Capítulo 39

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Cristhian

Sempre odiei hospitais. O cheiro de álcool e limpeza, os
corredores brancos, as enfermeiras apressadas e os médicos
passando sem dar notícias me deixavam com o estado de nervos
alterado. Eu estava sentado no corredor esperando notícias da
minha mulher. Só de pensar que podia perdê-la, não ter nossas
meninas, meu coração parecia esmagado no peito. Eu queria estar
lá. Que fosse eu naquela cama de hospital. Daria tudo para trocar
de lugar com Anastacia.
Ela foi jogada da escada.
Atacada dentro da nossa casa.
Eu soube que ela alertou a segurança e imediatamente saí de
onde estava, correndo pelos corredores e a encontrei caída na
escada. Apenas Priscila estava lá e gritando por ajuda, pensei que
havia sido ela a ter empurrado minha esposa, mas não foi. Apesar
da garota fazer parte de todo o esquema, segundo as primeiras
informações que recebi, as imagens revelaram outras pessoas
envolvidas.
Tudo fez sentido e eu tentava não amargar em uma grande
raiva, mas o que minha atenção conseguia computar naquele
momento era a minha esposa dentro de uma sala médica e ninguém
me dizia como estava. Ethan sentou ao meu lado e eu quase chorei.
Doía muito. Olhei para a porta novamente, pronto para implorar e
uma enfermeira saiu às pressas, o que me deixou devastado.
Levantei e andei de um lado para o outro. Vi meus pais se
aproximarem devagar. Mamãe dava apoio para meu pai andar de

bengala na minha direção. Eles me abraçaram ao mesmo tempo e
não consegui falar nada. Apenas chorei. Estava com tanto medo de
perdê-las. Papai me agarrou de volta, jurando que tudo ficaria bem e
senti as mãos da minha mãe em mim.
— Eu a amo tanto, pai. Não posso viver sem ela.
— Sei que seu amor é o mais puro e genuíno. — Papai
segurou meu rosto. — Deus vai olhar para isso. Estou aqui para te
apoiar e te dar forças.
— Estamos aqui, meu filho. Anastacia sairá dessa com as meninas,
você terá a sua família pela qual tanto lutou. — Mamãe me abraçou.
Eu estava com raiva dela, tanta raiva, que mal consegui ficar em
seus braços. — Sei que é minha culpa, me perdoe.
Não era completamente culpa dela. Foi uma vítima caindo em
uma teia de armações. Foi usada porque todos sabiam que era
louca, ambiciosa e obcecada. Se ela tivesse mais noção do que
fazia e do quanto isso poderia machucar outras pessoas, talvez toda
essa história com Priscila nunca teria força, jamais faria sentido.
— Você… você… — comecei a falar e Ethan me puxou,
contendo minha fúria com os braços. Ele disse que não era o
momento, me abraçando e me puxando para longe dos meus pais.
— Só quero Anastacia. Por que estamos passando por isso? Eu só
quero voltar para a manhã em que ela estava bem, na nossa cama,
em segurança. Eu deveria tê-la impedido de descer.
— Isso não é sua culpa. — Ethan tocou meu rosto. — Nada do
que aconteceu é sua culpa.
Engoli em seco, sem acreditar nele e o empurrei, andando sem
rumo pelos corredores do hospital até que encontrei uma capela.

Charlotte estava lá dentro, ela olhava para frente e rezava baixinho.
Sentei ao seu lado e minha irmã tocou minha coxa, não dizendo
uma palavra porque sabia que eu não queria ouvir nada. Apenas
olhar para frente e implorar com todo o meu ser que elas ficassem
bem. Meu interior queimava. Era fogo puro descendo por minha
garganta, consumindo meus órgãos e me deixando sem ar.
Fiquei sentado por horas, apenas agarrado a um fio de
confiança que me mantinha de pé e esperando sem sair quebrando
tudo.
— Cristhian? Os médicos querem falar com você! — Ethan
falou suavemente e saltei de pé, quase derrubando o banco. Passei
por ele correndo e derrapei antes de trombar com a dupla de azul e
toucas que estavam cuidando de Anastacia.
— Nós optamos por esperar a paciente acordar para poder
observar suas reações, conversar com ela e monitorar as duas
meninas com a mãe ativa. Anastacia ainda não está fora de risco, ela
pode ter um parto prematuro a qualquer momento e será preciso
mantê-la internada para que isso não aconteça antes de trinta e sete
semanas, sendo muito otimista. — O primeiro falou com firmeza.
— Temos um quadro clínico para manter. No momento, ela
está lúcida, cansada e com dor de cabeça, mas seus exames
retornaram relativamente bem. Como meu colega disse, não está
fora de risco, precisa de cuidados intensivos e muita atenção.
— E minhas filhas?
— Estão ativas, coração batendo forte, oxigenação completa e
a bolsa não foi rompida, nem há sangramentos, mas o estado pode
ser temporário. Não podemos ignorar que existem chances do

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