Capítulo 24

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Após o jantar, eu e Heitor nos sentamos na sala lado a lado, lemos juntos o relatório. Descobrimos sobre a sociedade dos nossos pais e que meu avô, por parte de mãe, obtinha vinte por cento das ações da empresa. Essa sociedade perdurou por três anos. Entendemos que o negócio seguia bem e começava a dar lucro, foi quando Santiago Nóbrega Araújo, avô materno do Heitor, comprou a parte do meu pai e do meu avô.

Minha mãe foi uma das funcionárias e era o braço direito do meu avô e após a sociedade ser desfeita, ainda trabalhou na empresa por alguns meses, até que se casou com meu pai. Quanto ao pai do Heitor, ele e sua mãe casaram-se um pouco antes, no dia seguinte em que a companhia passava a ser do senhor Santiago.

Depois disso, o relatório que temos em mãos, aponta, de forma resumida a trajetória do meu pai, que fez investimentos que deram errados, porém em alguns momentos, ele conseguia dinheiro de fonte desconhecida. Acontece que desde o fim da sociedade, meu pai não conseguia se manter.

Seguindo uma linha do tempo, mostra que Lia nasceu alguns meses após o casamento.

Eu olho para Heitor, confusa.

— Então minha mãe casou-se grávida do meu pai — comento.

— Com certeza — responde, pensativo.

— Deve ser por isso que ele dizia algumas coisas desagradáveis a ela — abordo, lembrando-me de como meu pai costumava jogar na cara da minha mãe como ela foi um mulher fácil.

Heitor balança a cabeça.

— Seu pai então não é muito diferente do meu — diz.

Voltamos a ler tudo, quanto ao pai do Heitor não diz muito coisa. Afinal ele permaneceu trabalhando como CEO, onde está até hoje. Temos muito sobre a nossa família.

Meu avô morreu, deixando minha mãe sozinha, algumas semanas após o desfecho do contrato. Sua morte foi devido a um infarto. Só imagino como minha mãe sofreu, deve ser por isso que se deixou levar pela conversa do meu pai.

Quando terminamos de ler, Heitor fecha a pasta e me olha.

— O que você achou de tudo isso? — indaga com olhar moderado.

Vejo a pasta fechada e mordo o lábio, então volto a olhar Heitor.

— Tenho uma teoria — arrisco, e ele me observa com atenção. — O meu pai vivia dizendo que perdeu dinheiro por causa do Félix, e o meu pai é um homem ganancioso e materialista, ele se sentiu lesado e deve ter começado aí a briga dos dois e sua sede de vingança.

Heitor anui e estreita o olhar de maneira pensativa. Ele parece analisar a minha suposição.

— Você não acha esse motivo muito irrisório, para uma pessoa perder o tempo todo tentando prejudicar a outra?

Eu balanço a cabeça, negando.

— Para o meu pai, não. Ele é muito ganancioso. Sempre falava do Félix com muita raiva. Hoje eu percebo que todo esse ódio é inveja. Pois seu pai progrediu, enquanto o meu...

Heitor dá uma risada.

— Meu pai progrediu por conta da fortuna da minha mãe, Letícia. E esse relatório deixa isso bem claro — comenta, azedo.

Eu olho para Heitor e passo a mão por seus braços.

— Seja o que for, nesse dossiê mostra que tudo começou por conta de uma sociedade desfeita, onde me pai se sentiu injustiçado.

Heitor me encara.

— Pode ser que eu esteja enganado, mas há mais. É alguma coisa que não está explicitada aqui — fala e aponta para a pasta. — E agora eu tenho certeza que minha mãe sabe o que é. Mas esconde isso.

Um CEO InesquecívelOnde histórias criam vida. Descubra agora