— Isso não pode ser verdade! — exclama a loira dentro de seu comitê, enquanto lê o jornal digital e se depara com o nome de Tebet entre os mencionados como os cotados para a presidência do Brasil em 2023.
— Está tudo bem, Soraya... Tebet não tem tanto nome assim desde a CPI da Covid-19. — um homem loiro que atende como Juan e trabalha como um dos assessores da campanha de Thronicke fala tentando tranquilizar a candidata. — Se for para se preocupar assim, pense em Bolsonaro ou Lula.
— Não acho que essa mulher tem escrúpulos suficientes para se candidatar. — Soraya fala, ainda com o celular na página que informava os presidenciáveis de cada partido.
— É. Pela cara dela não parece ser lá muito honesta. Ela não havia sido sua professora ou algo assim? — o empregado diz e a loira larga o aparelho no qual olhava um veículo de informação em cima da mesa que ambos estavam sentados usando.
— Só eu posso criticá-la aqui. — fala com toda a "simpatia" costumeira. — E, sim, Simone Tebet já me deu algumas aulas, mas não vem ao caso.
— Ah... Claro, Soraya... — diz um pouco assustado. — Bom, preciso checar algumas coisas com o seu social media e mais tarde te ligo para checarmos seu discurso para o debate.
— Divirta-se. — responde se sentindo deslocada.
Soraya acata com a cabeça e reflete sobre o quão esquisita é a cena com o assessor e o quanto é estranho estar entre pessoas que não a compreendem. Quando o rapaz sai, sente uma pontada no peito e sua mente a leva ao lugar que mais vem tentando evitar nas últimas semanas; Simone. O jeito da morena para ouvi-la, o quanto a mais velha sorria quando a onça se atrapalhava com as palavras, o carinho — na visão da candidata da UB — quase verdadeiro e a sensação particular de se ver compreendida são como antíteses para o orgulho frágil da mais nova.
A senadora, então, se levanta de uma das cadeiras de couro do comitê de seu partido e respira fundo enquanto mexe em sua blusa branca com tecido canelado. Pensa nas mãos de Simone em seu corpo e as lembranças corroem até onde Soraya consegue sentir em um fio de emoção. Isso tudo não pode ser só saudade, ou pode? Divaga sozinha no amplo escritório. Para Thronicke, é irônico pensar que estava se desmanchando de tanta falta que sente da mulher a qual rejeitou não uma, mas dezenas de vezes.
Alguém bate na porta, é o mesmo funcionário poucos minutos depois. A mulher pede que entre.
— Temos visita, candidata. — diz se colocando entre a porta e o cômodo no qual a loira divagava, tampando a visão da mais velha do que se passava fora da sala na qual se encontra e portando um semblante divertido.
— Quem? — Soraya responde serenamente pensando ser algum outro filiado da UB.
O loiro se afasta um pouco e o rosto da candidata muda em uma fração de segundos. Thronicke mal termina de perguntar, quando percebe que Simone Tebet está aguardando pacientemente atrás de seu subordinado. A presidenciável aparenta estar exasperada.
— É a candidata do... — o homem começa a falar e recebe um olhar cortante de Soraya, que vai em sua direção e praticamente o empurra para falar com a simpática mulher que a aguardava do lado de fora do escritório.
— O que você pensa que está fazendo aqui?
— Uma visita? — responde cinicamente com um sorriso lépido.
— Eu não quero ver você, ouvir você, falar com você ou saber da sua existência. — fala com rapidez abaixando o tom de sua voz o máximo que consegue, enquanto inconscientemente caminha para mais perto de Simone.
— Se acalme, Soraya... Se continuar chegando perto de mim pode acabar fazendo algo inapropriado. — Simone sussurra e, graças ao espaço praticamente vazio e à correria do outro presente para ir ao encontro do tal social media da União Brasil, somente Thronicke escuta.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Back to you, love | Soraya x Simone Tebet
Fiksi PenggemarUma década; dez anos; 3650 dias e incontáveis horas separavam a jovem Soraya Thronicke do plenilúnio recôndito em brumas de olhos castanhos e cabelos negros que lhe dera aula nos anos de faculdade. O nome daquela força da natureza que habitava os pe...