Capítulo 24

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Danilo’s POV


Danilo daria a eles exatos cinco minutos a sós antes de entrar correndo na adega.
Estava prestes a se oferecer para acompanhar Maraisa quando Jace se levantou, do outro lado da mesa, trocou um olhar estranho com vovó e depois saiu.

Estreitando os olhos, Danilo tomou um gole de vinho e ficou encarando a porta, esperando que os dois voltassem.

Olhou o relógio de pulso.
Mas que droga!
Haviam se passado apenas trinta segundos!

— Ora, ora. — Vovó puxou uma cadeira e se sentou ao lado dele. — Nunca pensei que veria este dia.

— Oi? — Nossa, como ele estava sendo ridículo!

— Você escolheu bem. — Vovó suspirou. — Eu mesma a teria escolhido se tivesse como opinar. Mas meus dias de cupido terminaram, como você já sabe.

— Sei. — Danilo umedeceu os lábios e olhou o relógio outra vez.

Um minuto e meio. Que inferno!

— ... então, só preciso que você assine aqui. — Ela enfiou uma caneta na mão do neto. Ele mal olhou para o papel, assinando onde vovó apontava, e então devolveu a caneta. — Três minutos, Danilo. Só se passaram três minutos. Não dá para acontecer muita coisa em três minutos. Bem, exceto... — Vovó deu uma risadinha. — Uma vez, seu avô e eu tínhamos só cinco minutos, e você não iria acreditar no que...

Danilo se levantou em um pulo e saiu correndo na direção da casa.

...

Maraisa’s POV


Parecia que a adega dos Gentili tinha saído das páginas de uma revista.
Em uma das paredes, havia um bar de granito, com banquinhos altos de couro.
Os Gentili tinham até cerveja de fabricação própria, um dos passatempos do Sr. Gentili. Garrafas de vinho enfileiradas ocupavam quase todas as paredes.

Parecia o paraíso.
Apesar de a companhia não ser tão ruim, não era a que Maraisa teria escolhido.
Talvez ela só devesse agradecer.

— Então — Jace pegou uma garrafa de vinho —, que tal esta? Um merlot envelhecido?

— Parece ótimo. — Maraisa não dava a mínima.

Sem prestar atenção, caminhou até o bar.

Havia algumas fotos emolduradas espalhadas pelo tampo.
Uma delas era de Danilo e Gustavo quando crianças. Maiara estava entre os dois, dando um beijo na bochecha de Danilo.
Maiara sempre estivera bem onde Maraisa queria estar.
Não que a inveja pudesse acabar com a amizade das duas, mas Maraisa achava que tudo sempre fora muito fácil para Maiara.

— Tudo bem? — Jace se aproximou por trás dela e colocou as mãos em seus ombros.

— Tudo. — Maraisa ficou tensa. — Por que a pergunta?

— Porque eu estava falando havia alguns minutos, e você não respondia. Juro que fiquei com medo de que você tivesse parado de respirar.

A risada escapou de seus lábios antes que ela pudesse impedir.

— Ah, aí está — sussurrou Jace.

— O quê? — Ela se virou para encará-lo.

— A risada. Gosto dela. Você não ri o suficiente.

Maraisa umedeceu os lábios e se inclinou para trás, apoiando-se no bar.

— Foi uma semana difícil. O que eu posso fazer?

Jace assentiu.

— Eu sei.

Como é que ele poderia saber?
Nem a conhecia!

— Amor não correspondido não é para os fracos. — Ele pegou o saca-rolhas e abriu a garrafa, servindo uma pequena taça para Maraisa e outra para si. Então ergueu a taça, batendo-a na dela. — Como você está?

— Como é que você sabia que...

Jace riu.

— Não sou idiota. Mas me permita perguntar uma coisa. — Ele tirou a taça das mãos de Maraisa e a colocou na mesa.

— O quê? — Os olhos dele eram tão claros e bonitos que era difícil não se perder ali.

— Você não acha — ele ajeitou uma mecha de cabelo por trás da orelha de Maraisa e encostou sua testa na dela — que talvez o motivo de você o amar, ou pensar que ama, seja o fato de ele nunca ter correspondido aos seus sentimentos? Talvez você só precise botar um ponto final de alguma forma.

Maraisa tremeu sob o toque de Jace.

— É isso que você está oferecendo: um ponto final?

Jace envolveu o rosto de Maraisa com as mãos, acariciando o lábio inferior dela com os polegares.

— Não gosto de ser a segunda opção, Maraisa. Mas estaria disposto a ser a sua. Isto é, se você me quiser. Adoraria levar você para sair, comer e beber ao seu lado, fazer com que você se sinta querida, porque, honestamente, esse é o meu trabalho, como homem. Fazer você se ver como eu a vejo. E acho que você não tem uma imagem muito clara de si mesma. Acho que toda a sua vida pode ser resumida em uma única palavra.

Ela tentou se afastar, mas Jace a segurava firme.

— Está bem, sr. Psicólogo, que palavra é essa?

Ele deu um sorriso triste.

— Quase. É assim que você se define. Quase. E isso me deixa triste, porque você não é esse tipo de garota.

— E você é especialista no tipo de garota que eu sou?

— Com certeza.

— Bem, então qual é o meu tipo?

Jace inclinou a cabeça para o lado e passou as mãos gentilmente pela lateral do pescoço de Maraisa.

— Para sempre. Você é do tipo para sempre.

Os lábios dele encontraram os dela suavemente, depois se afastaram.

— A pergunta é: você quer mesmo esquecê-lo? Quer seguir em frente? Quem sabe ao meu lado? Seria o suficiente? Será que minhas palavras, meu dinheiro, tudo o que tenho a oferecer bastariam para apagá-lo da sua memória para sempre?

O lábio inferior de Maraisa tremia.
Com leve assombro, ela balançou a cabeça.

— Não, Jace. Sinto muito, mas não.

Com um sorriso enorme, ele se afastou.

— Fico feliz.

— Oi?

Jace deu de ombros.

— Fiz aula de teatro na escola, por diversão. Preciso admitir que essa foi a coisa mais divertida que já fiz em anos.

Confusa, tudo o que Maraisa conseguiu fazer foi encará-lo.

— Seu idiota! Você fingiu gostar de mim?

— Claro que não. — Jace segurou a mão dela. — Eu ficaria muito feliz em tirar você das mãos daquele babaca, mas você não quer se afastar delas. Acertei?

— Não estou entendendo. — Maraisa massageou as têmporas.

— Uma palavra. — Jace assentiu. — Vovó.

— Não! — disse Maraisa, espantada. — Ela contratou você?

— Não, não preciso de dinheiro. Só queria me recuperar de um término complicado. Aquela mulher está tentando arranjar alguém para mim desde o ano passado. Ela me apresentou a Gustavo, e o resto é história. Eu já estaria no casamento, de qualquer forma. Foi tudo muito fácil. Gustavo queria que eu conhecesse você. Vovó tinha outros planos. E aqui estou, bebendo vinho enquanto todos planejam nossa noite de núpcias.

— Caramba! — Maraisa andou de um lado para outro, na frente dele. — Aquela mulher é louca.

— Ela é um gênio louco. — Jace ergueu a taça. — Admita. Ela ajudou mais do que atrapalhou.

— Ela comprou um vestido de casamento para mim.

— Isso não dá azar? — Jace inclinou a cabeça. — Só curiosidade.

— Então você não é um almofadinha babaca.

Ele pareceu pensar no assunto, então respondeu:

— Não, acho que não. Mas se perguntar para a minha ex, ela vai dizer que sou isso e muito mais. Só estou tentando sobreviver ao casamento sem que sua avó me mate e me enterre. Sabe que ela comprou uma coleira de choque, não sabe?

Rindo, Maraisa passou os braços ao redor do pescoço de Jace.

— Não sei se devia agradecer ou dar um tapa na sua cara, por ter me beijado.

— Ei. — Jace se afastou e a beijou no rosto. — Minha oferta ainda está de pé. Mesmo sem a sua avó incrível e manipuladora, eu gostaria de ter o número de seu telefone.

— Obrigada. — Maraisa deu um beijo breve nos lábios dele.

Que aparentemente não foi breve o bastante.
Porque o que ela viu em seguida foi Danilo disparando escada abaixo, com os olhos cheios de raiva.


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E aí gente próximos capítulos, tretas ou love? Kkkkkkkkkkkkk
E a vovó kkkkkkk

Capítulo para vc sua chata, pare de ser assim maraisa_mygirl kkkkkkk
🤭😘❤❤

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