talvez haja uma esperança

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Dois dias se passaram e não havia nenhum sinal de Eric ou Eve pela casa

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Dois dias se passaram e não havia nenhum sinal de Eric ou Eve pela casa. Paul, Gene e Tommy só sabiam que ainda estavam lá, pois ainda era impossível sair, mas não os viram ou ouviram e já estavam preocupados.

Eve passava cada minuto em seu quarto. Não conseguia mais ir ao esconderijo desde que tivera que ignorar Eric à porta depois da briga. Aquele lugar agora lembrava ele, cada centímetro daquele espaço fazia Eve pensar em Eric, o colchão e o edredom cheiravam como ele e as lembranças dos beijos e carícias a faziam chorar compulsivamente. Eve não conseguia acreditar que aquilo havia mesmo acontecido, que tudo realmente não passara de uma aposta. Conhecia Eric e sabia que havia uma grande possibilidade de haver uma boa explicação, mas uma parte de seu coração não estava pronta pra isso, precisava esperar mais e se preparar, porque a sensação de perda no momento em que ela o confrontou abriu mais uma rachadura no seu coração já estilhaçado e ela precisava avançar aos poucos, um passo de cada vez.

Já Eric estava desolado. Na madrugada do dia da briga, desceu ao estúdio, aproveitando que todos estavam dormindo, e se derramou sobre um pedaço de papel. Aquilo doeu, principalmente porque se lembrou de que fora um conselho de Eve, mas ele tinha algo a dizer e não tinha para quem dizer, e então ele escreveu, ensaiou e, na mesma noite, tinha toda a música na ponta de língua. Guardaria para sempre aquela música, jamais mostraria a ninguém. Eram suas palavras para Eve, o que ele queria dizer e não podia, o que achava que nunca teria a oportunidade de falar para ela, e depois disso ele voltou ao seu quarto e não saiu mais.

Tommy entrou no estúdio e se jogou na poltrona.

- E aí? - Gene perguntou.

- Deixei as torradas com geléia e café na porta dos dois.

- E você bateu? - Paul perguntou.

- Bati. Bati e disse "é o Tommy! Trouxe comida", mas pelo tempo que fiquei esperando, nenhum deles saiu.

Gene suspirou.

- Fomos cuzões. Fomos muito cuzões.

- Se desse pra voltar no tempo... - Paul abaixou a cabeça.

- A gente ficou encantado porque ela é bonita e legal, mas fomos egoístas. - Tommy disse. - Ela claramente gostou de Eric e a gente viu isso, viu aquele dia no jantar, e tínhamos combinado de respeitar ela e a escolha dela e não fizemos nada disso!

- E magoamos ela, que foi legal com a gente desde o início, e nosso amigo também.

Os três suspiraram.

- Nós causamos isso, galera, o que significa que nós temos que consertar! - Paul encarou os dois.

- E como?

- Temos que pensar em algo. Podemos tentar falar com ela, explicar a situação, algo assim.

Enquanto pensavam no que fazer, a mesa de som soltou um alarme baixo, mas constante, e piscou um aviso em vermelho escrito "sem espaço para continuar a gravação".

- O que é isso? - Gene perguntou.

- Sem espaço para gravar o que? - Paul observou a mesa de som em busca de uma pista.

Tommy se levantou da poltrona e foi olhar também.

- Gente, se lembram que no primeiro ensaio a Eve ligou a gravação para a gente ouvir nosso som depois?

Os três se entreolharam.

- Se ela esqueceu de trancar o estúdio por todos esses dias, com certeza esqueceu de interromper a gravação também. - Tommy concluiu.

- Por isso está sem espaço, tem gravação de todos esses dias aí!

Tommy se aproximou da mesa e mexeu em alguns botões, e a gravação começou a tocar. Ouviram eles tocando Detroit Rock City e os barulhos de Eve gritando a letra da música ao fundo.

Tommy acelerou um pouco a gravação e parou em uma parte onde ouviu o som da bateria de Eric. Ouviu ele tocando uma melodia calma e bonita. Conforme a gravação avançava, ouviu Eve conversando com ele e o encorajando a compor. Todos na banda sempre o encorajaram, mas Eric nunca havia mostrado nenhuma composição para eles, e sabiam que ele se sentia inseguro, mas ouviram na gravação ele se abrindo com Eve sobre isso e ela o encorajando, e ele, por mais incrível que parecesse, havia concordado.

Se entreolharam.

- Eles realmente se gostam. - Gene disse.

Tommy acelerou mais a gravação e chegaram na parte da briga. Começou a ouvir toda a cena, desde o momento em que Eric entrara no estúdio. Lembrar de tudo aquilo deixava Tommy extremamente triste e com uma sensação horrível de culpa, e ele fez menção de acelerar a gravação novamente, mas Paul o impediu.

- O que foi? - Tommy perguntou.

- Gente, temos aqui o que precisamos! - Paul estava animado, seus olhos brilhavam e ele tinha um sorriso grande no rosto.

- O que quer dizer? - Gene ergueu uma sobrancelha.

- A gravação! A gravação mostra em que contexto a conversa aconteceu. Não sabemos que parte da briga a Eve ouviu, mas pode ajudar a esclarecer tudo e ela verá que o Eric não fez nada!

Os rostos de Tommy e Gene se iluminaram.

- Essa ideia é ótima! - Tommy sorriu. - Só precisamos trazer ela aqui!

- Vamos bolar um plano.

- Anda, acelera mais pra ver o que mais podemos descobrir! - Gene estava animado.

Tommy acelerou a gravação e parou quando ouviu novamente a bateria ao fundo. Ouvia-se o som de algumas batidas, alguns intervalos e a batida novamente. Era uma melodia que nenhum deles conhecia.

E então o ritmo foi tomando forma e a bateria começou a soar sem interrupções. Os três prestavam atenção no ritmo na tentativa de identificá-lo, mas não conseguiam.

Logo ouviram a voz de Eric cantando. Ele tocava a bateria suavemente e cantava com a voz embargada. Conheciam ele o suficiente pra saber que aquela era sua voz de choro.

Prestaram atenção na letra.

Era linda.

Os três se entreolharam.

- Ele compôs. Ele compôs pra ela. - Gene sussurrou.

- É mais grave do que eu pensei... - Paul balançou a cabeça. - Precisamos agir rápido.

SONIC BOOM - A Kiss fanfictionOnde histórias criam vida. Descubra agora