6.

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Eu consigo.

Olhei atentamente as meninas subirem uma em cima.

Assim que a última subiu, era a minha vez.

Essa pirâmide ficou alta pra cacete.

Puta que pariu.

-Pode subir agora -Sophia me instruiu -Só não pisa na cara de ninguém.

-Tá -Eu rio de nervoso, já começando a me tremer.

Por quê eu fui inventar de ser líder de torcida?

Engoli em seco e comecei a subir, com cuidado.

Demorou um pouco, mas consegui chegar no topo, tomando o máximo de cuidado para não pisar no rosto de ninguém.

Caralho me bateu uma vertigem daqui de cima.

-Pronto, agora faz a coreografia, S/N -Sophia falou.

-O quê? -Eu pergunto, balançando um pouco a pirâmide -Mal consigo ficar parada.

-Mas você quer ficar só olhando pra torcida? -Chloe grita lá debaixo -Sophia nos ensinou uns truques, tenta fazer.

-Balançar os pompons não é o suficiente? Minha visão tá começando a ficar meio embaçada daqui -Eu pergunto, tentando olhar para baixo.

-Vai logo. Meu ombro tá começando a doer -As meninas que estavam na base da pirâmide reclamam.

-Vai, S/N. Você consegue -Sophia fala para mim.

Consigo porra nenhuma.

Respirei fundo de fechei meus olhos.

Se for pra cair, prefiro não ver a queda.

Comecei a fazer a coreografia de olhos fechados mesmo, e até que não foi tão difícil quanto eu pensei.

-Você conseguiu. Pode abrir os olhos agora -Sophia me fala.

-Por hoje já está bom. Pode começar a descer, S/N -Chloe avisa -Eu quero beber água.

Descer? Como que eu vou descer daqui?

-Ai, é agora que eu morro -Eu sussurro para mim mesma, tirando o pé do ombro de Sophia e descendo lentamente.

Senti um alívio enorme assim que coloquei meus pés no chão, jogando meus pompons de lado e me sentando no chão frio e firme.

Eu posso até ter conseguido fazer a coreografia hoje, mas não vou fazer aquilo por vontade própria de novo.

-Você foi perfeita -Sophia me elogia assim que passa por mim, abrindo uma garrafa d'água e bebendo -Continue assim.

-Obrigada, Sophia. Mas sua coreografia que é perfeita -Eu falo, respirando rápido.

Sophia só sorriu e saiu conversando com as outras meninas.

-Semana que vem vamos tentar fazer a pirâmide de novo, tudo bem? -Chloe se senta ao meu lado.

Senti a angústia e a ansiedade voltarem como um peso nos meus ombros.

-Ah, sério? -Eu pergunto, cansada.

-Você é boa no que faz. Por um momento, você duvidou de eu mesma, mas fez um ótimo trabalho -Chloe sorri para mim -Queria que certas pessoas da nossa equipe fosse assim.

Imediatamente a angústia e a ansiedade deixaram meus ombros, dando lugar para a minha curiosidade.

Fofoca sempre é bom.

-Quem? -Eu pergunto, com um sorriso crescendo em meus lábios.

Chloe suspirou e em seguida disse as seguintes palavras:

-Não vale a pena falar -Ela diz e se levanta -Vem, as aulas já vão começar.

Chloe me deu sua mão e me ajudou a levantar.

[...]

O dia havia passado mais rápido do que eu queria, minha consulta no psicólogo seria depois das aulas, e eu estou muito nervosa.

-Hermosa -Robin me tira de meus pensamentos -Você viu o quê acabou de acontecer?

-Hm, não -Eu me viro para ele, sorrindo.

A beleza desse garoto é surreal.

-O menino alí na frente da sala acabou de escorregar e bateu a cara na lousa -Robin diz, quase sem fôlego de tanto rir.

Virei meu olhar até a lousa e vi o menino no chão, com o rosto vermelho e esfregando sua testa.

-Ai, que feio, Robin -Eu digo, tentando não rir.

-Ele tá parecendo um tomate de tão vermelho -Robin começa a se engasgar entre seus risos.

A risada dele me fez querer rir também.

Logo, estávamos as duas hienas rindo no fundo da sala.

-Robin, S/N. Vão ficar na sala? -Finn e Donna chegam perto da gente.

-De onde vocês vieram? -Robin pergunta, voltando a respirar normalmente.

-Da porta, idiota -Donna fala.

-Já acabou a aula? -Eu pergunto, limpando uma lágrima que saia do meu olho.

-Só tem vocês dois na sala -Finn aponta para a sala -Vocês ficaram rindo por muito tempo.

-Nossa -Eu arrumo rapidamente meus materiais -Acho que eu já estou atrasada.

-Por isso que a gente veio aqui. Você e Robin estavam demorando muito para aparecer -Donna explica -Mas acho que você não está atrasada, não.

-Espera, eu vou ir com você -Robin grita, antes que eu passasse pela porta.

-Por quê? -Eu pergunto assim que ele chega perto de mim.

-Porque eu quero te esperar, ué -Ele fala como se fosse óbvio.

-Então a gente já vai -Finn avisa, pegando a mão de Donna e andando pelo corredor -Depois me fala pra qual hospício você vai.

-Eu já tô nervosa, depois dessa frase, eu fiquei mais nervosa ainda -Eu falo para Finn.

-Desculpa, mas é a verdade -Finn fala alto o suficiente para eu ouvir -Te conheço a 7 anos. Sei muito bem o que se passa na sua cabeça.

-Pensamentos um pouco anormais -Donna ri.

-Vamos, antes que eles encham sua mente de bobagens -Robin fala, pegando minha cintura e beijando minha cabeça.

Ai, caralho.

-Boa tarde, senhorita Yamada -A secretária me cumprimenta assim que Robin e eu passamos pela porta -Veio para a sua consulta?

-Sim -Eu falo um pouco mais baixo do que eu esperava.

-É na primeira porta a direita -Ela aponta para fora da diretoria.

-Obrigada -Eu sorrio e saímos em direção a enorme porta de madeira, com uma placa nela escrito "Sr. Barnes. Psicólogo".

Senti um frio na espinha quando Robin se sentou em uma cadeira, e eu percebi que iria entrar lá sozinha.

-Te espero aqui -Robin pega minha bolsa e a coloca na cadeira ao seu lado -Fala pra ele tudo o que você tá sentindo.

-Tá -Eu falo, com um nó surgindo em minha garganta.

Isso não vai sair como eu esperava.

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𝐄𝐔 𝐏𝐑𝐄𝐂𝐈𝐒𝐎 𝐃𝐄𝐋𝐄 𝟐  || 𝐍𝐨𝐢𝐭𝐞𝐬 𝐝𝐞 𝐯𝐞𝐫ã𝐨 Onde histórias criam vida. Descubra agora