Capítulo 37

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Maiara’s POV


Em duas horas, estaria casada.
O coquetel tinha sido ótimo, mas era hora.

Maiara escolhera um vestido branco cintilante, decotado na frente e nas costas.
Era um pouco ousado demais para o seu gosto, e foi exatamente por isso que o tinha escolhido.

Ele a fazia se sentir audaciosa e linda. Além disso, ela dera um duro danado naquela série de exercícios idiotas para o casamento, então merecia usar um vestido sexy.

Tiras finas com apliques de pedras envolviam seu pescoço, descendo pelas costas até o vestido.
Ele era acinturado, abrindo-se em camadas macias de chiffon a partir do quadril.
Sua parte favorita era a camada de renda coberta de cristais, que ia dos seios até a barra do vestido.

Ela se virou e sorriu para o espelho.
A cauda de um metro estava acomodada ao seu redor.

Maiara suspirou.
Estava perfeita.
Se era assim, por que ainda estava nervosa?

Cerrou os punhos ao lado do vestido.
Então se lembrou de que aquilo o deixaria amassado, e soltou os dedos e começou a andar de um lado para outro em frente ao espelho.

— Nervosa, querida? — perguntou uma voz feminina e suave.

Maiara olhou para a frente.
Petunia estava parada à porta, esfregando as mãos.

— Hã, um pouquinho — admitiu Maiara.

Petunia assentiu.

— Consigo entender. Afinal de contas, é natural se preocupar com o que acontece na noite de núpcias.

— Ah... — Ela engoliu em seco. — Não é...

— Ah, eu sei. Conversa sobre esse assunto é algo muito frágil. E não sou a melhor pessoa para conversar sobre isso. Eu provavelmente levaria um taco de beisebol, ou algum outro objeto, para me defender, caso ele começasse a ficar atrevido demais. Dê-lhe umas belas porradas, isso vai ensinar a ele uma lição.

— Um taco? — Maiara apertou os lábios. — Acho que não será necessário e não estou nervosa com a noite de núpcias.

— Ah. — Petunia calou a noiva com um gesto, rindo. — Não tem problema estar nervosa, querida. Vou dizer uma coisa: basta chamar a tia Petunia aqui, caso meu sobrinho fique muito... — Ela corou e desviou os olhos. — Ah, você sabe. Se ele, se ele... — Ela apertou as mãos. — Se ele a machucar, só diga que não.

— Acho que Gustavo não me machucaria — respondeu Maiara, com a voz calma, embora estivesse tentando não cair na gargalhada. — Afinal, ele é um cavalheiro.

— Ah, ele é um cavalheiro na cama. — Petunia assentiu. — E como é que você sabe disso?

Maiara torceu para não parecer culpada.
Petunia arregalou os olhos.
Então vovó entrou.

— Petunia! Você não devia estar aqui.

— Estava dando conselhos preciosos.

— Sobre como continuar virgem, sem dúvida. — Vovó bufou. — Vá se arrumar para o casamento.

— Eu me recuso. — Petunia ergueu a cabeça. — Você já sabe a minha opinião a respeito de cores fortes.

Vovó fechou os olhos por um momento e apertou o ponto entre eles.
Quando os abriu outra vez, até mesmo Maiara recuou um passo.

— Você vai usar aquela droga de vestido e vai fazer isso sorrindo. Agora, vá se arrumar, ou... que Deus me perdoe!... vou drogar cada um dos seus gatos!

Petunia engasgou.

— Você não faria isso!

— Diga, como vai Garfield? Ora, ora, ele já está ficando velho! Seria uma pena se caísse das escadas ou se acidentalmente comesse algo que não devia.

Bufando e batendo os pés, Petunia saiu do quarto.

Vovó fechou a porta atrás dela e bateu as mãos como se tirasse alguma poeira.
Enquanto ajeitava o blazer dourado, olhou para a noiva.

— Minha querida, qual o problema?

As lágrimas que Maiara estivera segurando começaram a cair.
Ela se jogou nos braços de vovó, dando soluços suaves.

— Ah, minha querida, não chore! Vovó está aqui, estou aqui com você. É perfeitamente normal estar com medo. Bem, os homens podem ser uns monstros terríveis! Fazem sons que nenhum ser humano devia fazer em público, se acham mais engraçados do que tudo e não entendem o conceito de lavar a louça...

Maiara começou a soluçar.

— Ah, minha querida, mas são maravilhosos! Foram feitos para nós, sabia? Foram feitos para serem fortes no que somos fracas, capazes do que não somos, e para partilhar uma união tão mágica que você vai até se esquecer de como era antes de colocar o anel no dedo. Querida — vovó a fez se afastar e lhe entregou um lenço de papel —, o amor é mágico. E você, minha linda, está tão apaixonada! Dá para ver em cada gesto, em cada  suspiro que você dá.

Maiara limpou os olhos e controlou a respiração.

— Não é ele. — A noiva sacudiu a cabeça. — Gustavo é maravilhoso. E é incrível. Não é ele. Sou eu.

Vovó estava quieta, dando tapinhas nas mãos de Maiara.

— Eu o amo tanto. Só queria que...

— O quê? — perguntou a velha senhora.

— Eu queria — os lábios de Maiara tremiam — que meu pai estivesse aqui, que ele me levasse até o altar. Que minha mãe estivesse sentada na primeira fileira, sorrindo. Não sei... Só queria que eles pudessem me ver.

— Ah. — Vovó a puxou para um abraço. — Mas eles podem, querida! Eles podem vê-la! Eu não disse que o amor é mágico? Bem, imagino que o amor que você e Gustavo sentem um pelo outro tenha sido criado por Deus. E, se Deus está olhando por vocês, como é que isso não teria chamado a atenção dos seus pais? Tenho certeza de que eles estarão sentados na primeira fila, hoje à noite. O amor brilha bem forte. É como uma estrela no céu: é impossível não notar. É como o sol: é impossível não sentir. É como respirar, o que não se pode deixar de fazer. Ah, minha querida! O menor dos seus problemas é desejar que seus pais soubessem exatamente como será seu casamento, porque eles estão bem aqui. — Vovó tocou o peito de Maiara. — E também estão aqui. — Ela pegou uma pequena caixa na bolsa e a colocou nas mãos da noiva. — Vá em frente, abra.

Tremendo, Maiara abriu a caixa. Lá dentro, havia uma longa corrente de prata com um pingente oval. Com um puxão leve, o pingente se abriu e revelou uma foto dos pais de Maiara.

— É a coisa velha para você usar no casamento — sussurrou vovó. — Está na minha família há muito tempo. Era da minha mãe, e da mãe dela, antes disso. — Vovó pegou o colar das mãos de Maiara e abriu o fecho. — Quando ficar com medo, lembre-se de que seus pais nunca estarão longe... — Ela prendeu o colar no pescoço de Maiara, e o pingente caiu bem entre seus seios. — Eles estão no seu coração.

Soluçando, Maiara jogou os braços ao redor do pescoço de vovó e a abraçou com força. Nunca tinha esperado por algo assim. Era perfeito, e, de repente, parecia que um peso tinha saído de seus ombros.
Ela se sentia viva outra vez, animada, pronta — e cansada de ser apenas Maiara.
Estava pronta para ser Maiara esposa de Gustavo.

— Eu te amo, vovó.

— Eu também te amo, querida. — Vovó suspirou. — Agora, vá retocar a maquiagem. Não queremos que pareça que você andou chorando.

Maiara deu um beijo na bochecha da senhora e se levantou.

— Acho que um batom rosa vai ficar legal.

— Esta é a minha garota. — Vovó abriu a bolsa e pegou um batom. — Use-o com sabedoria. Me disseram que lábios cor-de-rosa também têm poderes mágicos.

— Ah, é? Quem disse?

— Bem, seu avô, que Deus o tenha, amava rosa. — Vovó se levantou e saiu do quarto.

— Que Deus a abençoe — comentou Maiara, em voz alta. — E a mantenha viva para sempre... Sei que a quer, Senhor, mas não pode levá-la ainda.


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🔻 Maratona cap 7 🔺️

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