Sob medida.

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Soraya insere a chave no carro, o retira da vaga e liga o rádio, enquanto isso, Simone arruma o cabelo. A motorista indica para a ex prefeita que ela pode — e deve — escolher a estação de rádio. O percurso até a casa de Thronicke é tranquilo, volta e meia um ou outro assunto banal vem e lhes tira daquele silêncio confortável. Até que uma canção em particular toca, Simone cantarola e sem querer atrai a atenção da mais jovem.

"The world was on fire and no one could save me but you
It's strange what desire will make foolish people do
I never dreamed that i'd meet somebody like you"

Estranhamente, a atmosfera, a letra da música e até a luz fraca de Brasília noturna corroboraram para que um saudosismo tomasse de conta daquele casal. Soraya pensou consigo que, se pudesse, ouviria aquela cantoria todos os dias.

Ao que a loira para o carro para esperar o sinal, Simone interrompe a si e se deixa parar para analisar o cenário e a incógnita sentada ao seu lado. No fundo de sua mente, pensava no quanto gostaria de tê-la antes que o combinado. Se sentia como uma garota esperando o par no cinema. E, tanto as garotas que aguardavam o namorado, quanto Tebet, não pensavam que qualquer coisa prosaica poderia comparar-se ao júbilo de ter alguém tão ansiado ao alcance das mãos. No caso da morena, ter Soraya perto dessa maneira é como ter um sonho bom que não tem hora exata para acabar, mas que infelizmente é racional e lógico saber que o fim viria de um jeito ou de outro.

Internamente, Tebet só desejava que o mundo fosse aos ares para poder fazer o que tentou sufocar durante anos; e o maior problema era, é e sempre será esse: os sentimentos românticos da mais velha para com a ex aluna são como uma fera contida que sofreu diversas tentativas fracassadas de erradicação, mas que nunca realmente desapareceu ou se perdeu em essência.

Pouco tempo depois, Simone volta a se distrair com algo que não se chama Soraya Thronicke e passa a observar as luzes da cidade. Ela sempre amou aquele centro político e urbano. Mas, com o passar dos anos, acabou esquecendo de como era mágico estar ali. Não sabia se a compleição de Brasília estava tão diferente assim, mas exalando o perfume da loira que dirigia quase tão pacientemente quanto um piloto de fórmula 1, tudo acaba ganhando um ar diferente, pensou.

— Chegamos. — Soraya diz, engatando uma marcha e entrando em uma garagem ampla localizada em uma casa ainda maior. — Você vai adorar conhecer um cômodo específico.

— Que seria? — Simone indaga enquanto a mais nova para o carro e retiram seus cintos.

— Não faz ideia, Sisi? — pergunta cinicamente.

— Faz o que, 9 ou 10 anos que não me chama assim? — a mais velha pergunta um pouco ruborizada.

— 10 anos que você não tem merecido. — brinca.

— Ah, agora tem isso também? — fala risonha sem esperar uma resposta. — Vamos, quero conhecer seu quarto e sua adega.

— Como presumiu que tenho uma adega?

— Porque é impossível morar no Brasil e não beber, Soso. — Simone diz e brinca com uma mecha do cabelo da mais nova.

— Tem razão. — sorri enquanto se aproxima de Tebet.

Elas iniciam um beijo calmo e se separam para irem juntas para dentro da residência da mais baixa. Saem do carro e, quase sem querer, trocam olhares. Ao entrarem na casa da loira, Thronicke deixa a bolsa e seus outros pertences sobre um sofá de couro.

Soraya guia a convidada para uma escada que daria no segundo andar e ao passo que chegam, Simone se depara com uma vista linda e algumas portas que dariam em suítes mais bonitas ainda. A mais velha vai até a varanda e a loira a segue.

Back to you, love | Soraya x Simone TebetOnde histórias criam vida. Descubra agora