Capítulo 3 - Te amando em outras vidas

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Quando o sol nascia, o mar parecia ganhar um brilho todo especial, seus raios luminosos refletindo nas ondas que se vinham quebrar na praia

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Quando o sol nascia, o mar parecia ganhar um brilho todo especial, seus raios luminosos refletindo nas ondas que se vinham quebrar na praia. Era um espetáculo de rara beleza naquele lugar abençoado por Deus.

Alba, quando trabalhava na cidade, nunca havia gostado das manhãs. Levantava-se correndo, tomava seu café voando e saía de casa apressadamente para não perder o ônibus. Então, chegava a hora de descer e ela atravessava ruas de tráfego intenso, respirando o ar poluído, morrendo de medo de ser atropelada ou assaltada. Era um alívio na hora em que entrava no prédio do escritório.

Mas aqui, à beira do oceano, o ar era como um vinho que lhe subia à cabeça, proporcionando-lhe um sono delicioso e reconfortador. O ruído das gaivotas lá fora servia-lhe de despertador e ela abria os olhos bem-humorada, pronta para mais um dia de trabalho. Costumava almoçar e jantar com a babá Sara Carter, mas preferia tomar o café da manhã no terraço. Como não queria dar trabalho aos empregados, fazia questão de ir à cozinha pegar sua bandeja pessoalmente, com um certo sentimento de luxúria, comia seus ovos com bacon e torradas e bebia o café fresquinho, enquanto ouvia o doce ruído do mar.

Embora não houvesse necessidade de trabalhar aos domingos, Alba resolveu ir ao escritório e adiantar um pouco a digitação. Pelo menos, isso ajudaria a passar o dia e, o que era mais importante, evitaria os esbarrões com os amigos de Zandra pelos corredores da casa. Muitos deles estavam hospedados pela propriedade e ela ouvira um dos rapazes passar pelo escritório noites atrás e referir-se a ela como "o lanchinho que batucava um teclado sem parar na sala mal-assombrada". Alba ficara um tanto ofendida por ter sido chamada de lanchinho e preferia manter distância do tal ator.

Ele era Shawn Diamonds, que havia estrelado um seriado de televisão sobre uma academia de danças de Los Angeles que, durante a época da guerra, fora um local de encontros para os soldados e suas namoradas. Na verdade era um cabaré no estilo francês, onde o mesmo usava as pobres garotas para enriquecer. Alba gostara muito da série, não apenas pela história em si, mas porque ela havia focalizado um aspecto da vida pouco abordado. Havia um soldado que lutara na Coréia quando era moço e os ferimentos que ali recebera aos poucos destruíram sua saúde e precipitaram sua morte. Sem saber esse soldado havia deixado apra trás o seu grande amor e o seu fruto, que anos depois se tornaria um soldado como o pai. Uma linda história de amor, trágica, mas linda afinal.

Outro jovem ator o qual Alba não se recordava o nome fizera o papel de um jovem soldado e, apesar dela ter apreciado muito sua atuação, o que marcou a série foi o vilão interpretado por Shawn Diamonds, ela agora percebia que ele não passava de um americano sem classe, que gostava de se divertir à custa das pessoas.

Parecia ser amigo íntimo de Zandra Saramago, e Alba podia apostar que ela era o tipo de mulher que exigia ser o centro das atenções onde quer que estivesse. Os dois deviam formar um par perfeito e, do terraço, Alba já os havia visto juntos muitas vezes praticando esqui aquático, ou subindo na lancha que os levava ao enorme iate ancorado ali perto. A relação de ambos não parecia ser apenas de colegas de trabalho, pois Alba notará comportamentos estranhos entre os dois.

Antes de começar seu trabalho, Alba foi até o berçário dar bom-dia à babá Sara e brincar um pouco com o pequeno Javier que, esta manhã, tinha um brinquedo novo para mostrar: um coelho com pernas moles e enormes orelhas.

Ele estendeu o brinquedo a Alba, seus olhinhos azuis brilhando de felicidade.

— Drin... — Anunciou o bebê, o nome que dava a todos os seus bonecos, inclusive ao ursinho de pelúcia com uma grande barriga marrom.

— Que lindo! — Disse Alba sorrindo. — Foi seu tio que lhe deu de presente?

A babá Sara aproximou-se, segurando a tigela de cereais com leite para a criança.

— Ah, então você já ficou sabendo da chegada do tio de Javier... Ninguém tinha ideia de que ele fosse aparecer. Surgiu de repente, sem avisar, lindíssimo, e deu uma passada por aqui ontem à noite para dar uma olhada no sobrinho. Ele é tão diferente do senhor Diogo e da senhorita Zandra fisicamente, que é difícil imaginar que seja meio-irmão dos dois... Além disso, quando ele está aqui nunca deixou de vir aqui brincar com Javier, todos esses brinquedos foram ele que comprou.

Alba limitou-se a sorrir e não mencionou seu estranho encontro no dia anterior.

— É uma pena que não tenha sido o Don Adrian a ser pai desse garoto! — Continuou a babá, enfiando uma colher de cereais na boca do menino. — Só Deus sabe quando é que o senhor Diogo vai aparecer por aqui... Às vezes, eu acho que ele fez uma bobagem e foi se juntar à pobre esposa...

— Não diga uma coisa dessas! — Exclamou Alba. — Que horror!

— Você não o viu no dia em que ele atirou as cinzas dela lá do alto do penhasco, minha jovem. O homem estava transtornado! Deixou a propriedade uma hora depois, a toda velocidade numa lancha a motor, como se estivesse possuído pelos próprios demônios. Você nem imagina o escândalo! A Condessa ficou histérica e nem o senhor Adrian conseguiu acalmá-la. A senhorita Zandra foi outra que teve ataques de nervos e, mesmo assim, bateu o pé, dizendo que queria cavalgar. Imagine só se o estado dela era apropriado para isso! Pois bem, ela foi até os estábulos, montou a égua Ventania e saiu por aí a todo galope. Resultado: a égua tropeçou e quebrou a perna. Você devia ter ouvido a linguagem que o senhor Saramago usou, quando ficou sabendo do acontecido! Ele teve que sair com um revólver na mão e fez o que tinha para fazer. Ao voltar para casa, até os candelabros tremeram no teto, quando ele disse às duas mulheres o que pensava delas! Foi um dia estressante e assustador! Don Saramago disse e gritou por horas.

Alba podia imaginar a cena. Adrian devia ser mesmo violento, quando perdia a calma.

— Só uma coisa eu não entendo, Sara. — Disse ela. — Por que foi que a família ficou tão aborrecida, já que ninguém gostava de Carmem?

— Talvez o pessoal estivesse se sentindo meio culpado. — A babá enxugou o queixo do bebê com a ponta de uma toalha. — Todos nós sentimos uma ponta de culpa quando perdemos alguém que amamos, então imagine o que mãe e filha sentiram quando o senhor Diogo foi embora, como se não suportasse mais vê-las na sua frente... Pra dizer a verdade, ele culpou as duas pelo ocorrido. Lembro da briga que houve, mas todos sabem que foi um terrível acidente. Mas o pior foi os comentários que envolveram a Senhora Carmem, sabe — Ela abaixo a voz e olhou em volta com receio que alguém pudesse ouvir. — Os empregados e muitos convidados afirmaram que a senhora Carmem cometeu suícidio por que ela amava outro homem, mas ele não aceito ser o amante dela. Dizem também que ela só se casou com o sennhor Diogo para provocar o ciúme dele.

Alba acariciou a bochecha do bebê.

— Pobre Javier... diogo não deveria ter abandonado seu filho.

— Não há explicação para certas atitudes de um homem, quando ele está em estado de choque... Sabe de uma coisa, Alba? Já vivi o suficiente para aprender que o ser humano é a criatura mais estranha que Deus colocou sobre a face da Terra... Mas vou ser sincera, o senhor Diogo nunca foi muito apegado ao filho mesmo. Eram raras as visitas dele ao filho, se não fosse o Don Adrian, Javier seria completamente ignorado. Tudo por culpa dos malditos comentários.

— Que comentários?

— Que Javier não é filho do senhor Diogo!...

1335 Palavras

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