Capítulo 36

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Cristhian

— Passe o vídeo novamente — pedi ao chefe da segurança.
— Quero analisar melhor a rotina deles aqui no palácio.
Ele fez o que pedi e anotei algumas coisas. Era muito tempo em
tela, verificando um a um que invadiu o palácio e eles conheciam
cada canto, porque passaram um ano trabalhando na hotelaria.
Faziam uma espécie de trabalho pesado, como trocar camas de
quarto, mudar mobiliários, carregar os fardos pesados de roupas de
cama e auxiliar as camareiras no que fosse preciso.
Era por isso que souberam como entrar. Já estavam ali, apenas
trocaram de roupa e agiram como se tivessem invadido. Foi um
plano bem arquitetado, que se estivéssemos mais distraídos,
poderia ter sido fatal. Eles até sabiam que todos seriam colocados
na mesma ala, era um protocolo de segurança interno. Todos foram
reconhecidos, tiveram as fichas levantadas e passaram doze meses
estudando o palácio. Com as falhas e com a distração do atentado,
atacaram.
Nenhum investigador conseguiu concluir uma ligação entre os
dois eventos. Afinal, ninguém assumiu a bomba. Não foi externo.
Era uma insatisfação interna que gerou o atentado. Todos os nossos
apontamentos levavam para os líderes da onda democrática, porém,
sem provas. Eu estava exausto de analisar todos os ângulos e agir
como se aquilo não tivesse abalado nosso governo. A popularidade
estava em alta e não havia uma movimentação oficial para romper
os poderes, mas eu estava com um nó entalado na minha garganta.
Meu pai se recuperava bem e todos os dias agradecia por isso.
Ele estava lidando bem com as queimaduras nos braços e seguindo

o tratamento. Toda vez que minha mãe ligava, relatava que era um
bom paciente e nunca esquecia os remédios. Apenas algo tão ruim
colocou os dois em harmonia e ela, sem tempo para fazer merda.
— O tempo está passando. Eu preciso de respostas.
— Mantenha a temporada de inverno como a atração de todo
ano. Rainland precisa de uma festa para esquecer as últimas
semanas. — Taylor me aconselhou. Ele tinha razão, eu que não
estava no espírito natalino e muito menos com humor para ser o
anfitrião.
— Organizem tudo. Anastacia e eu iremos abrir as portas para os convidados verificados. Eu quero um esquema de segurança muito
apertado, pente fino em todos e por favor, reduzam a quantidade.
Não precisamos do salão de bailes cheio, será falta de respeito com
o estado do meu pai — pedi ao meu secretário. Todos saíram e
continuei ali, apenas assistindo aos vídeos. Um ano… tanta coisa
havia acontecido. Quem poderia estar por trás de tudo?
Era muito tempo para um motivo fútil. Um sequestro era
doloroso para a família e arriscado para quem cometia. Eles
queriam dinheiro? Um membro da família real certamente valia
muito, mas, em que buraco conseguiriam se esconder? Era mais do
que isso. Talvez mostrar nossas falhas? Nos levar para a posição de
decorativos e não mais governantes. Era isso que a oposição mais
falou no último ano, queriam nos enfraquecer a todo custo.
Não conseguiram e não iriam conseguir.
— Posso entrar? — Anastacia enfiou a cabeça pela porta e me deu um sorriso.

— Olá, minha senhora. Você sumiu o dia todo. Quase pedi para
agendar um horário para te ver — brinquei, ela entrou e tirou os
sapatos. — Está muito inchada, amor. Precisa desacelerar.
— Estou chegando no último trimestre e prometo que irei parar.
Ao invés de permitir que sentasse em uma cadeira, puxei-a para
meu colo. Anastacia tentou protestar. Ela absorveu tanto as regras que
mal relaxava fora do nosso ambiente. Mostrar intimidade nas áreas
comuns do palácio era proibido, porém, uma regra que meus pais
ignoravam, então, minha irmã e eu também ignorávamos com
nossos parceiros. Já estávamos casados, por que não podíamos
trocar uns beijinhos?
— Ainda analisando os vídeos?
— Não consigo olhar para mais ninguém aqui dentro e confiar.
É como se todas as pessoas fossem nos trair mesmo sabendo que
isso não é verdade. — Beijei seu ombro. — Você está tão bonita
hoje.
— Só hoje?
— Sempre está, mas roxo é a cor que lhe favorece. Eu amo
esse vestido.
— Estou na fase de me sentir uma bola, para quem sempre foi
muito magra, estou descobrindo que meu corpo pode se tornar uma
única forma. — Esfregou a barriga com um ar de frustração. Anastacia
deixou o corpo magro de modelo no terceiro mês de gestação, ela
sempre foi incrível e atraente aos meus olhos, mas grávida? Puta
merda! A mulher estava um pecado com longas pernas
maravilhosas. — Meus pés inchados me fazem sentir um mau
humor de cadela.

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