Contagem Regressiva ━━ Gabigol

07

📍 RIO, 𝖉𝖊 𝖏𝖆𝖓𝖊𝖎𝖗𝖔
MARÇO, 𝚍𝚎 𝟸𝟶𝟷𝟿
━━━━ dia do casamento

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Gabriel freou o carro no meio da estrada, apertando o volante e percebendo a bobagem que havia feito. Encostou a testa na mão sobre o volante, e suspirou pesado, com a culpa pesando nas costas e no peito. Precisou abrir a janela para respirar um pouco, pois o ar havia sumido do pulmão, e nunca tinha acontecido aquilo, mas sabia o que era.

Porque ele estava com medo? Porque estava com dúvida? A uns dias atrás, enquanto estava tomando sua decisão de realmente se casar, ouviu a mãe de Elis conversando com Benjamin, o melhor amigo da noiva, que havia acabado de chegar.

— Aposto que seria mil vezes melhor, se ele simplesmente fosse embora. — Edna, sua sogra, quem havia dito. — Sério, desde que estou nesse relacionamento, Elis só vem sofrendo.

Gabriel franziu o cenho, e se aproximou mais. Eles estavam próximo à escada, e ele na ante-sala, que ficavam algumas poltronas e sofás, para receber visitas.

— Ai mainha, eu até preferiria também. — Benjamim falou. — Eu sei que o Gabriel a ama, mas isso tá doentio. Você a viu chorando ali, e me partiu o coração. É o casamento dela, e deveria ser o mais feliz do mundo.

— Quero conversar com ele a sós, antes do grande dia. — Murmurou. — E dizer que se ele não quiser casar, que ele pode ir embora, eu dou conta de segurar minha filha quando ela desabar.

— Até porque, ela já está desabando. Elis está magoada e com o coração quebrado, ela pode estar se fazendo de forte, mas não está sendo nada fácil. — Suspirou fundo.

— Ele não é homem pra ela. — Edna pontuou.

Gabriel ouviu quando eles saíram, e uma dor absurda consumiu seu peito. Desde aquele dia, esse momento passou pela sua cabeça, o que ele iria embora e a deixava para traz, para que alguém que a soubesse amar a encontrasse. Ele era tudo aquilo, insuficiente para amá-la, porque tinha dúvidas e não se pode ter dúvidas quando o futuro, com o amor da sua vida, está em jogo.

Ele pegou os votos no bolso interno do palitó, e abriu o papel devagar, lendo cada palavra escrita a mão. Os olhos marejaram e lágrimas começaram a rolar.

"Acho que nunca estive tão nervoso em toda minha vida, mas deve fazer parte do estar se casando com alguém que se ama muito. E eu te amo. Não queria começar meus votos assim, já me declarando, só que não sabia exatamente como começar.

Quando estávamos na loucura que é minha vida, andando de lá pra cá e de cá pra lá, com voos e hotéis e malas e apartamentos, soube que era com você que eu deveria me casar. Afinal, quem toparia viver tudo isso se não te amasse o bastante ou se não quisesse ficar mesmo perto um do outro, sempre e pra sempre. Não é mesmo?!

Então corri em uma loja no meio da noite, e comprei um anel, e te pedi em casamento sobrevoando mais um oceano e voltando para o Brasil. Quando você disse sim, queria perguntar no voo se havia algum juíz de paz ali, para realizar o casamento naquele momento, porque nada no mundo importava. Só precisava de você, e agora eu a tenho e para sempre. Nunca gostei da promessa de algo eterno, me parecia banal, mas com você eu acho a coisa mais perfeita do mundo.