1939.02.17

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Tae,

Esperei seu aniversário passar para não estragar o seu mês tão especial. Sei que não está conseguindo aproveitar tanto quanto gostaria, já que não estou aí. Mas, como discutimos que queremos saber tudo o que acontece de relevante enquanto estamos distantes um do outro, decidi te contar quando passasse o seu dia e as coisas acalmassem um pouco.

Há dois meses descobriram a foto que você me enviou. A que contém uma parte do seu rosto. Não se sinta mal, Tae, por favor, e não precisa se preocupar. Eu estou bem. Bom, vou ficar. Estou bem na medida do possível que é ficar bem neste inferno. Enfim, perdoe-me, amor. Voltando: descobriram a foto. E, na verdade, essa não foi a pior parte.

Acho que essa vai ser a pior carta que te escrevo até hoje. Estou te avisando de antemão para que se prepare. E se não quiser ler, sinta-se à vontade. Caso queira saber o que aconteceu, peça para alguém ler para você e te contar o que lhe escrevi — menos Jimin, amor, sinto que ele vai te preocupar mais ainda. Enfim, eu amo você, ok? Para sempre, não deixarei de te amar por nada.

Eu estava na tenda quando estava um pouco vazia. Ainda estão tomando conta dos judeus que aparecem nas redondezas e aproveitei para tomar meus minutos de descanso. Peguei a minha água, tirei a blusa de botão, sentei no colchão, vasculhei todas as minhas coisas, peguei a caixinha verde de cinzas e tirei de lá o papel dobrado. A sua fotografia. Tinha que ser escondida assim.

Namjoon entrou na tenda enquanto eu bebia e não pareceu perceber o que estava em minha outra mão. Acenei com a cabeça e continuamos o que estávamos fazendo. Do meu colo, espiei a sua foto. Sorri. Como eu sentia a sua falta... Estava perto do seu aniversário e eu só queria estar com você. Mas enquanto me perdia em meus pensamentos românticos, não percebi Mingyu se aproximar de mim e colocar a cabeça próxima da minha.

— Olha só... Sua namorada, Jeon? — prendi a respiração no mesmo instante. Dobrei a fotografia com uma mão só numa velocidade tão grande que fiquei com medo de que a estragasse. Encarei Mingyu que tentava sorrir simpatizante, mas havia se assustado com a minha reação, para ele, exagerada.

Mas o problema não foi Mingyu. Ele é inofensivo. O problema foi que ele falou alto até demais para quem estivesse ali dentro, próximo de nós, ouvisse. Pelo canto do olho, vi Namjoon nos olhar curioso, mas nada disse. Ele nunca diria nada, a não ser que eu dissesse primeiro. Por isso gosto tanto dele. A maioria desses homens acham que podem invadir a privacidade do outro quando bem entendem; e foi isso que aconteceu.

— Não acredito. — Kai disse se aproximando. Disse não, escrevi errado. Gritou. Para todos ouvirem. — Jeon finalmente mostrou a namorada? — me levantei às pressas do colchão a fim de sair correndo dali e daquele assunto.

Porém fui parado da minha fuga. Kai me puxou pelo braço e tentava pegar o papel em minha mão, o qual eu segurava como se dependesse disso para viver. Ele ria, falando que só queria ver como era a "minha namorada", e que não queria roubá-la de mim, apenas vê-la. Juro, Tae, a sua imagem em minha cabeça e ele falando tais coisas, eu só quis socá-lo até ele calar a boca para sempre.

— Vamos, Jeon, deixe-nos ver. — um disse enquanto também tentava pegar a fotografia. A esse ponto a raiva era evidente em meu olhar.

— Ah, nem dá para ver direito. — um outro disse.

— Mas da para ver que tem um belo olhar... — e mais outro disse.

— Por que escondeu isso de nós, Jeon? — Kai disse.

— Cala a porra da boca. — eu disse.

Tive que dizer. E eles riram. Tentei pegar a fotografia novamente, mas passavam de mão em mão, soltando elogios para a fotografia. Para você. Sem nem saberem quem você é.

Soldier Jeon | TAEKOOKOnde histórias criam vida. Descubra agora