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📍 RIO, 𝖉𝖊 𝖏𝖆𝖓𝖊𝖎𝖗𝖔
JULHO, 𝚍𝚎 𝟸𝟶𝟸𝟸

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— Você voltou por mim? — Elis perguntou, não escondendo o sorriso ladino.

— É óbvio que eu voltei por você. — Respondeu Gabriel, levando uma das mãos ao rosto dela, fazendo um carinho em sua bochecha.

Parecia que estava na adolescência de novo, vendo aquela menina com o cabelo ruivo, branca quase transparente e um sorriso tímido de novo, cresceu se apaixonando por Elis e ali estava ela, a sua frente e mãe de uma filha sua. Por mais que aquele pensamento fosse repetitivo, era surreal imaginar que estava vivendo tudo aquilo.

— Não tive coragem de entrar na casa, eu me senti um inútil. — Riu sem humor, permanecendo com o carinho. Detestava mentir pra ela, mas a verdade a destruiria. — Ai fiquei te olhando do carro, você abraçada com a carta que eu deixei. — Suspirou culpado. — Quando tomei coragem, a minha mãe apareceu e me mandou ir embora, que era melhor assim, que era a decisão correta. Como ela é minha mãe eu obedeci, e o Fabinho me levou embora, se não eu teria voltado de novo. — Murmurou.

Uma lágrima solitária desceu pelo rosto de Elis, talvez incrédula de tudo o que estava ouvindo, ou por relembrar toda a humilhação que foi ser abandonada ali, no dia mais feliz da sua vida. Riu sem humor, pois Lindalva foi a pessoa que mais lhe deu apoio ao fim do casamento e buscou estar presente, dizendo que não sabia o que tinha dado na cabeça de Gabriel. Se afastou devagar, encolhendo um pouco as pernas e apoiando a cabeça nos joelhos.

O jogador sentiu o peito apertar, levantou rapidamente e chamou Ofélia, pedindo que ela colocasse Eloísa para dormir no quarto dele, e a deixasse confortável. Assim que a mulher sumiu do seu campo de visão, sentou-se ao lado da ruiva, a abraçando e sentindo ela chorar ainda mais. A mentira que havia contado, seria bem menos dolorosa do que dizer que Edna e Benjamin que o mandaram sumir.

— Eu não queria te fazer chorar. — Sussurrou, afagando os cabelos dela, e quase querendo gritar de felicidade por estar abraçada a ela novamente. — Sinto muito por tudo o que passou sozinha, sem que eu pudesse te ajudar ou ao menos estar la. — Disse baixo. — Queria muito ter participado do nascimento da Elô, ou das noites em claro, das primeiras palavras e primeiros passos. Mas tá tudo bem, era seu momento. — Segurou no queixo dela, a fazendo olhá-lo. — Foi culpa minha afinal.

Gabriel sorriu leve, limpando as lágrimas do rosto dela, fazendo um carinho leve na bochecha molhada. Ela era apaixonante demais vista daquele ângulo, encantadoramente linda e do mesmo jeitinho que ele se recordava. Sentiu saudade do toque dos seus lábios, e por mais que quisesse senti-los novamente, sabia que teria de esperar o tempo dela.

Elis cortou o olhar com o dele, mais ainda abraçada ao jogador. Puxou na memória, coisas importantes sobre a filha e sorriu ao relembrar de algumas.

— Elô andou com dez meses. — Murmurou baixo. — Ela começou a se arrastar no sétimo mês, e aí pra andar foi rápido. — Riu baixo, lembrando na menininha andando até ela, absolutamente do nada. — Benjamim já fazia vários exercícios com ela, pra que se sentisse segura e andasse. Ai um dia, eu estava na mesa da cozinha, fazendo desenhos e ouvindo uma música, quando ela levantando do chão e andou até mim.

— Minha nossa. — Ele riu e a ruiva assentiu também gargalhando. — Qual foi a primeira palavra dela?

— Papai. — Engoliu em seco, elevando o olhar a ele, que franziu o cenho. — Nós nunca tínhamos falado de você pra ela, e ela já resmungava algumas coisas que fingíamos entender, até que ela lascou um papa. — Respondeu e o viu arregalar os olhos. — Depois ela falou tido pra vestido, mai pra mãe e dodô pra vovô.

Contagem Regressiva ━━ Gabigol Onde histórias criam vida. Descubra agora