Back to you, love | Soraya x Simone Tebet

Pro dia nascer feliz.

Simone Nassar Tebet está à flor da pele. De repente, é como se a montanha russas de emoções que achava ter deixado para trás tivesse voltado com força total. Sente as mãos tremulando e, para o desgosto de Thronicke, respira fundo e fica em silêncio.

— Vamos, Simone. Eu não sou adivinha ou algum tipo de clarividente para saber do que você está falando. — Soraya insiste e observa a outra em seu mais puro estado de confusão.

— Eu devo ter enlouquecido, mas... — começa e leva uma das mãos ao queixo, pensando.

— Mas? — a mais nova indaga e sente um nó se formando na própria garganta.

Simone a puxa para si e olha em seus olhos, enquanto Thronicke mantém a expressão confusa. A loira já está pronta para tentar findar o momento estranho com Tebet, quando é surpreendida por um "Eu gosto, gosto muito de você.".

Em uma tentativa de justificar a última afirmação — até para si mesma —, a mais alta começa a falar detalhadamente sobre como se sente perto de Soraya, sobre como se sente longe da outra senadora, sobre como gostaria de ter agido diferente e de como se sentia péssima em todas as vezes que percebia o quão evitada estava sendo pela loira nos corredores do Senado Federal.

Simone vê a mais nova como a pessoa mais magnética, divertida, incompreensivelmente apaixonante e teimosa do mundo.

— E é isso, Soraya. É o que percebi. — finaliza sua confissão e busca ar em seus pulmões para aguentar estar ali, exposta, por pelo menos mais alguns minutos. — Me sinto culpada, também, mas não consigo esconder isso de mim e de... você. Não mais.

— Está falando a verdade? — Soraya diz a única coisa que consegue falar sem parecer irracional, confusa, abobada e surpresa, mesmo que seja assim que a senadora do presidente se sente.

— Sim. — responde firme. — Eu nunca mentiria sobre algo tão profundo.

— Isso vindo de uma política... — brinca e vê Simone apertando os olhos.

— Estou me declarando para você e você faz uma piada a respeito? — Tebet pergunta, ainda incrédula.

— O que quer que eu diga? Que me sinto da mesma forma? — dessa vez, o semblante muda e a voz fica tão embargada quanto antes. — Eu não posso me apaixonar por alguém que mantém um compromisso com outra pessoa, Simone, sei disso. Mesmo que eu já esteja...

A última oração sai com um pesar suficiente para fazer com que a loira lacrimeje. As duas mulheres se encontram em posições nada favoráveis. Tebet faz o que sempre fez em relação à ex aluna, tenta protegê-la. Um abraço terno é iniciado e Simone se deixa pousar sobre o ombro da loira, que por sua vez apenas se permite chorar ali; mesmo com as circunstâncias, é impossível afirmar que a cumplicidade e a conexão das duas mulheres se perdeu, e isso é comprovado nesse carinho sútil.

— Eu não sei o que fazer, mas essa questão não importa tanto agora. — Simone diz com a voz rouca. — Só precisava que soubesse disso, Soraya. Você não sabe o quanto eu preciso que saiba que esse é o porquê de eu estar aqui.

— E você não sabe o quanto eu gostaria de querer te expulsar aos tapas do meu gabinete. — responde ainda com a outra acomodada em seu ombro.

Simone sorri.

— Pode fazer isso em outro momento, marruá. — fala e separa um pouco o abraço para checar o rosto da loira. — Deus...

— O que foi agora, estrupício? — responde estressada.

— Você é bonita até chorando, sabia? — Simone diz e se sente, mais uma vez, como uma adolescente apaixonada.

— Suas cantadas estão a cada dia piores, Tebet. — fala e as lágrimas que antes caíam, cessam.