Capítulo 31

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Dizem que o trem do amor passa uma vez, para mim passou três, e só nas últimas paradas eu consegui pegá-lo, porém foi com dúvidas se deveria entrar ou não, e com culpa, pois deixaria outros trens a minha espera.

Acho que o problema nunca foi minha intensidade de amar, pelo contrário, foi a minha forma de amar, nunca consegui pilotar meu próprio avião, e sempre servi de porta giratória, esperando que em algum momento ela para-se de girar.

Depositei muitos sentimentos ( todos correspondidos), entretanto sempre corri para pegá-los em outra estação, apesar de não querer, vinheram até mim, e sem perceber, ou sem entender, eu já estava amando.

Ao decorrer do tempo, entendi que qualquer pessoa pode te dá flores, mas é muito difícil encontrar pessoas que as façam florescer, e surpreendentemente eu as encontrei.

Já fazia três dias...E não foi tempo suficiente para eu me decidir, talvez eu já soubesse com quem eu queria ficar, só não queria falar em voz alta, com medo de magoá-las.

No dia anterior Jennie veio dizer-me que recebeu uma proposta de trabalho no Reino Unido, e que queria que eu fosse com ela, é uma fita repetida, entretanto ela deu problema no meio, e agora não sei nem o fim.

Olho para cima da cama, intercalando o olhar entre minhas mala e umas polaroids jogadas em cima dos lençóis, eram as fotos que Lisa tirou de mim na praia e ao lado tinha um papel escrito:

" Se não poder ficar comigo, então leve pelo menos nossas lembranças "

Quando foi que amar alguém ficou tão difícil?.

Nas fotos era possível ver o brilho do seu olhar enquanto estava comigo, e saber que eu poderia estragar esse brilho em um segundo, apertava meu coração como um nó.

Analisando o quarto, noto que bem perto a janela tinha um quadro(meu por sinal) e eu estava nua. Recapitulei rapidamente memórias desse dia, e uma lágrima escorreu pelo meu rosto, da qual lutei para segurar, mesmo de longe, consegui ler um papel que estava grudado na tela:

"Das mais belas Artes já retratadas, a minha preferida é o seu corpo"

Andei até o quadro, pegando-o em mãos, e me pergunto se ele conseguiria caber na mala, mas de todo custo eu o levaria. Uma lágrima desceu pelas minhas bochechas, pingando na tela, sorte da tinta já está seca, caso contrário teria danificado a obra.

Busquei conforto naquele quadro, colocando-o dentro da mala, em um tamanho perfeito para caber. Observei a mesa de canto, e em cima havia uma Rosa Juliet, uma flor tão rara de se encontrar, e se lembro bem a primeira vez que Jennie me deu, não precisou medir esforços para encontrá-la.

Pego em seu pedúnculo, tocando delicadamente nas pétalas, cheirando todo o frescor daquela flor, olhando em volta, deparo-me com um cartão, escrito:

"E cá estou sem ti, Rosé. Será que sabe que meu coração é seu? "

Uma frase usada em Romeu e Julieta, e que agora examinando a flor em minha mão, percebo todo o sentido que tem.

Mais lágrimas caíam com veemência, e lamentei internamente por toda essa situação, meu rosto estava sem expressão e minhas mãos geladas, com meus lábios tremendo, soluçei conforme o choro, que descia como rio, traçando seus caminhos.

Desde o dia que começei amá-las tenho morrido muitas vezes, sempre carregando uma culpa, uma angústia, que parece que nunca vai acabar, entre tantos problemas, aprendi a dançar conforme o caos.

-Precisa de ajuda para arrumar as malas? -Uma voz ecoa da porta, e saio das minhas concepções, olhando para onde vinha aquela voz, encontro Jihyo, com um sorriso doce no rosto, no qual o devolvo na mesma intensidade em meio a lágrimas.

Jihyo observou todas as direções que não fosse a mim, e antes que meu corpo perde-se a força, correu a meu apelo, mantendo meu corpo em pé. Passou as mãos pelos meu cabelos, enquanto eu molhava completamente sua blusa regata.

-Pasta..... -Sua voz saiu mansa, mas com aquele apelido, captei o seu apoio.

-É tão difícil para mim, Unnie - Declarei em meio aos soluços.

Nas minhas férias tudo que escutei foram.

"Eu amo você".

"Quero que venha comigo"

Frases que causavam perseguição, e pertubavam minha cabeça, e eu questionava se faria a escolha certa ou não.

-Tenho medo de escolher, e acabar machucando elas.

-De qualquer maneira vai haver feridos, não existe uma batalha sem pessoas que não saírão feridas, no fundo você já escolheu a pessoa, só tem medo de dizer, não é? - Concordei com a cabeça, usando a manga do meu blusão para secar meus olhos.

Andejei até minha mala, fechando-a com a ajuda de Jihyo. Na porta do quarto olhei para trás, pensando nos bons momentos que vivi com Jennie alí, e que agora seria a hora da minha escolha, independentemente se eu fosse machucar alguém ou não, era o certo a se fazer.

Desci as escadas, com Jihyo a todo momento acariciando minhas costas por cima do tecido de algodão, quando já estávamos fora da residência, minhas órbitas passavam por toda casa, pensando em todos os momentos que elas me proporcionaram.

Quando constatei, todas já estavam próximas aos veículos, Jihyo se separou de mim para se despedir de Nayeon, e foi aí que estava sozinha, reparando a todos os arredores.

Vi Lisa próxima a sua moto, com os olhos marejados, e conclui que a causa dela está assim é minha, acheguei mais perto, e seus olhos estavam vermelhos e ela fungava baixinho, querendo que ninguém a escuta-se.

-Lisa - A chamei, e todo seu rosto se iluminou, uma pena que eu teria que apagar aquele brilho.

Mil E Umas Loucuras Para Cometer Com, Roseanne Park (Chaennie+Chaesoo+Chaelisa)Onde histórias criam vida. Descubra agora