Capítulo 3

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Se passaram alguns meses desde que minha mãe esteve aqui na empresa. Eu cheguei a vê-la duas vezes depois daquele dia, naquele teatro de almoço em família. Porém, da última vez o referido almoço que mamãe fazia questão não terminou bem, afinal meu pai fez não sossegou enquanto não estragou com tudo.

Eu apenas saí de lá e pedindo desculpas a minha mãe disse que não voltaria mais naquela casa.

Mamãe depois disso tentou me convencer a mudar de ideia, mas dessa vez não voltei atrás e assim todo mês ela tira um dia para almoçar comigo. Agora mesmo terminamos nossa refeição e estamos apenas aguardando a conta. Ela me olha e segura minha mão por cima da mesa.

— Você parece cansado, filho — comenta, com sorriso doce.

Respiro fundo e também seguro sua mão.

— Estamos trabalhando no desenvolvimento de um novo aplicativo e os testes costuma nos deixar tensos — respondo.

Minha mãe dá um sorriso melancólico.

— Desde o instante que descobriu sobre a verdade sobre aquela garota você mudou — diz e me observa com cuidado.

Eu retiro minha mão da sua e olho para ver o garçom se aproximar. Eu pago a conta e ele se afasta, então olho para minha mão.

— A senhora sabe que não gosto de falar disso. É passado.

Ela balança a cabeça, negando e tem o olhar atento.

— Será que é passado mesmo, Heitor? — pergunta.

Eu me levanto e estendo a mão. Sinto-me sufocar, mas procuro agir como se falar dela não me afetasse.

— Sim, é passado. Agora vamos, mamãe! Tenho que voltar para a empresa.

Saímos do restaurante e paramos na calçada. Minha mãe me olha e dá um sorriso.

— Que bom que você a superou meu filho. Aquela família só nos trouxe desgraça — murmura com tristeza.

Até hoje não sei qual o motivo de toda essa discórdia. Mas é alguma coisa séria, que tem a ver com o pai da Letícia e o meu pai. No entanto o cara também se tornou meu inimigo, é do meu conhecimento que ele tentou muitas vezes me prejudicar querendo atingir meu pai. Mal sabe ele que meu pai pouco se lixa para o que pode me acontecer.

Eu beijo a testa da minha mãe.

— Adorei o almoço, mamãe — pronuncio sem dar chance de ela prolongar o assunto.

Ela acena e a conduzo até o motorista que a aguarda, deixo que se acomode no banco de trás e ela me olha com carinho.

— Não se mate de trabalhar, meu filho — pede.

Balanço a cabeça e fecho a porta. Espero na calçada até que o carro se afaste e respiro fundo. Olho o relógio e lembro que devo voltar logo para a empresa, pois hoje é o jantar na casa do William em comemoração ao seu casamento com a Emilly.

Como a empresa está a apenas alguns quarteirões, decido caminhar um pouco para pôr as ideias em ordem. Eu não menti para minha mãe quando disse estar trabalhando bastante no desenvolvimento de um novo aplicativo. No entanto, é um tipo de trabalho que me dá certo prazer por ser um produto ainda em desenvolvimento, não foi oferecido ao mercado. O que me dá uma folga para fazer tudo com muita perfeição.

De fato minha mãe tocou num ponto bastante relevante ao comentar sobre o passado. Afinal um dos motivos pelo qual sou tão focado no trabalho é por causa da Letícia, ou melhor, por causa da decepção que sofri com aquela mulher.

Um CEO InesquecívelOnde histórias criam vida. Descubra agora