Aventuras de Spideypool

Separação?

– Quando você ficou tão chato? – Peter perguntou retirando parte do colan.

     O mais novo estava chegando de um dia inteiro vigiando a cidade e encontrou Wade em casa nervoso por algum motivo.

     – Chato? Eu não sou chato, Petey. Você que está muito distante, só quer saber de voar por aí com esse seu novo amiguinho do bem. – Ralhou irritando se jogando no sofá. 

     E de novo eles estavam brigando por conta dos ciúmes de Wade. De novo batendo na mesma tecla. Peter estava exausto, naõ queria brigar com Wade, não queria ouvir a voz de Wade. Quanto mais tempo passava com Matt, menos passava com Wade e ele não sabia o que estava acontecendo.

     – Não dá pra continuar assim, você precisa parar com esse ciúme idiota. Eu não vou ficar aqui ouvindo comentários sem fundamentos. 

     Era a primeira vez que os dois tinham uma conversa que insinuava uma separação. Wade estava muito inseguro com a amizade de Peter e Matt Mardock, o Demolidor. A dupla combatia o crime e as vezes se encontrava pela cidade, eram bons amigos e lutavam bem juntos. Peter adorava conversar com Matt, era como ter alguém que entendesse a sua língua.

     Nas últimas semanas a população começou a aplaudir a atuação da dupla, fabricaram bonés, camisas e até cards dos dois lutando juntos e vivendo um romance. Foi aí que Wade surtou.

     – Vocês passam o dia juntos, Petey! Para onde eu vou vejo vocês, na tevê, nas bancas de jornais, nos camelôs!

     – Eu não posso controlar o que as pessoas fazem, Wade! Eu não posso impedi-las de gostar de nos ver trabalhando juntos.  – Defendeu-se.

     – O problema não são as pessoas, o problema é você gostar tanto! O problema é você não me incluir mais nas suas missões, no seu dia a dia como herói. Se você não me quer mais, fala. Enjoou de mim? É só falar que eu sumo! 

     Peter estava confuso. Ele amava Wade, sabia que amava, mas estar com Matt era tão fácil. Parecia tão certo e harmonioso. Ele sabia que Matt não o desejava dessa forma, mas não pode negar que ficou balançado em alguns momentos.

     – Eu...

     – Você nem nega. – Wade riu sem humor. – Eu vou te deixar em paz.

     Wade cruzou a sala e saiu, não tinha para onde ir já que os dois estava morando juntos, mas ali não poderia ficar. Amava Peter mais que tudo no mundo, sabia que ele era jovem e que corria o risco de perdê-lo em algum momento, mas o ex-mercenário não acreditava que aquilo estava mesmo acontecendo.

     Peter encarou o apartamento vazio e se deu conta do que estava fazendo, estava deixando Wade. As lágrimas chegaram aos seus olhos antes que ele pudesse pensar em chorar. Seu peito doía e ele se sentia culpado porque sabia que era culpado. Estava perdendo o homem que amava por conta de alguém que entrou na sua vida e não passava de um amigo. Ele não amava Matt, apenas confundiu a amizade que deu muito certo. Há anos Peter não tinha novos amigos, não queria perder o que ganhou recentemente, mas não podia perder o amor da sua vida.

     Ele vestiu o colan apressando e saltou pela janela caçando Wade pelas ruas da cidade, não foi difícil localizá-lo no bar e restaurante que vendia chimichangas.

     Peter pousou ao seu lado e se aproximou.

     – Vamos para casa, precisamos conversar.

     – Você hesitou, Petey. Eu perguntei se você não me queria mais e você hesitou na resposta, aliás, sequer respondeu.

     – Wade, perdi todos os meus amigos. Família. Tudo. Eu fiquei sem nada. Essa é a primeira vez que eu faço um amigo e eu não queria perdê-lo.  

     – Mas queria me perder!

     – Não! Amor, eu fique confuso, não quero abrir mão de Matt, ele é uma pessoa que me faz bem. Eu me deixei levar, mas quando você saiu... Tudo ficou cinza. Não havia amizade, missões, Matt ou nada. Não havia nada, Wade, porque você não estava lá. Você é tudo que eu tenho e tudo que eu quero ter. Sem você eu não tenho nada. Eu te amo. Eu te amo muito mesmo. Eu não quero ficar longe de você, não quero que vá embora! Não consigo ficar sem você.

     Os dois se encaram intensamente, o peito subia e descia acelerado, era como se não houvesse ar puro o suficiente para os dois.

     – Você prefere eu?

     Peter riu.

     – Eu prefiro você! Quem mais é tão falastrão? Quem mais é tão carinhoso e protetor? Quem mais é tão boca suja e surtado? Eu te amo, Wade.

     – Eu também amo você, Baby boy.