Capítulo 03

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S/n havia se acostumado com o ambiente. Apesar de ter morado ali por quase toda a sua vida, ainda era diferente voltar para o lugar aonde todos os seus traumas foram feitos. O que era um saco, já que esse momento era para ser mágico, iguais aos filmes americanos, mas não estamos em um deles. S/n sempre se imaginou em cenários onde tudo era perfeito, onde ela poderia viver sua vida em paz, com a pessoa que ama, ou que amava. Faz tempo que ela não tem sentimentos amorosos por alguém.

Mas uma coisa boa nisso tudo era que Sadie deu seu número para a Wolfhard, você sabe, para conversarem. Mas não era como se a garota mais nova não tivesse salvo o telefone há três anos atrás, para casos de emergências, não é? Elas se falaram pelo celular quando a ruiva foi embora, antes disso S/n á levou para o quarto na qual agora dividia com Millie - sem segundas intenções -, e conversaram por algum tempo, que não ficou constrangedor depois do abraço.

Agora á ida ao hospital estava silenciosa. O rádio ligado baixo, sussurrando no ouvido dos três garotos. Millie também estava junto, por algum motivo, S/n pensava. Ela parecia meio nervosa, a Wolfhard notou, o que causou pequenas preocupações nela. Iria finalmente visitar o pai. Ela estava nervosa para reencontrá-lo novamente, fazia tempo que não via o homem, e agora seria pior na cama do hospital. S/n não sabia o que falaria para ele. Depois de todo o drama que aconteceu, ela não sabia se comunicar com ele sem lembrar de todas as coisas que aconteceram por todos aqueles anos depois da garota ter se assumido, ela nunca esqueceria aquele dia.

Parecia como se fosse ontem quando ela se levantou da cama disposta para contar a verdade aos pais, um pouco antes deles se divorciarem, ela sentou os dois a frente da mesa da cozinha e logo começou a sentir as lágrimas se formarem em seus olhos, mesmo não tendo dito nada. Sua mãe era presente, então já sabia o que estava acontecendo, mas ao ver - agora o ex-marido - ele surtando e quebrando alguns pratos presentes ali perto, ela ficou com medo, muito medo. S/n não culpava a mãe por não ter defendido a filha, porque sabia que ela se preocupava, não é atoa que a mais velha passou a noite inteira ao lado da mais nova.

- Vamos ver o Eric Wolfhard, meu... nosso pai. - se corrige, se direcionando a recepcionista, que não liga muito para a sua fala. Ela apenas digita algo em seu teclado barulhento e faz um sinal com as mãos, para os garotos continuarem.

- Ela não parece gostar muito de seu trabalho - Millie murmura para S/n, que deixa escapar um riso, logo Brown se juntando a ela, tentando animar a Wolfhard, mesmo que seja quase impossível, já que seu pai estava em uma cama de hospital.

O quarto de número "102" finalmente é o próximo. A porta que é um pouco branca de mais é vista por S/n, não causando sensações boas. Por alguma razão, seu coração batia mais rápido, e não era pelo seu reencontro com o pai, e sim, por algo a mais. Ela podia ver pela pequena janela algumas flores em cima da mesa a frente da cama do pai.

Finn entra primeiro, logo seguido pela irmã, que engole em seco ao ver a cena em sua frente. Seu pai deitado na maca, os braços ao lado de seu corpo, os olhos fixos no teto, sem mexer um músculo. S/n caminha em sua direção, o Wolfhard parecia não estar sabendo que a garota estava ali, ele parecia não ligar. Apenas quando ela para em seu lado ele vira os olhos em sua direção, mais escuros do que antes, mas sem mexer a cabeça. O mais velho não parece reconhecer ela, mas ainda mantinha os olhos fixos na filha.

- Pai...? - sussurra, ele não dizendo nada, mas continuava encarando-a om os olhos escuros. S/n olha para Finn, que tinha as pupilas direcionadas ao seus pés, Millie se escondia atrás dele. - Finn, o que aconteceu com ele? - a voz embriagada da garota é ouvida, fazendo o peito do irmão se apertar. Ele ainda não estava pronto para contar a garota. - Me fale.

- S/n...

- Finn - ela sentia as lágrimas se formarem em seus olhos, acumulando-se no canto dos mesmos. - O que ele tem?

- S/n, é meio delicado, ok? - ele se aproxima da garota, tentando acalmá-la.

- Me fala, porra! - ela já sentia as lágrimas pelo rosto, a visão embaçada e as mãos tremendo. S/n não sabia o que estava por vir, mas sabia que não era uma coisa boa.

- Ele... ele teve uma lesão cerebral. Eu não sabia como te falar e... tem outras coisas também.

O corpo da garota se enrigesse, o coração parecia ter parado de bater enquanto ficava paralisada no mesmo lugar. Ela para de escutar as desculpas esfarrapadas de Finn, fechando seus punhos agora ela tinha ódio e tristeza dentro de seu coração. Por que ele não contou à ela? Por que ele mentiu para ela? O mundo a sua volta parecia ter parado, os únicos sons que a garota ouvia era da máquina que ainda mantinha seu pai vivo, e que provavelmente seria desligada daqui a poucos dias.

S/n não sabia o que fazer. Não sabia se chorava, se gritava, se tentava escutar Finn de alguma maneira, mesmo seus ouvidos sendo tampados pelos pensamentos ruins, negativos. Ela olhava para baixo, a respiração desregulada, as lágrimas formando uma poça perto de seu sapato, as mãos tremendo, fechadas em punhos. A garota só sente algo quando percebe que a amiga envolveu seus braços no seu corpo, em um abraço aconchegante, que ela provavelmente nunca esqueceria.

Ela se permitiu chorar mais alto no ombro da Brown, que não aguentou escutar os resmungos da garota e se pôs a derramar lágrimas também. Era como se o mundo estivesse contra ela. Era como se todo aquele esforço para tentar esquecer sobre o pai tinha sido em vão. É claro que ela odiava tudo aquilo que ele tinha feito com ela, todos os traumas, todas as gritarias pelos corredores da casa, mas ela ainda era seu pai. E ela ainda amava ele, amava muito. Ela nunca esqueceria de quando era pequena e seu pai ficava ao seu lado o tempo inteiro, brincando de qualquer coisa que os dois vissem pela frente, naquela época S/n não sabia o que era sofrer e passar por tudo isso que aconteceu. Seu pai era seu super herói, era ele que a chamava para brincar de bonecas, de chá da tarde, de desenhar e pintar. Ela não sabia se seu pai ainda a amava, mas a garota ainda amava muito ele. Por algum motivo ela conseguia entender seu pai, ela sabia que o sonho dele era ser avô, e que depois de sua "revelação" a chance tinha caído, e ele não quis mudar seu pensamento, então achou melhor perder a filha.

S/n se solta dos braços da garota, deixando ela, o irmão e agora o pai para trás. Ela esbarra em alguns enfermeiros pelo corredor, que se preocuparam com o estado da mais nova, mas ela não ligava, continuava caminhando por algum lugar qualquer, até sentir pingos molhados caírem sobre seus cabelos. Sem se preocupar, ela ainda fazia seu caminho, tentando achar algum lugar para que possa se sentir acolhida, que possa chorar em paz sobre o pai. S/n para ao lembrar de uma pessoa, uma pessoa que sempre dizia que estava ali, estava ali por ela. A Wolfhard saca o telefone de seus bolsos, com as mãos ainda trêmulas, ela pesquisa o nome do contato que sabia que estaria ali caso acontecesse alguma emergência.

- Alô? - uma voz um pouco embargada é ouvida, parecia que havia acordado a pouco tempo.

- Sadie, é a S/n.

- Sadie, é a S/n

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001. demorei mas voltei!!

002. se tiver algum erro me avisem.

003. saiu a notícia que todo mundo queria KKKKKKKKKKKKKKKKK.

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