Capítulo 1.2 - O amor sobrevive a tudo

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À Noite, seu sono era embalado pelo ruído das ondas quebrando na praia e ela passou a amar os gritos estranhos e sinistros das gaivotas, que vinham pousar na areia no fim da tarde

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À Noite, seu sono era embalado pelo ruído das ondas quebrando na praia e ela passou a amar os gritos estranhos e sinistros das gaivotas, que vinham pousar na areia no fim da tarde. Era como se os gritos das aves fossem um lamento pela jovem infortunada que se afogara naquelas águas. Os convidados que estiveram a bordo do iate na noite da tragédia fizeram de tudo para localizar Carmem e, finalmente, seu corpo sem vida fora achado perto da praia no dia seguinte. A autópsia, que revelara ferimentos na cabeça da vítima e a presença de álcool em sua corrente sanguínea, só confirmava a hipótese de que ela batera o crânio na proa do barco, antes de se afogar.

Mesmo assim surgiram fofocas sobre um possível amante, algumas traições e outras tantas que balaram o escritor Diogo Saramago ao ponto de fazê-lo sumir no mundo. Pobre Diogo Saramago. Com certeza o ruído das ondas iria sempre lembrá-lo da trágica perda. Apenas dois anos de casado e, agora, carregava consigo o pesado fardo da viuvez.

O jovem escritor nem conseguiu cuidar di próprio filho tamanho foi a dor da perda.

Passou-se uma semana antes que Alba recebesse um convite da Condessa Helena Saramago para tomar chá no salão nobre da mansão. Na verdade, o tal convite teve mais aparência de uma convocação, mas ela já estava esperando alguma coisa nesse sentido. Assim que chegara na propriedade, fora informada de que a Condessa Helena estava de cama, recuperando-se de uma gripe fortíssima e, até agora, as duas ainda não se haviam encontrado.

E, então, chegara a tão esperada hora do confronto. A babá Sara Carter havia lhe dito que, após a saída da assistente regular de Diogo Saramago, duas garotas haviam passado pela propriedade para substituí-la, mas nenhuma delas fora aprovada pela severa matriarca. Alba já sabia que a antiquada Condessa era uma mulher difícil e exigente e, se quisesse agradá-la, deveria mostrar-se recatada e educada.

— Mas não deixarei que ela me intimide!... — Disse Alba à babá Sara. — Estou aqui para trabalhar como assistente pessoal e não para ser um simples capacho!

A babá começou a rir e examinou-a de cima a baixo.

— A Condessa vai aprová-la, eu tenho certeza. Há alguma coisa de diferente em você, um ar de classe que as outras garotas não tinham... Ela vai perceber, pode escrever o que eu digo...

O salão nobre da propriedade era imenso, com suas janelas enormes que davam para um lindo jardim repleto de diversas flores e roseiras vermelhas. No centro, havia uma mesa imponente de madeira maciça, em cuja cabeceira sentava-se a Condessa Helena Saramago.

— Entre e sente-se, senhorita Perez.

Um par de olhos vivos e atentos estudou Alba, enquanto ela atravessava a sala e se sentava. A mulher apesar da idade era de uma beleza impar e seus olhos aguçados buscavam descobrir as reias intenções de Alba.

A Condessa como se estivesse hipnotizada, observada cada movimento que Alba fazia, o que era bastante estranho.

— Você ainda não conhece minha filha Zandra, não é? Ou será que já a encontrou por aí, andando pelos corredores? Zandra está sempre de um lado para outro, de preferência com um texto na mão... para ela decorar as falas de seus personagens é na verdade um prazer!

Intenções Perigosas - Série Pecados Capitais - LIvro IOnde histórias criam vida. Descubra agora