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📍 SALVADOR
JULHO, 𝚍𝚎 𝟸𝟶𝟸𝟸
━━━━ dois anos e meio depois

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Elis dormia tranquila, sonhando com uma das coisas aleatórias que sonhava todas as noites, onde estava em uma casa com algumas crianças, casada e super feliz com um homem sem rosto. Era um sonho bom, diário, mas bom; se sentia em paz e finalmente completa, rezava pra que isso um dia fosse real. Caminhava por um gramado, com os pés descalços, na direção de duas crianças e estava prestes a chegar, quando foi surpreendida com uma travessearada no rosto, saltando num susto e sentando no colchão com o coração acelerado.

Olhou para o lado, e viu Eloísa com as mãozinhas juntas na frente do corpo, sorriso sapeca e fazendo movimentos de lá para cá com o corpo.

— Bom dia mamãe. — Alargou o sorriso, fechando os olhinhos e elevando a cabeça.

A raiva se diluiu em segundos, fazendo Elis suspirar e sorrir.

— Bom dia pitanguinha. — Respondeu a filha. — Quando vai passar a fase de me acordar com sustos? — Indagou, se inclinando e pegando sua garotinha no colo.

— Não xei. — Riu ao negar com a cabeça. — Vovó disse que puxei ao papai. — Deu de ombros. A palavra lhe fez suspirar, dessa vez, de saudades.

Elis assentiu sorrindo. Aquilo não era mentira nenhuma, Eloísa apenas tinha a aparência exatamente como a da mãe, os cabelos ruivos e olhos claros; mas, puxou o gênio forte, brincalhão e fofo do pai, que ainda não a conhecia assim como ela não conhecia ele. A algumas semanas, a ruivinha vinha fazendo perguntas sobre o genitor, como ele era, quem ele era e que queria muito conhecê-lo.

Ninguém teve a ousadia de dizer que foi a própria mãe que a privou disso, mas era óbvio que esse dia chegaria, ela já estava perto de completar seus três anos de idade, e era muito mais esperta que a idade dela limita. Seu vocabulário era rico e eram poucas as palavras que ela tinha dificuldade em falar, adorava músicas de todos os estilos e desenhar vestidinhos era seu passa-tempo, assim como jogar bola no quintal com Benjamin, a quem apelidou de Dido.

— Vamos escovar esses dentinhos, e tomar café, ou sua avó vai nos servir como leitões. — A mãe murmurou, dando batidinhas leves na coxa da filha.

Selá que ela vai por maçãs na nossa boca assim? — Perguntou, abrindo a boca e fingindo por uma maçã lá.

— Espero que não. — Fez uma careta e levantaram juntas. — Já pensou que horrível?!

De mãos dadas, as duas seguiram para o banheiro e Elis ajudou Eloísa a subir no banco que a deixava da altura necessária da pia, passou pasta de dente nas duas escovas de dentes e entregou uma a menor, começaram a escovação exaltante iguais, repetindo os mesmo movimentos. Ao fim da escovação, elas lavaram o rosto e prenderam os cabelos em rabos de cavalo, então a mais velha ajudou ela a descer e então seguiram para fora do quarto.

Com a menininha no colo, Lis desceu as escadas devagar, andando assim até a cozinha mas diferente dos dias comuns, ela estava vazia. Então, colocou a criança na cadeirinha e foi preparar o café da manhã que a pequena comia todas as manhãs. Ovos mexidos e torradas amanteigadas, com Nescau gelado.

— Cadê a minha frutinha? — Edna perguntou, entrando na cozinha com algumas sacolas nas mãos.

— AQUI ESTOU! — Eloísa gritou animada, estendendo os bracinhos em direção a avó, que tratou de pega-la no colo e abraçar apertado. — Ai, eu amo abraços de ursos. — Suspirou a garotinha.

Contagem Regressiva ━━ Gabigol Onde histórias criam vida. Descubra agora