Um dia depois, uma equipe de trabalhadores do continente enviados por ordem de Adrian Saramago chegou a ilha para reparar os danos. Jogaram os cascalhos e as pedras no mar e, quando partiram, o único sinal visível da tragédia era a parede branca onde outrora foram os terraços.
Alba passava quase que o tempo todo trabalhando no escritório, de modo que mal sabia o que se passava pelo resto da casa. Porém, um fato não lhe passou despercebido: a chegada de duas hóspedes, na semana seguinte.
Os planos da Condessa Helena Saramago eram cristalinos como as águas do mar. Seu filho Diogo voltara para casa e aquela era a melhor hora para lhe arrumar uma nova esposa. Por isso, convidara Paula OLiveira e sua mãe para passarem uns dias na ilha, já que a irmã caçula estava agora estudando nos Estados Unidos. Acompanhadas de uma legião de empregadas e um cachorrinho poodle, enjoado e que não parava de latir um minuto se quer de tanto que era mal-criado e mimado por suas donas acomodaram-se na propriedade Saramago.
Alba estabelecera de volta sua rotina de trabalho, mas sentia muita falta das visitas ao berçário e da companhia da babá Sara Carter às refeições.
A babá ainda se recuperava dos ferimentos e, deixando a Condessa Helena Saramago encarregada dos cuidados com o neto, Alba só o via quando Diogo o levava ao escritório. Ele crescia a olhos vistos e ficava mais ligado ao pai a cada dia que passava. Para ela, isso era uma fonte de imenso prazer. Do mesmo modo que era um grande pesar saber que Adrian estava ali, debaixo daquele teto, sem se decidir a voltar à Espanha.
Às vezes, sozinha em seu quarto à noite, ela escovava vigorosamente os cabelos, na tentativa de tirá-lo da cabeça. Mas, com as janelas abertas, acabava sempre ouvindo o som de músicas e risadas, percebendo que nos salões da mansão os Saramago estavam divertindo Paula e sua mãe.
Recostada no parapeito da janela, com o ar fresco da noite a lhe bater no rosto, Alba tentou imaginar como seria ser uma mulher rica, com tempo e dinheiro de sobra para aproveitar os prazeres da vida, sem ter que se preocupar em trabalhar duro para poder sobreviver. Uma mulher assim seria o par ideal para um dos irmãos Saramago. Não ela, que não passava de um lanchinho rápido como dizia Shawn, que ficava trancada no escritório, digitando o dia inteiro sobre um laptop.
Ao ouvir o som da música, Alba não pôde deixar de lembrar-se da noite em que dançara com Adrian, seguindo seus passos com tanta facilidade, como se uma espécie de mágica a conduzisse através da música. Lembrou-se da força daquele corpo másculo e cobriu seu rosto corado com as mãos. Era inútil negar o poder que ele exercia sobre ela. Era um encanto, um feitiço que só seria quebrado no momento em que se separassem para sempre.
Alba então começou a torcer para que ele fosse embora da ilha e, a cada novo dia, temia dar de cara com sua figura gigantesca pelos corredores.
O trabalho era sua distração e ela digitava com vontade o dia todo, só parando quando a empregada chegava com a bandeja do lanche. Então, inevitavelmente, lembrava-se da primeira vez em que Adrian lhe mandara um copo de vinho e biscoitos de chocolate suíços.
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Intenções Perigosas - Série Pecados Capitais - LIvro I
RomanceA Série Pecados Capitais, romances... Apesar de fazer parte de uma série, sua história é individual... Instigante, misteriosos obstinados e ambiciosos, realmente são os melhores no que fazem. INTENÇÕES PERIGOSAS - Série Pecados Capitais - Livro I Co...