Seis Vezes Confusão | 1° Livro Da Saga "The Williams"

Prólogo

• 4 anos antes

Eu me lembro de acordar no meio da noite e escutar um barulho alto.

Olhei para o relógio digital que ficava ao lado da minha cama.

Em uma hora eu faria onze anos.

Imaginei que o barulho pudesse ser os meus pais fazendo alguma coisa para o meu aniversário. Não contive minha curiosidade e então levantei da cama empurrando o cobertor grosso para o lado, coloquei minhas pantufas e andei até a porta do quarto na ponta dos pés, quando cheguei a escada, Dylan e Logan, meus dois irmãos mais velhos, já espiavam meus pais pelas grades.

Os barulhos que eu pensava ser uma preparação para o meu aniversário na verdade eram gritos e briga.

Me aproximei dos dois e me coloquei entre eles para poder ver melhor a discussão que acontecia no andar de baixo.

Era o papai e a mamãe. Ambos tentando fazer silêncio, mas não conseguindo obviamente.

— Você não pode fazer isso, Miranda!

— Eu preciso, Jacob. Você não entende, essa não é a vida que eu sonhei para mim, eu não quis engravidar com dezessete anos e ficar presa a uma família não planejada.

As palavras saídas da boca da minha mãe não só me atingiram como também a Dylan, que se encolheu ao meu lado.

— Como você ousa dizer uma coisa dessas?! É do seu filho que você está falando, porra!

Arregalei meus olhos. Papai nunca xingava, ele sempre se mantinha calmo, sempre.

— Um filho que eu não quis!

Senti uma dor enorme ao ouvir a minha mãe falando essas coisas do meu irmão, ela sempre pareceu nos amar tanto, como podia falar uma coisa dessas.

— Você não vê? Eu sou infeliz, eu não tenho trabalho, não me formei nem na escola! Eu queria ser uma grande cirurgiã e não pude, por causa daquele acidente que acabou com o meu futuro.

— Não fale de Dylan como se ele fosse um atraso ou um problema.

Olhei para o meu irmão, seus olhos molhados e suas bochechas vermelhas. O abracei com força.

— Ele é um atraso! Essa família é um atraso! Eu nunca quis ter filhos, e tive logo seis! Eu queria você, só você, Jacob.

Meu pai ficou em choque com as palavras, olhando para Miranda como se fosse uma completa desconhecida.

— Eu... eu não tenho nem o que te dizer. — meu pai passou as mãos no rosto e respirou fundo. — Se você passar por essa porta, eu vou fazer questão de que nunca mais chegue perto dos meus filhos.

— Fique a vontade. Eu vou embora e vou realizar meu sonho de ser uma cirurgiã incrível. Eu não preciso de filhos, ou de uma família, ou de você, eu preciso de sucesso e de uma carreira.

Foi então que eu percebi as duas mala enormes do lado da porta.

Não, não podia ser. Mamãe vai nos abandonar?

— Eu tenho repulsa de você. Nunca mais quero te ver na vida.

— Tudo bem, querido, eu não faço essa questão.

— Quando decidir onde irá ficar me mande o endereço, para eu mandar os papéis do divórcio e os documentos de renuncia de maternidade.

Miranda sorriu, um sorriso frio, acenou com a cabeça concordando. Foi até a porta passou as malas para o lado de fora e se virou.

— Adeus, Jacob.

Papai a encarou friamente, com desgosto e nojo.

Quando a porta bateu eu me assustei, e percebi que meu rosto estava encharcado de lágrimas.

Me levantei do degrau e desci o resto das escadas.

— Papai. — chamei deixando um soluço escapar.

Meu pai olhou em minha direção arregalando os olhos e suavizando a expressão. Andou até mim com passos rápidos.

— O que faz acordada, meu amor? — perguntou se abaixando e arrumando carinhosamente meus cabelos.

— A mamãe foi embora? — a pergunta não saiu de mim, mas sim de Logan, que ainda estava no topo das escadas com Dylan.

Meu pai não sabia o que dizer, apenas encarou Logan e depois Dylan, ao ver seu estado o desespero tomou conta de seus olhos.

— Sinto muito, filho.

Os dois desceram as escadas e abraçaram papai que se ajoelhou e nos abraçou com força enquanto escutava nossos choros.

Passei a noite inteira chorando, até a manhã do meu aniversário, odiei minha mãe aquele dia, e a odiei pelo resto da minha vida.

continua...