Contagem Regressiva ━━ Gabigol

03

📍 RIO, 𝖉𝖊 𝖏𝖆𝖓𝖊𝖎𝖗𝖔
MARÇO, 𝚍𝚎 𝟸𝟶𝟷𝟿
━━━━ alguns dias para o casamento

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Elis trocava de roupa, quando Gabriel adentrou o quarto que dividiam, o dia havia sido longo com os planejamentos para o casamento, quase não haviam se visto. A ruiva suspirou cansada e frustrada, o vestido de casamento não estava servindo, a costureira teria de alargar as medidas um pouco, e pediu para que ela fizesse dieta de líquidos. Mas fora isso, os vestidos das madrinhas estavam todos perfeitos, fizeram facetime para mostrar que a cor havia ficado boa.

Os padrinhos estavam com o terno na linha, todos os alfaiates fizeram os últimos ajustes. A família estava animada também, fizeram as provas e tudo estava de acordo.

— Como foi seu dia, amor? — Elis perguntou, o olhando pelo reflexo do enorme espelho da penteadeira.

— Longo. — Disse simples, começando a se despir.

Ela franziu o cenho, pela falta de uma resposta longa e divertida, na qual ele sempre fazia sobre absolutamente tudo. Gabriel ignorou o fato, de ainda estar com múltiplas dúvidas, e foi para debaixo do chuveiro, tomando uma longa ducha quente. Com um suspiro, a ruiva se escondeu debaixo dos lençóis e apagou a luz do seu abajur. Ouviu o noivo sair do banheiro, poucos minutos depois, ainda em completo silêncio.

Barbosa vestiu uma roupa leve, e de forma rápida, se certificou que a porta estava trancada, e que a sacada também estava fechada, em seguida deitou do outro lado da cama, se embrulhando com a mesma coberta. Queria fazer várias perguntas, sobre várias dúvidas que tinha e achava que a noiva compartilhava. Tentando afastar tudo aquilo, apagou a luz por completo, e se aproximou dela, a abraçando e respirando aliviado por ainda tê-la em sua vida.

Queria seguir o conselho do pai, de que foi só uma brincadeira, mas ao mesmo tempo pensava no que sua mãe tinha dito, de que não se brinca com aquilo. Droga, porque ele tinha que pensar tanto?

— Eu te amo. — Sussurrou, e ela sorriu aliviada, se aconchegando nele. — Meu terno ficou absurdamente lindo, cê tinha que ver.

— Se eu visse, daria azar. — Respondeu, virando-se para ele. — Eu te amo, ok? — Disse e o viu assentir devagar. — Desculpa se falei algo, que te causou alguma dúvida, não é a minha intenção jamais. — Se aproximou mais, unindo suas testas. — Eu quero ser a sua certeza, e não a fonte das suas dúvidas. — Sussurrou de olhos fechados.

— Estamos fazendo a coisa certa. — Falou mais para si, do que para ela. — Mesmo que as vezes, eu me pergunte se é o tempo certo. — Murmurou.

— Como assim? — Se afastou devagar.

— Somos tão novos Lis, nós vivemos muito pouco desse namoro, do noivado e já estamos com a data do casamento marcada. — Explicou devagar. — Não sinto que estamos maduros o suficiente.

— Você quer cancelar? — Indagou desanimada, sentindo uma frustração lhe consumir, com medo da resposta que receberia.

— Eu não sei o que quero. — Respondeu com sinceridade. — Sei que quero muito ficar com você, o resto da minha vida, mas sinto que não vivemos nada. 

Elis riu sem humor, se afastando e levantando da cama, andando em direção a sacada e abrindo as portas. Negou com a cabeça, ainda sorrindo sem ter sequer razões, e observou toda a área de lazer, iluminada pelas luzes noturnas. Fechou os olhos, suspirando bem fundo e tentando regularizar seus batimentos, não podia ter uma crise bem naquele momento.