Depois da breve conversa com Soraya, Simone sente o estômago embrulhando — provavelmente porque não comeu ou bebeu nada depois que levantou — e tenta ir o mais rápido possível para o toilette feminino mais próximo. Sente uma tontura e, quando finalmente chega perto da entrada do banheiro, tem teto preto. Por sorte, Soraya estava saindo do lavabo e a vê antes que caísse por conta da pressão baixa, ou coisa pior.
— Simone, o que aconteceu? — diz a loira, está um tanto alarmada.
Soraya joga sua bolsa no chão e corre para acudir a mais velha, tomando-a nos braços e tentando abaná-la com as mãos.
— Não foi nada, Soraya... — diz olhando para o chão e tentando recobrar a postura. — Eu não comi hoje de manhã e acho que minha pressão caiu, foi só isso.
— Só isso, Tebet? Você não sabe que precisa se alimentar? — a senadora reclama e fecha a expressão ainda mais. — Vem, vou te dar um copo d'água e algo para comer.
— Vai me dar algo para comer? — Simone diz pois não é de perder esse tipo de piada e sorri em deboche, assim, recebendo um bufo de Soraya.
— Agora não é a hora disso, idiota... — a menor diz.
Soraya está transtornada com a situação de Simone e não consegue não se estressar com as piadas de duplo sentido da mais velha. Mesmo que gostasse de receber flertes — ainda mais os que vinham de sua excelente ex professora —, sentia que ali não era o local correto, tampouco em um momento de fragilidade para a mais velha. Soraya a leva com um pouco de dificuldade para um banquinho perto do local no qual Simone teve o mal súbito, pega sua bolsa no chão e corre para a sala de lanches para buscar uma xícara de café e alguns salgadinhos que serviam para os frequentadores do Senado.
— Obrigada, meu bem. — Simone diz assim que Soraya se agacha perto da morena, portando alguns alimentos e um café com adoçante, o favorito de Tebet.
— Não é hora disso. Ande logo, coma. — Soraya diz entregando o café e deixando os petiscos do lado de Tebet. No mesmo instante, sente seu rosto corando por conta do apelido.
— Eu não posso mais te agradecer? — a mais velha diz enquanto leva o café à boca.
— Não. — a senadora responde emburrada enquanto, involuntariamente, pousa a mão na mão livre da mais velha.
— O que você trouxe para comer? — Simone pergunta, ainda sem enxergar direito.
Soraya tem um semblante preocupado estampado em sua face.
— Você não está enxergando a comida que pus ao teu lado? — a mais nova pergunta preocupada e aperta a mão da morena.
— Eu... — diz com a vista turva. — Você não deveria estar lá dentro?
Simone coloca o café no espaço livre que estava ao lado de seu banquinho e aponta para o lado que imagina ser o da câmara de senadores.
— Simone Tebet! — Thronicke reclama.
Simone não sabe bem o que responder. Por um lado, a mais velha não sabia o que era alguém genuinamente preocupado consigo há um bom tempo. Tebet vinha sentindo que nem ela mesma conseguia se importar com sua saúde e... necessidades. Mesmo não enxergando com clareza, a senadora mais velha sente o olhar vigilante de Soraya sobre si e isso faz com que sinta que seu sentimento de proteção para com a dona do sorriso mais lindo do Senado brasileiro é recíproco.
— Bem, eu acho que não...
— Penso a mesma coisa. Quando foi apontar para a câmara, acertou no caminho da escadaria principal... Vem, vamos ao hospital. — dessa vez, as mãos de Soraya foram tatear o rosto de Simone.
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Back to you, love | Soraya x Simone Tebet
ФанфикUma década; dez anos; 3650 dias e incontáveis horas separavam a jovem Soraya Thronicke do plenilúnio recôndito em brumas de olhos castanhos e cabelos negros que lhe dera aula nos anos de faculdade. O nome daquela força da natureza que habitava os pe...