Intenções Perigosas - Série Pecados Capitais - LIvro I

Capítulo 11

A lancha, habilmente dirigida por Tim, cortava as águas do mar um pouco revolto por causa a recente tempestade, aproximando-se da ilha.

Ao avistar a propriedade em cima de um penhasco, Alba sentiu um angustiante arrepio na espinha. Dentro de quinze minutos, estaria entrando de novo na casa da qual, há apenas um dia, saíra furtivamente, com a mala na mão.

Percebeu que estava sendo observada e virou-se para Diogo Saramago. Lá estava ele, segurando uma caixa enorme no colo, com um sorriso nos lábios. Ontem, debaixo da tempestade, eles haviam saído para comprar brinquedos e, ao voltarem ao hotel, estavam exaustos e encharcados, mas felizes.

Alba sorriu.

— Javier vai adorar o leão!

Era um bicho enorme de pelúcia, com rodinhas nas patas, de modo que o bebê podia montar nas suas costas. No instante em que o viram na loja, eles acharam que aquele era o presente ideal. Mas Diogo não se contentou só com o bicho de pelúcia e acabara comprando soldadinhos de chumbo, carros e tratores em miniatura, um urso com orelhas enormes e brinquedos mecânicos, como um burro que dava coices no ar. Peças multicoloridas de montar, uma bola de futebol e outros brinquedos feitos de madeira.

— Mal posso esperar para vê-lo. — Os olhos de Diogo brilhavam de emoção. —

Ele deve ter crescido bastante... Será que já me esqueceu?

— Vamos saber logo. Já estamos quase chegando!

Eles aproximavam-se cada vez mais da praia, e Tim diminuiu a marcha da lancha.

— Está em casa novamente, senhor Diogo. — Disse ele, um pouco hesitante.

— É... Mal posso acreditar que tenha voltado! — Diogo respirou profundamente o ar fresco que, depois de um dia de tempestade, parecia carregado de ozônio.

— Senhor Diogo... — Tim o olhou com uma expressão tão cheia de agonia, que era como se estivesse arrancando um dente sem anestesia. — Eu não quis falar antes, mas...

— Mas o quê, homem? Fale logo!

— Foi a tempestade. — Tim olhou para Alba, depois para Diogo de novo e era evidente que ia trazer uma má notícia.

— Um raio atingiu a ala oeste e causou muito dano, senhor Diogo. Todos os terraços daquele lado foram destruídos e as paredes e os tetos das salas despencaram. Eu... eu tive que chamar o médico, porque a babá Sara Carter e o bebê foram feridos.

— Feridos? — Diogo sacudiu o braço do barqueiro com força. — Meu Deus, por que você não me contou antes? O que aconteceu a Javier?

— O bebê está bem, fora um ou dois arranhões. Ele foi achado debaixo do bercinho e estava um pouco tonto, mas não há nada com que se preocupar. Agora, a pobre da babá Sara é que se deu mal. Uma telha caiu na sua cabeça e ela ficou inconsciente, Se não fosse pelo Don Adrian os dois teriam morrido. Ele passou toda a madrugada escavando até os encontrar.