-𝐂𝐚𝐩í𝐭𝐮𝐥𝐨 𝟑- 𝐆𝐚𝐫𝐫𝐚𝐟𝐚 𝐬𝐞𝐦 𝐫ó𝐭𝐮𝐥𝐨

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Sano aparenta não voltar rápido. Deito em sua cama e agarro o travesseiro. Meus olhos tentam ceder a ardência e se fechar, mas luto contra essa vontade.

Um tempo esperando, escuto barulho de passos vindo em direção ao quarto de Shinichiro. A porta abre vagarosamente e revela Sano.

— Preguiçosa. - ele entra no quarto ainda vestido com a roupa que iríamos sair. Meus olhos seguem-o. O homem desabotoa o primeiro botão da camisa social, que ia em seu pescoço, e senta ao meu lado. — Se sente melhor? - coloca sua mão em minha perna encarando meus olhos.

O travesseiro tampava minha boca e meu nariz, mas não impedia de mover minha cabeça, a qual afirmei como "sim" para ele.

— Que bom, porque nós ainda vamos nessa festa. - revirou os olhos e roubou uma risada baixa de Shinichiro que dá dois tapinhas em minha coxa.

Sinto meu coração disparar com seus toques inocentes, mas que faziam meus pensamentos turbilharem.

— Fala sério, não deixe isso estragar sua noite. Você tem que me provar, lembra? - sorriu de canto e levantou da cama. Eu sento e esfrego meu rosto.

— Não dá, parece que um caminhão passou por cima de mim.

— Ah [nome] que eu conheço não se importaria com uma coisa dessas. - ele abre a porta do guarda-roupa e tira um casaco.

Meus olhos saltam, nunca pensei que Shinichiro fosse capaz de soltar uma frase tão doce e tão idiota ao mesmo tempo. Suspiro e levanto na cama, caminhando ao espelho e conferindo se estava tão horrível quanto em minha imaginação.

— Olha meu cabelo! - exclamei virando para ele.

— O mesmo de sempre. - zombou com uma escova na mão. — Senta aqui. - deu dois tapinhas no sofá.

Faço como pedido. Sento no sofá. Com as mãos sobre as coxas. Shinichiro fica em minha frente e desamarra meu cabelo.

— Tem certeza que sabe o que está fazendo? - provoco, preocupada com que ele possa piorar.

— Tenho dois irmãos com cabelo longo, eu com certeza sei o que estou fazendo. - Seus toques em meu cabelo são suaves, como um carinho. Fecho os olhos apreciando seus toques. — Terminei. - disse e se afastou, analisando-me de longe.

— Para onde nós vamos?

— Você ia me levar a uma festa, nós vamos para outra. Mostrar que você não é uma mulher forte. - estendeu a mão para mim, que a agarro instantaneamente.

— Para onde nós vamos?

— Imaushi tinha me dito que iria ter uma balada, aparentemente é perto daqui. - Conversava comigo enquanto nos arrastava para fora da casa.

— Não sei se quero ir... - murmuro, mas Shinichiro não mostrava que iria dar para trás, montado na moto com o capacete e a chave.

— Mas vai. - puxou meu braço. Meu pé engancha em um vrão de sua calçada e todo o equilíbrio do meu corpo esvai. Seria um baque feio se meu corpo não estivesse caído sobre Sano. — Caindo de amores por mim? - brincou. Minhas bochechas esquentaram, meu rosto fica tão vermelho que até mesmo ele percebe.

— V- vamos logo. - afasto-o e subo na garupa da moto.

— Calma aí, esquentadinha. - fez um trocadilho, eu dou um tapa em seu ombro e novamente ele solta aquela risadinha irritante.

— Mecânico idiota. - resmungo.

— Quer parar de me chamar assim. - reclama acelerando a moto. Saímos deslizando pela pista.

Diferente das outras vezes. Shinichiro diria em alta velocidade. Ele é do tipo: segurança em primeiro lugar. Mas hoje o vento estava tão forte que se não me segurasse forte em seu tronco, poderia sair voando.

— VOCÊ É LOUCO? NÓS VAMOS CAIR! - grito tentando fazê-lo ouvir. Suas curvas eram malucas, quase senti minha perna raspar no chão.

— ANNN? - berra em resposta, acelerando mais.

O vento que batia contra meu rosto era tão grosseiro, que não me deixava respirar direito. Com medo de sair voando da moto, agarro a cintura de Sano e aperto com força. Fecho os olhos e encosto em suas costas.

...

Chegamos em poucos minutos. Assim que paramos a moto, escutamos o barulho dos berros e da música alta. Não tinha fila, mas a porta de entrada era completamente fodida. Com certeza se eu a tocasse, a coitada se desfaria.

— SHIN! - gritaram pelo nome do moreno.

— [nome], você tá me sufocando, tipo muito. - murmurou ele com falta de ar. Solto o rapidamente e pulo para fora da moto.

— Bom, a culpa é sua.

— Não sabia que tinha uma namorada, aliás você tinha dito que iria vir. - o cara ignora completamente nossa conversa. E uma parte de sua frase, faz com que nós dois, Shinichiro e eu, retrucassemos em imediato.

— Nós não somos namorados! - falamos em coro, em seguida nos entreolhamos; eu sou a primeira a desviar o olhar, com vergonha.

— Houve um imprevisto, e depois um imprevisto, porém o importante é que estou aqui. Onde vocês colocaram as motos?

— Lá atrás. Vou avisar a todos que o chefe chegou. - antes que o homem pudesse sair correndo eufórico, Shinichiro o repreendeu.

— Não faça isso. — disse enquanto andava para um beco, e eu ia atrás. — Não fale a ninguém que estou aqui, mantenha em segredo. Vamos nome. - fomos para dentro do beco e no final, tinha várias motos enfileiradas.

— Aliás, se tentarem mexer com você só diz que veio acompanhada por mim. - dizia enquanto guardava a moto.

— Pensei que não quisesse que soubesse que estava aqui.

— Não quero, mas esses caras são um pé no saco. - Coloca a mão em meu ombro, arrastando-me para dentro do local, que tem um cheiro extremamente forte de maconha.

Só havia homens.

Eu olhava para o lado e havia homens, olhei para o outro e era a mesma coisa. Ninguém nota quando entramos na sala. Ou estavam muito chapados, ou interessados em uma briga que rolava.

— É isso, estamos em uma festa. - Shinichiro pronuncia com um sorriso sádico. — Eu lhe dei a oportunidade, use a bem. - cruzou os braços e ficou em minha frente.

— Não fode. - reviro os olhos. — Bom, estamos em uma festa, vamos beber.

Talvez essa tenha sido uma das piores sugestões que eu tenha dado essa noite.

Sempre que bebo acabo apagando, ou seja, não lembro de nada e nem de como sou bêbada. Por relatos, sei que começo a chorar, falar demais e fazer declarações de amor.

Não ia beber muito, apenas o suficiente para me soltar e conseguir dar em cima de Sano sem me conter.

— Você é que manda chefia. - dessa vez ele pega em minha mão, não em meu pulso e sim na minha mão. Meu coração bate tão forte, que mesmo ele poderia sentir.

— ... - fomos até a mesa, com várias garrafas de bebidas.

— Escolha, mas faça uma boa escolha. - sorriu divertido e olhou para mim. Shinichiro segurava dois copos de vidro, provavelmente um para mim e outro para ele.

Nem penso ao pegar a garrafa sem rótulo. Ele olha surpreso e afasta os copos assim que abro a garrafa.

— Garrafa sem rótulo é literalmente um pedido de morte. Sabe, não é? - dessa vez, era eu que sorria sádica, pensei em soltar um: "amarelando?", mas apenas meu olhar era suficiente para fazê-lo estender os copos.

Encho o primeiro copo até mais da metade, o segundo ele puxa um pouco antes de completar a metade.

— Alguém tem que levar nós dois para casa e aparentemente você quer apagar de vez. Só espero que não vomite em cima de mim.

Tampo a garrafa e a coloco em cima da mesa. Sem dar bola para o que ele diz, pego o copo quase cheio e dou um gole.

Aquela noite seria desastrosa.

𝐅𝐨𝐫𝐚 𝐝𝐞 𝐜𝐨𝐧𝐭𝐫𝐨𝐥𝐞, Sano ShinichiroOnde histórias criam vida. Descubra agora