Capítulo 8

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Deixo o carro estacionado numa rua próxima à praça onde Letícia combinou de levar Geovanna para que eu as encontre. Eu estou adiantado no horário, mas preferir vir mais cedo. Enquanto caminho, sinto minhas mãos suarem e fricciono as palmas em minha calça. Estou muito nervoso com a perspectiva de encontrar minha filha. Será que ela vai gostar de mim? E se ela chorar? O que eu devo fazer?

Ainda tem o fato de me encontrar com a Letícia. Desde o nosso último encontro eu não sou capaz de esquecer suas palavras e a maneira como agiu comigo. Saber que ela teve uma filha minha, a principio me deixou revoltado, no entanto depois que a deixei e fui para minha casa um sentimento de culpa tomou conta da minha alma.

Em quase 48 horas eu passei por vários estágios de emoção. Mas a culpa é a que mais se destacou e sigo me sentindo da mesma forma. Nem coragem de atender a ligação do Alexander eu tive, pois não quero falar com ninguém. Além do mais, não sei nem o que devo dizer.

Também não conversei com minha mãe ou com meu pai, pois estou com muita raiva e não quero descontar principalmente em minha mãe. Eu sei que ela é uma vitima do papai e suas ações, embora ela não perceba, é sugestionada por seu marido.

Eu entendo que a Letícia tem sua parcela de culpa, afinal ela sabia da rixa entre nossas famílias, ela aceitou ser usada por seu pai para me atingir e foi dissimulada. Entretanto, eu não deveria agir daquela forma, pois Letícia era apenas uma menina e fazia o que pai mandava. Eu poderia ter sido mais relevante.

Errei. Deixei a raiva e a mágoa falarem por mim e com isso não pude ver minha filha nascer, algo que irei me ressentir para sempre.

A praça está cheia e tem um parquinho onde algumas crianças brincam. Passo os olhos em volta e não vejo nem sinal da Letícia. Olho o relógio e confirmo que ainda é cedo.

Eu não queria me encontrar com elas aqui, cheguei a sugerir pegar as duas e levar para minha casa, mas Letícia se negou e propôs que nos víssemos aqui. Tentei argumentar, mas ela foi firme. Uma coisa é certa, essa mulher não é mais a mesma doce Letícia de três anos atrás.

Sem ter o que fazer além de esperar, observo as crianças brincarem e correrem de um lado para o outro, elas fazem muita algazarra e é divertido assisti-las.

Como se algo me atraísse, eu levanto os olhos e olho para o outro lado da rua. Meu coração dá um baque ao ver Letícia de mãos dadas com minha filha. Ela usa uma saia jeans com alguns brilhos, blusa rosa e um tênis, também rosa e muito estiloso. Seu cabelo está preso no alto da cabeça, onde tem um laço.

Eu dou um sorriso e subo os olhos, observo Letícia. Ela está tão linda que chego perder a respiração. Dentro de mim um sentimento de saudade, de desejo. Recordo os momentos que a tive na minha cama, em como me sentia completo, algo que não aconteceu com nenhuma outra mulher.

Fico paralisado olhando as duas e vejo Letícia se abaixar e pegar a minha filha no colo antes de atravessar a rua, ela sorri e cochicha alguma coisa na orelha da menina, que dá um sorriso e aperta o pescoço da mãe. Ver as duas juntas me deixa sensibilizado, e quando Letícia olha para frente e percebe minha presença é como se uma corda invisível a puxasse até mim.

Ela anda devagar e ao chegar perto de mim, na calçada, é perceptível seu nervosismo.

— Você chegou cedo — expressou, séria.

Dou um vago sorriso.

— Não queria correr o risco de me atrasar — respondo e olho para a minha filha, em seu colo. Não tenho como definir o que sinto, é uma enxurrada de sentimentos, mas a felicidade plena de ver essa menina invade meu coração. Ela me olha com curiosidade, eu alargo o meu sorriso. — Olá! — cumprimento.

Um CEO InesquecívelOnde histórias criam vida. Descubra agora