Empurro a porta com o quadril e acabo tendo que chutá-la para abrir totalmente, então entro com todas as sacolas de compras nas mãos e olho em volta. Ninguém me atendeu quando toquei a campainha e agora estou tendo que me virar com as mãos ocupadas com a feira da semana.
Fico surpresa ao encontrar Nora e Jamie no sofá sozinhos, e o carrinho da bebê Joanne ao lado. Coloco as sacolas no chão e vou até eles, checando a casa. Não há nenhum adulto por aqui, a cozinha está vazia e a grade de proteção para as crianças não entrarem está no lugar, não tem ninguém no banheiro de visitas e nem na pequena varanda com conexão para a sala — a porta bloqueando a passagem das crianças lá para fora também está trancada.
Volto para a sala e levo as mãos até os quadris.
— Onde estão seus pais? — Pergunto após verificar se Annie está dormindo bem.
— Mamãe tinha uma consulta e o papai levou ela para o médico. — Diz Nora, erguendo os olhos do tablet em suas mãos.
Jamie está vidrado na televisão, está de fones de ouvido sem fio e com o controle do vídeo game nas mãos, apertando sem parar os botões que fazem seu personagem no jogo se mover.
— E o tio Michael? — Dou um beijo em cada um.
— Disse que ia tirar um cochilo. — Nora olha na direção dos quartos, parece um pouco preocupada. — O tio Michael está estranho.
— Estranho como? — Entro em alerta, pronta para ir até o nosso quarto.
Nora volta a sentar virada para frente e encolhe os ombros.
— Não estava muito animado como sempre está. Disse para ficarmos aqui e para ficarmos quietos para não acordar a bebê.
Isso é muito mais do que estranho. Michael não largaria as crianças sozinhas assim nem se o mundo estivesse desabando.
Deixo meus sobrinhos exatamente como estão e vou descobrir o que está acontecendo. A porta do quarto de hóspedes está fechada, e não vejo luz alguma ligada do outro lado, mas, por sorte, não está trancada e eu só a empurro após girar a maçaneta. Ligo a luz e procuro por Michael, encontrando-o deitado na cama coberto por um lençol grosso de frio.
Está fazendo trinta graus lá fora.
— Mike?
Me aproximo meio assustada, porque ele parece estar dormindo pesado.
— Querido? — Chamo de novo, mas ele não responde.
Meu coração começa a acelerar e eu levo minhas mãos até ele, assustando-me com a alta temperatura do seu corpo. Michael está muito quente e suado.
— Meu Deus, Michael. — Arquejo, tirando as cobertas e dando uma checada no seu estado deplorável. — Querido, acorde!
Suas pálpebras se movem, mas não se abrem de primeira. Ele resmunga algo que não entendo e volta a dormir, me deixando meio apavorada. É só uma febre, mas eu nunca vi Michael sequer espirrar até duas semanas e meia atrás.
— Meu amor, preciso que acorde. — Peço, balançando-o pelos ombros. — Está queimando em febre.
— Blake? — Meu nome sai de seus lábios acompanhado de um gemido. — Oi...
— Oi, querido. — Sorrio. — O que está sentindo?
Ele geme, tenta abrir os olhos, incomodado com a luz, e diz:
— Dor.
— É, imaginei. — Tiro o resto das cobertas de cima dele e seguro-o pelos ombros. — Vamos te dar um banho e depois te levar para o hospital, ok?
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O amanhã do nosso para sempre
RomantizmA conexão entre Blake e Michael em um primeiro, estranho e rápido encontro é instantânea. A paixão é tão avassaladora que, mesmo anos depois, quando se reencontram, nada parece ter mudado. Um ainda permanece nos pensamentos do outro, e apesar dos pe...