Contagem Regressiva ━━ Gabigol

04

📍 RIO, 𝖉𝖊 𝖏𝖆𝖓𝖊𝖎𝖗𝖔
MARÇO, 𝚍𝚎 𝟸𝟶𝟷𝟿
━━━━ alguns dias para o casamento

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Ela estava deitada sobre o peito dele, ouvindo o coração bater de forma calma e ritmada, imaginou um desenho seu sobre aquilo e se aconchegou ainda mais. Ignoraram todas as programações que tinham aquela manhã, e simplesmente passaram a manhã na cama, transando, tendo múltiplos orgasmos e fazendo tudo o que queriam. Agora, faziam alguns minutos que estavam em silêncio, apenas apreciando o som do silêncio.

Elis se perguntava, se seriam todas as vezes assim, onde eles brigavam, ficavam sem se falar e depois liberavam tudo no sexo. Não estava reclamando, eles eram bons naquilo, eles tinham sintonia na cama. Mas, seria sempre daquela forma? Brigas, dúvidas, feridinhas mal cicatrizadas, e depois, viveram como se nada tivesse acontecido. Nunca teria uma conversa sem discussão? Nunca teriam concordâncias?

E aquilo ficava se repetindo e repetindo.

Gabriel se perguntava exatamente as mesmas coisas, se estava se cansando com a pessoa certa e se era a pessoa certa para ela; se estava preparado para passar o resto da vida, ligado a ela; se estava confortável com a ideia de brigas, com a ideia de ter que sustentar a barra sozinho. Aquilo já era cansativo só de imaginar.

Faltavam apenas cinco dias para o casamento, e era inegável que agora, os dois não sabiam se estavam tão animados assim com a ideia. Elis se afastou devagar, levantando da cama e indo em direção ao banheiro, ainda em completo silêncio. Tomou um banho rápido e gelado, escolheu uma roupa leve e em seguida, já estava fora do quarto, indo para o local da prova de joias. O noivo permaneceu deitado, por longos minutos, olhando para o teto e sentindo falta dela no segundo em que a mesma saiu da cama.

— Não estamos superando nada. — Murmurou Gabriel, sentando na cama e vendo suas roupas jogadas. — Isso não vai dar certo.

No andar de baixo, Edna observava a filha e sentiu o peito apertar, pela forma distante e talvez magoada que ela estava. Não queria que ela tivesse uma recaída, e voltasse ao buraco que saiu com muita ajuda, a alguns anos atrás. Se aproximou devagar, e a fez deitar em seu colo, vendo os olhos marejaram logo após isso.

— O que houve, minha Lis? — Indagou, acariciando os cabelos ruivos.

— Acho que não vai ter casamento, mãe. — Murmurou chorosa, suspirando e deixando as lágrimas lhe tomar. — Gabriel está confuso, cheio de dúvidas sobre a vida de casados, sobre nós dois. Sobre tudo. — Mordeu o lábio com força, desejando apenas deixar de sentir tudo aquilo que apertava o coração.

— Ele disse isso?

— Disse. — Assentiu. — Mãe, eu não quero viver uma dúvida. — Levantou e olhou para a mais velha. — Quero me casar com alguém, que queria ficar comigo, tanto quanto eu quero ficar com ele. Quero viver o resto da minha vida, com alguém me amando na mesma intensidade, que deixe as dúvidas de lado. — Fungou, engolindo em seco.

— Se quiser fugir, meu carro está a sua disposição. — Ouviram e olharam na direção da porta.

Benjamim, estava encostado no batente, com os braços cruzados e um sorriso ladino. Elis levantou rapidamente, e correu até o melhor amigo, lhe abraçando com força sentindo um alívio imediato, assim que ele a apertou contra si. Suspirou fundo, não contendo o choro e deixando ele vir com tudo, se derramando no ombro do rapaz, que era um grande amigo de infância.