Capítulo 04

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Sem se preocupar, ela ainda fazia seu caminho, tentando achar algum lugar para que possa se sentir acolhida, que possa chorar em paz sobre o pai. S/n para ao lembrar de uma pessoa, uma pessoa que sempre dizia que estava ali, estava ali por ela. A Wolfhard saca o telefone de seus bolsos, com as mãos ainda trêmulas, ela pesquisa o nome do contato que sabia que estaria ali caso acontecesse alguma emergência.

- Alô? - uma voz um pouco embargada é ouvida, parecia que havia acordado a pouco tempo.

- Sadie, é a S/n - ela fala com a voz chorosa, sendo compatível para a ruiva do outro lado. A chuva que caia sobre o fundo deixava o cenário um pouco mais dramático do que já era.

- Ei, o que aconteceu? Você está na chuva? - Sadie realmente se preocupava. Não era algo comum ter S/n ligando para a mesma, chorando e no meio dos pingos de água que caiam do céu.

- Sadie, meu pai... - ela para ao sentir sua voz falhar se misturando com a água que caia tanto dos seus olhos quanto do céu agora nublado. Sadie sabia o que estava acontecendo. Em algum momento S/n saberia sobre o pai também, mas não desse jeito.

- Aonde você está? Eu estou indo aí, e saia da chuva, por favor! - Sadie pedia gentilmente, tentando acalmar a garota do outro lado da linha, que não sabia o que fazer. Apenas queria o conforto de alguém agora.

- Eu... eu acho que estou a três quarteirões do hospital. - com um pouco de dificuldade a mais nova responde, tentando se tranquilizar enquanto conversava com Sadie.

- Já sai de casa, estou indo o mais rápido possível. Não desliga. - poderia se ouvir as gotas fortes de água caírem pelo vidro do carro de Sadie, fazendo S/n se acalmar sabendo que ela estava vindo.

Não demorou muito para a ruiva achar a mais nova. Sentada embaixo da tenda de uma loja, congelando de frio, Sadie a abraçou e falou palavras de conforto para ela que consequentemente ainda mantinha lágrimas nos olhos e rosto avermelhado. Sadie aqueceu S/n em seus braços, que se apertava cada vez mais no mesmo. Ela não queria sair dali, Sink não queria sair dali. Aquilo estava tão confortável. Sentiu tanta saudade de tê-la ali em seus braços novamente, de poder lutar contra os sentimentos a flor da pele. S/n consegue finalmente relaxar por alguns momentos ali, nos braços da menina que já foi algo a mais para ela. Não era estranho estar ali novamente, era algo nostálgico. Algo que ela implorava todas as noites para ter novamente, mas não desse jeito. Não como um abraço por um motivo ruim, um motivo que fazia a mais nova desistir de tudo, e que talvez aquele abraço esteja fazendo ela não pensar sobre isso.

- Vamos sair dessa chuva, vou te levar para o meu apartamento.

[...]

No caminho, S/n fungava baixinho tentando disfarçar para que Sadie não escutasse, o que foi uma tarefa difícil e que obviamente não deu certo. Ela tremia tanto por conta da chuva e por conta de tudo que aconteceu. S/n tentava não pensar nisso mas era impossível, seu pai estava prestes a morrer e ela não poderia fazer nada sobre isso. Mas apesar de tudo, ela estava ao lado de alguém que estaria ali por ela depois do que aconteceu. Que não desistiria dela mesmo depois dela mesma ter feito isso.

Sadie já não morava no mesmo lugar que antes, era óbvio. Agora, ela era maior de idade e já tinha seu próprio apartamento, o que tranquilizava S/n, não queria ver a cara do pai da ruiva depois do último "encontro", não sabia o que ele pensava sobre ela. S/n se sentia culpada por tudo aquilo.

- É melhor você tomar um banho, essa chuva não vai te fazer bem - Sadie a ajuda se sentar na cama de casal, logo procurava alguma roupa para que S/n pudesse usar. - o banheiro é ali.

S/n se levanta com a cabeça para baixo, olhando para os pés, vergonha passando pelos seus olhos ao saber que estava "dando trabalho" para a garota que algum dia foi algo a mais para ela. A imagem no espelho era péssima. Os olhos inchados, o rosto vermelho. Não era algo bom de se ver. A água do chuveiro estava quente, quase queimando sua pele, mas fazendo ela parar de tremer por alguns minutos ali de baixo. Ela já não sabia mais o que era água ou o que era lágrimas. Não demorou muito para sair dali. Vestiu calça moletom e um suéter azul que tinha o cheiro do perfume de Sadie, fazendo S/n respirar um pouco mais forte para sentir o aroma do mesmo. Ela sentia as roupas ficarem um pouco molhadas pelo cabelo encharcado.

- Finn, ela está aqui comigo - ouviu Sadie falar no telefone através da porta de madeira do banheiro. - não se preocupe, eu vou cuidar dela. - S/n se arrepia ao escutar a voz rouca de Sadie pela última frase.

S/n abre a porta do banheiro, fazendo Sadie a olhar dos pés a cabeça, engolindo em seco.

- Vou desligar. Depois te mando mensagem. - ela quebra o contato visual, virando o rosto para a mesa de seu quarto, onde tinha algumas folhas e cadernos espalhados. - Eu, hum, fiz chocolate quente! - Sadie sorri, se aproximando com uma das canecas para S/n, que sorri de volta, tendo suas mãos aquecidas ao tocar o objeto quente. - Não sei se está bom, sabe que eu não sou muito boa na cozinha.

- Está ótimo! - a mais nova fala, sorrindo. Sadie se senta na beirada da cama, chamando a Wolfhard para o seu lado.

- Estava falando com o seu irmão - Sadie diz, com a voz pacífica, tentando passar conforto para a S/n. - ele está preocupado - A Wolfhard não responde, apenas mantendo seus olhos fixos na caneca quase vazia. - Você... quer conversar sobre o que aconteceu hoje?

S/n não sabia. Talvez ela apenas quisesse se confortar ao lado de Sadie, mas todos aqueles sentimentos dentro dela gritavam tão alto que quase rasgavam a sua pele, ela precisava desabafar e finalmente soltar tudo que estava dentro dela, mesmo que sejam coisas cruéis e difíceis de lidar. Suas mãos voltam a tremer com a caneca nas mesmas. Sadie percebe isso. Então, ela desliza seus dedos ao redor do braço da garota, alcançando a mão dela, sentindo a menina relaxar ao seu toque quente. Talvez a única pessoa que ela quisesse ao seu lado era Sadie. Talvez os sentimentos por ela nunca tenham ido embora.

- Eu... eu não sei.

- Ei relaxa, tudo bem? Você não precisa conversar comigo, não vou te obrigar a nada - Sadie tinha os olhos fixos no rosto da garota, que sentia as lágrimas voltarem para o canto dos olhos.

- Sadie, eu não sei o que eu faço - ela levanta o rosto, olhando agora para a ruiva, que já fazia o mesmo. - meu pai vai morrer e eu nem soube disso, não pude voltar para tentar resolver as coisas com ele para pelo menos vê-lo feliz comigo uma última vez. Agora ele vai morrer me odiando e eu vou viver com esse peso para sempre.

- S/n, ele não te odeia, pode ter certeza disso - a ruiva diz, fazendo a Wolfhard suspirar fundo. - sei que você não vai acreditar em mim, mas vou te contar uma coisa - Sadie se aproxima mais um pouco da garota, sentindo os seus joelhos se encostarem, e não separando as mãos. - quando eu soube que você estava indo embora por conta do seu pai, raiva subiu para a minha cabeça e eu não sei o que deu em mim. Eu fui em direção a sua casa para discutir com o seu pai, e quando eu cheguei lá, eu vi o arrependimento nos olhos dele. Eu vi que apesar de tudo o que aconteceu, ele ainda tinha orgulho de você, porque você é uma pessoa incrível, inteligente, engraçada, bonita... e eu tenho certeza que apesar de tudo ele te ama muito, muito mesmo. Sei que o tempo não deixou vocês dois se acertarem, mas saiba que no fundo, ele gostaria que você tivesse ficado.

A esse ponto S/n já não guardava mais as lágrimas para si mesma. A cada palavra que Sadie soltava era mais um aperto no peito dela.

- Obrigada, por tudo. - Sadie sorri. Avançando mais um pouco, agora abraçando a garota mais nova, deixando ela chorar em seus ombros novamente. Mais palavras de conforto saíam de sua boca, sentindo seu moletom ficar mais molhado ainda.

Sadie sabia que não era para ela estar sentindo o mesmo que três anos atrás. Que não era para esses sentimentos voltarem a tona agora. Mas ela não poderia controlar isso. E principalmente, não poderia controlar o coração.

 E principalmente, não poderia controlar o coração

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001. Não revisado.

002. Espero que gostem, e se preparem para o próximo capítulo hein.

text, sadie sinkOnde histórias criam vida. Descubra agora