CAPÍTULO 35

310 47 6
                                    

Anastacia

Era minha primeira vez fora do palácio em um mês. Eu estava
tão ansiosa para sair, ver minha irmã pessoalmente, conversar com
outras pessoas, que me empenhei em me arrumar. Cristhian e eu
tivemos uma consulta médica e finalmente, conseguimos ver o sexo
dos nossos bebês. Meu rosto estava inchado de tanto chorar ao
descobrir que teríamos duas meninas. Ele riu de mim, dizendo que
estava me transformando em uma boba, mas tirei foto do olhar dele
brilhando pelas lágrimas não derramadas.
Duas garotinhas cresciam no meu ventre. Tia Evelyn e Marc
fariam as melhores compras de roupas e se empenhariam de
transformar o armário das minhas princesas. Já podia vê-las com
roupinhas de babados e lindos sapatinhos.
Adriana, que ficou do lado de fora esperando, deu uns pulinhos no
lugar quando cochichei em seu ouvido. Finalmente, meninas na
nossa família. Não que eu tivesse a mínima esperança que elas
fossem mais tranquilas que os pestinhas dos meus sobrinhos. Cada
vez que ligava para Aline, ela estava gritando com um, já sem
paciência e depois chorava, dizendo que era uma péssima mãe por
não conseguir controlar os nervos. Mamãe costumava ficar com a
coluna dolorida quando tomava conta deles. Quanto mais cresciam,
mais terríveis ficavam.
No carro, Cristhian foi na frente com nosso segurança.
Estávamos entre dois carros, dentro de um blindado e Adriana ao meu
lado, mexendo em seu telefone, olhando as redes sociais. Estive tão
ocupada no último mês que estava perdida no que aconteceu no
mundo. Só li matérias políticas e foquei no trabalho. Em pouco

tempo, iria tirar minha licença maternidade e até lá, havia muito que
fazer.
Grace tirou licença para cuidar de Carrick. Eles estavam fora
do palácio, em outro, que parecia mais um castelo, a primeira
residência da família real de Rainland há muitos séculos. A família
costumava usar o local para férias e ficava do outro lado do país.
— Você sabe que a Aline se aproximou muito da Daphne, irmã
do Ethan, certo? — Adriana comentou, ainda olhando para a tela. Eu
estava distraída sentindo minhas meninas, que pareciam estar
chutando uma à outra e a olhei.
— Sim, eu fiquei muito feliz que ela esteja fazendo novas
amizades e saindo mais. Ela vivia no mundinho dela com as
crianças, sem tentar se aproximar dos amigos antigos e sem ânimo
para novos.
— Eu sei que todo mundo me alertou que Daphne era má. Ela
é ácida e gostei dela, também fiquei feliz.
— E o que tem?
Era um milagre Adriana não estar reclamando de ciúme. Ela
cismou que eu gostava mais de Charlotte do que dela, era pura
birra. Sempre foi assim.
— Acho que existe um gavião rondando o ninho dela —
cochichou e eu ri, olhando a foto do homem. Era bonito. Alto, forte,
cabelos pretos e um sorriso com covinhas de matar. — Gostoso! É
tudo que posso dizer!
— A vaca não vai contar nada!
— Não. Ontem o Zack a dedurou sobre um tio ajudando na
cozinha e ela mudou de assunto como se não fosse nada demais.

Tentei brincar e ganhei um corte digno de sushiman. — Adriana soltou
uma risada que atraiu a atenção de Cristhian. — Não seja curioso.
— Eu não perguntei nada! — Ele virou para a frente de novo.
Adriana gostava de fazer Cristhian suar. Ele não se preocupava
com meu pai ser bravo, apenas ficava receoso com as minhas
irmãs. Elas eram bravas com ele de propósito e eu não falava nada
porque alguém tinha que provocá-lo. Meu marido tinha o dom de
organizar suas emoções e lidar com os problemas da melhor
maneira possível. Costumava brincar que eu era a única com o dom
de tirá-lo do sério. Ele casou comigo por isso.
Minha irmã foi para casa e eu descansei um pouco. Estava
muito bem esticada na poltrona, com os pés para o alto, quando ele
entrou assobiando. Vê-lo mais relaxado enchia meu coração de
alegria, porque a versão tensa e mal-humorada era difícil de
aguentar. Cristhian no modo chefe da família e do país, algumas
vezes me dava orgulho, outras, uma vontade enorme de chutar as
bolas e mandar parar de putaria por estar enchendo o saco.
— Será que devo comprar focinheira para sua irmã? — Sentou
ao meu lado e beijou minha barriga, falando baixinho com nossas
meninas.
Ah, meninas! Estava aliviada em ser mãe de duas garotas, não
fazia ideia de como criar meninos. Aline não conseguia entender o
mundo selvagem que eles criavam para destruir a casa com
aventuras. Eu fui uma criança emotiva e ainda lembrava das fases
da minha vida, poderia entendê-las melhor. Cristhian foi criado longe
de casa e preparado para ser um rei. Uma delas seria rainha um
dia, mas não deixariam de ser minhas menininhas.

COMO SE CASAR COM SEU PRINCIPE Onde histórias criam vida. Descubra agora