Capitulo19

284 53 8
                                    

Cristhian

Meu pai estava do outro lado da mesa, me encarando com
diversão. Ele parecia achar divertido que eu estava feliz por estar
com Anastácia e triste por tudo que precisaríamos passar para ficarmos
juntos. Ele fez as perguntas que esperava: se a amava de verdade,
se ela faria os juramentos e se aceitaria o papel de extrema
importância, de ser Princesa de Rye. Como pai, estava preocupado,
porém, confiando em mim. Como rei, ele tinha que assegurar o
futuro do país.
— Será um caos, filho. Sabe como a mídia pode ferir
pessoalmente cada um de nós e para sua namorada, dada a vida
que ela tinha antes, será ainda pior. Se é isso que querem, estamos
juntos e terá meu apoio. — Ele inclinou-se para a frente e me deu
um sorriso tranquilo. — Espero que seja feliz. Ser pai mudou a
minha vida. Vamos lidar com o que vier.
— Estou nervoso com isso. Eu sempre soube que seria pai um
dia, mas sem aviso é muito apavorante. — Passei a mão no cabelo,
parando na nuca e olhei a hora. Precisava buscar Anastácia na irmã em
alguns minutos. Ela foi cedo e já estava com saudade.
— Eu sei. Sua mãe e eu planejamos, ainda assim, foi bem
assustador. Vocês vão precisar conhecer um ao outro e confiar
muito, não podem permitir que ninguém se intrometa na vida a dois.
Eu sei que sua mãe é incontrolável a maior parte do tempo. — Ele
suspirou. — Ela não tem uma relação com vocês que aprovo.
Espero que Anastácia seja uma mãe exemplar para os seus filhos e que
vocês dois sejam felizes como marido e mulher. Essa parte não

deixa de ser importante depois dos filhos e com todos os deveres
reais.
Por algum motivo, a fala dele acendeu um alerta de que o
casamento dos meus pais estava de pé só porque eram reis. Ele
nunca me falaria. Não era do tipo de se abrir sobre seus problemas
com minha mãe, sempre tentava apaziguar as brigas e criar um
campo neutro para que a família permanecesse unida.
— Tenho que ir, pai. Obrigado por todo apoio. — Apertei seu
ombro.
Mais cedo, quase fui seguido pela imprensa que ficava
acampada nas saídas principais do palácio e por isso, usei a de
funcionários, com um carro comum e todo escuro para não ser
reconhecido. Sem um segurança por perto para não chamar a
atenção, a irmã de Anastácia me orientou a parar no estacionamento
dos fundos e subir uma escada de ferro que ficava acima da
cozinha.
Olhei ao redor antes de sair do carro e subi rapidamente,
batendo na porta. Drica abriu e me deu um olhar de quem poderia
pular no meu pescoço… para arrancá-lo fora. Dei o meu melhor
sorriso, aquele que eu sabia que derretia as mulheres.
— Não tente me deslumbrar. Você já enfeitiçou uma Stelle. —
Ela soou ameaçadora. — Não me importo de ser presa e vou fatiar
suas bolas se fizer minha irmã chorar novamente.
— Nunca foi minha intenção fazê-la chorar.
— É melhor mesmo. Vem, entre. Ela está jantando.
Anastácia estava em cima de uma cama de casal cheia de roupas,
com uma vasilha de salada, o que eu imaginava que era a mistura

que mais gostava. Sentei ao seu lado, ganhei um sorriso e um beijo
rápido. Ela estava comendo pouco, muito mais por nervoso do que
enjoo e a partir daquele momento, decidi que precisaríamos tomar
muito cuidado com a alimentação.
— Passou o dia bem?
— Conversar me ajudou a colocar alguns dos meus
sentimentos no lugar e estou mais calma. — Ela me deu um sorriso
tranquilo. — Dia agitado?
— Estou feliz que os compromissos acabaram.
— Como foi a reunião com seu pai?
— Ele expressou as preocupações que já conversamos e disse
que está do nosso lado. Amanhã será um dia de grandes
revelações.
— Já escolheu o anel? — Adriana entrou na conversa.
— Eu imagino que Anastácia e eu possamos fazer isso juntos.
Pensei em um, mas será algo que ela vai usar a vida inteira, então
precisa ter afinidade.
— Estou ansiosa para vê-lo. — Ana sorriu, aparentando estar
mais tranquila. — Liguei para minha tia e ela estará vindo para
acertamos todos os detalhes jurídicos da minha carreira. Quebrar
alguns contratos vai me fazer perder quase todo o dinheiro que
tenho.
— Não se preocupe, os advogados vão cuidar de tudo e
chegaremos aos melhores acordos.
— Não se estresse com nada, Ana. Tudo vai ficar bem, o
importante é cuidar da sua saúde para que o bebê nasça saudável.
— Adriana apertou a mão dela.

Assim que ela terminou de comer, nós fomos embora, para não
ficarmos até tarde na rua. Cansada de um dia emocionalmente
exaustivo, ficou controlando os bocejos no carro e tentando não
dormir durante o trajeto. Em todas as vezes que passamos a noite
juntos, ela sempre era a primeira a pegar no sono e a última a
acordar, grávida, só podia considerar que sono não seria um
problema.
Entramos na minha ala e meus funcionários já estavam
recolhidos. Bloqueei o acesso, apenas para o caso de receber
alguma visita indesejada. Não era costume entrar na ala do outro
sem aviso, apenas Charlotte passava pela minha, mas ela não
apareceria enquanto estivesse acompanhado.
— Já comeu? — Ela tirou os brincos. — Preciso tomar um
banho e tirar essa maquiagem.
— Jantei com meu pai. Saímos da reunião com muita fome.
— Sua banheira parece incrível. — Anastácia comentou, tirando a roupa.
— É nossa agora, quer usar?
— Só se você estiver dentro. — Seu sorriso sacana me pegou
de jeito.
Quase gritei que sim, porque nós mal estávamos nos tocando,
ainda em um clima estranho depois do mal-entendido. Estar nu e
com o corpo molhado dela, era a melhor maneira de encerrar um dia
cheio. Preparei um banho morno, com sais e ajudei que entrasse na
água.
Ela recostou na banheira e me observou tirar a roupa com o
olhar safado que me enchia de vaidade. Joguei minhas roupas no

cesto de qualquer jeito e me sentei, ela se moveu para ficar no meu
colo, com as pernas esticadas e na semi-escuridão do banheiro,
Anastacia suspirou.
— Se para cada dia de caos, tivermos um encontro assim, a
vida vai valer a pena.
— A minha vida já vale a pena só de poder olhar para o seu
rosto.
— Eu amo seu jeito galante. Às vezes, sei que está forçando
ser brega para me fazer rir e outras, é seu jeitinho mesmo. O último
romântico. — Ela acariciou meu peito. — Sempre foi assim?
— Não. Quando novo, tudo que me interessava era em estar
por aí com meus amigos, festas em barcos, baladas em lugares
exóticos para me divertir. Levei muito tempo para me apaixonar pela
primeira vez, tipo, gostar de alguém.
— É mesmo? Você teve um primeiro amor?
— Namorei uma menina escondido e eu achei que era ela a
mulher que apresentaria em casa, mas com a exposição e o nível
em que as coisas absurdas acontecem na vida da realeza, ela ficou
assustada e tinha outros planos para a vida dela. É por isso que sei
o quanto é difícil para você. Nunca quis isso para nós…
— Não quis que a gente evoluísse para um relacionamento
sério? — Ela soou magoada.
— Eu queria que a gente fosse feliz.
— Acha que não seremos felizes? — Fez um pequeno
beicinho.
— Sim, seremos. Você não está entendendo o que quero dizer.
O término do relacionamento com Marina me fez enxergar o qual

sacrificante é a vida na realeza para quem não nasceu nela. Já é
difícil normalmente, entende?
— Sim, entendo. Você teve seu coração partido?
— Na época, sim.
Depois que a conheci, o que senti por Marina foi uma mera
paixão, um recorte da minha vida. A dor que me engoliu somente
com a possibilidade de não estar mais com Anastácia durante a última
semana, mostrou que não era só a minha mente que era dela, meu
coração também.
Anastácia mudou de posição para que pudesse olhar em meus
olhos.
— Não sou do tipo que corre de coisas assustadoras, ou eu
não teria saído de casa ainda adolescente. Entenda que a gravidez,
um casamento às pressas e me tornar uma princesa não foi o que
planejei, mas estou grávida e o momento de tomar uma decisão é
agora. Eu decidi que não vou criar meu bebê sem o pai e não quero
terminar o nosso relacionamento. — Ela fez uma pausa para
respirar fundo. — Como mulher, vou aguentar as consequências
disso, porque não sou criança. É assustador e eu não sei onde
estou pisando, mas irei enfrentar.
— Você se sente maluca por desejar coisas que parecem ser
cedo demais?
— Como casar, ter filhos e planejar uma longa vida a dois? Se
for, sim. Fiquei um pouco mortificada de assumir para minha irmã
que por mais louco que seja, pensar em não viver tudo isso com
você dói no meu coração — ela confessou baixinho e eu exalei
aliviado. — Se é loucura, então, somos loucos juntos.

— Não me importo de compartilhar a loucura, também.
Anastácia abriu um sorriso apaixonado e se jogou em mim. Nós
jogamos água por todo lado, eu ri da bagunça e a beijei. Montada no
meu colo e não mais querendo aconchego, moveu o quadril,
mostrando exatamente o que pretendia. Trilhei um caminho com a
ponta dos meus dedos pelo meio de sua coluna, seguindo a trilha da
espinha e em seguida, agarrei seu bumbum, posicionando-a onde
podia me sentir.
— Sabe qual é meu desejo agora? — Ela parou com a boca a
centímetros da minha e eu estava louco para beijá-la, como não
fazia desde que nos vimos a última vez, ainda em Londres.
— Não.
— Descobrir o quão finas são as paredes do palácio. — Soltou
um risinho.
— Eu não sei, vamos descobrir essa noite. — Segurei sua
nuca e tomei a boca com paixão.

Continua...

COMO SE CASAR COM SEU PRINCIPE Onde histórias criam vida. Descubra agora