Os olhos de Simone não saem dos de Soraya. Aquela troca de olhares depois de um carinho rápido chega a ser lacônica, mas é desmedidamente preciosa para as duas mulheres.
Thronicke sente que ainda existem muitas coisas a serem ditas, mas se perde enquanto observa a colega de senado sorrindo de canto, um tanto envergonhada e, na mesma medida, notoriamente feliz.
Quando Tebet pousa as mãos sobre a cintura da mais nova, o rubor toma conta do rosto das duas.
— Você me confunde muito. — Soraya diz enquanto se encaram.
— Porque estou tão confusa quanto, Thronicke. — responde e a menor termina de abotoar sua blusa, pousando as mãos em seus ombros imediatamente depois. — É difícil tentar explicar você...
— Continue. — Soraya pede com um sorriso travesso.
— Não queria saber de mim e agora está arrumando minha camisa, ao mesmo tempo que também está querendo que eu almoce com você. — declara e, antes que a mais nova pudesse contestar, beija o canto direito de sua boca. — Agora, me diga, em qual restaurante caro do Distrito Federal quer que almocemos?
Depois do contato rápido, Tebet se afasta um pouco, ainda circulando a cintura de sua ex aluna com as mãos.
— Por mim, você iria comer em um posto de gasolina. — resmunga com a expressão completamente fechada e recebe uma gargalhada sincera vinda da outra.
Soraya sente que a trata dessa maneira porque, pelo menos em seu âmago, deseja profundamente que a outra não perceba o tanto que suas mínimas ações desconcertam completamente a loira.
— Precisa ser em um lugar reservado por conta da...
— Da imprensa. — Thronicke corta a outra complementando, como de costume, perfeitamente a ideia da ex professora.
— Você me assusta de vez em quando... — fala e observa um sorriso leviano crescer na face da mais baixa. — Soraya, meu Deus...
A expressão de Simone muda o suficiente para preocupar a outra senadora.
— O que foi? — indaga.
— Você acha que aquele seu assessor ouviu ou percebeu alguma coisa? — fala, dessa vez, em um tom baixíssimo visando que somente Soraya escute.
— Ele? Ele não escuta sequer quando falo em uma distância maior que quatro metros. Fique tranquila, bem. — a mais nova tranquiliza a morena e se martiriza internamente por tê-la chamado por um apelido.
— Graças a Deus. — Simone diz e o rubor se intensifica nas maçãs de seu rosto ao ouvir a última palavra da mulher que está em sua frente.
Como se tivesse sido invocado, o jovem que trabalha para Soraya bate à porta e pergunta se está tudo certo lá dentro. A loira se afasta da morena, termina de se vestir e checa se ela e a outra mulher estão apresentáveis — claro, Soraya havia chorado, feito todo tipo de coisa com Simone em cima de sua mesa e é uma tarefa complicada disfarçar tudo em apenas alguns segundos —, para só então ir abrir a porta e forçar um sorriso amarelo seguido de um "Tudo está bem.".
O subordinado da candidata da UB presta mais algumas condolências pelo fim do casamento de Soraya Thronicke, recebendo apenas alguns agradecimentos apressados e, logo depois, é deixado sozinho pela chefe e pela outra mulher que, bem como a loira, também disputa na corrida presidencial.
Depois de descerem alguns vãos de escada, adentram o carro de Simone e, involuntariamente, se deixam ficar de mãos dadas depois da mais velha dar partida no carro e engatar uma marcha. Como sempre, o ato é rápido e marcante.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Back to you, love | Soraya x Simone Tebet
FanficUma década; dez anos; 3650 dias e incontáveis horas separavam a jovem Soraya Thronicke do plenilúnio recôndito em brumas de olhos castanhos e cabelos negros que lhe dera aula nos anos de faculdade. O nome daquela força da natureza que habitava os pe...