Capítulo 2

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Maraisa’s POV

— Respire, Maraisa. Respire. Inspire, expire... pronto. — Maraisa tentava normalizar a respiração, mas estava tendo bastante dificuldade, pois sua irmã lhe dava tapas nas costas sempre que ela abria a boca.

— Passe o saco de papel. — Maraisa arrancou o saco das mãos da irmã e começou a respirar ali dentro, devagar.

Finalmente, depois de dois minutos pensando que fosse morrer, o ataque de pânico passou.

— Melhor? — sussurrou Melissa.

— Não. — Maraisa mordeu o lábio e olhou para o corredor.

O mesmíssimo corredor por onde, minutos antes, Danilo Gentili passara.
Ele chegara a olhar para ela e abrir um sorriso educado antes de continuar o caminho até seu assento.

Um sorriso.

Era tudo o que ela merecia.
Um sorriso educado.

O fato de o avião ter escolhido aquele exato momento para passar pela maior turbulência da história só piorou as coisas.
Mas a cereja do bolo, o que realmente fez com que aquele fosse o pior dia de sua vida, foi quando os peitos da comissária de bordo acidentalmente — até parece! — pularam da blusa e bateram bem na cara de Danilo.

Aquele homem precisava ser castrado.
Ele era a encarnação do sexo, e todos ao seu redor ficavam cientes disso.
Mesmo Danilo não sendo uma celebridade, as mulheres se sentiam atraídas para ele como ratos para o queijo.
E ela já tinha sido um desses ratos.

— Babaca! — murmurou para si mesma, cerrando os punhos.

Mas aquilo fora anos atrás.
Ela já estava calejada. Além de mais forte e mais sábia.
Sim, mais forte.
Era uma figura pública, pelo amor de Deus!
Tinha capacidade de agir como se estivesse tudo bem, e era exatamente isso que iria fazer.
E estava mesmo tudo bem.

Tudo muito, muito, muito bem.

— Maraisa? — Melissa a cutucou. — Você está se balançando para a frente e para trás de novo. Quer que eu pegue o saco?

— Não precisa. — Maraisa sentiu os lábios se abrirem em um sorriso. — Já volto.

Melissa estendeu o braço para bloquear a saída da irmã.

— Não. Não mesmo. Você está com aquela cara de louca. E eu realmente não quero que você seja presa. Como sua irmã e você futura dama de honra, não vou me perdoar se eu deixar que você passe.

— Compro uma bolsa Louis Vuitton para você.

— Por outro lado... você é adulta e pode tomar as próprias decisões. Pode ir! — Melissa ergueu o braço. — Preta. Vou querer a preta.

Maraisa revirou os olhos e andou até o assento de Danilo.

O aviso de AFIVELAR OS CINTOS não estava mais aceso, então Maraisa estava liberada.
Tinha praticado aquele discurso desde o encontro fatal no ano anterior.

Ela queria mais que um casinho de uma noite, e Danilo... Bem, ele queria um casinho de uma noite e um “obrigada!”.
Maraisa nunca contou nada a Maiara, a amiga em comum, e jurou que levaria o segredo para o túmulo.

Quer dizer, a não ser que visse Danilo outra vez, o que mudaria tudo.
Ela já tinha se perguntado o que diria se o encontrasse de novo.

Como ele reagiria?
Será que pediria desculpas por ter sido um babaca? Ou que nem mesmo se lembraria dela?
Parecia que ele nem a tinha reconhecido!

Tudo bem que ela estava com o cabelo mais comprido, mas rostos não mudam.
Infelizmente.
Ela teria mesmo era de pedir a mudança a Deus. Danilo, porém, precisava de mais que uma cara nova: precisava era de um coração naquele corpo gostoso! Gostoso não... É... enfim...

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