçado, os lábios inchados e vermelhos, a respiração curta e rápida, os olhos escurecidos de desejo que encaram a minha boca descaradamente. E apesar do carro ser extremamente alto, não estou sequer um centímetro maior do que ele — Michael, mesmo de pé no chão, enquanto eu estou sentada aqui em cima, ainda é mais alto.
— Deveríamos entrar... — Minha voz sai tão baixa que até eu tenho dificuldade para ouvi-la. — Nossos amigos...
— Estão nos esperando. — Michael avança o rosto contra o meu, roçando nossos narizes e me arrancando a capacidade de falar. Suas mãos agarram o meu quadril levando-me para mais perto dele. — E Bea também.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O amanhã do nosso para sempre
RomanceA conexão entre Blake e Michael em um primeiro, estranho e rápido encontro é instantânea. A paixão é tão avassaladora que, mesmo anos depois, quando se reencontram, nada parece ter mudado. Um ainda permanece nos pensamentos do outro, e apesar dos pe...