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- Pai?

- Oi, querida - Meu "pai" disse com um sorriso, tentando entrar, mas eu o impedi.

- O quê você quer? - Eu pergunto, com os braços cruzados.

- Ver vocês - Ele respondeu, como se fosse óbvio.

- Você não mora mais aqui a mais de três anos - Eu o olho, ficando com raiva ao lembrar do que ele nos fez.

- Mas eu não posso sentir saudades?

- O QUÊ ESSE TRASTE TÁ FAZER AQUI? - Minha mãe desce as escadas, gritando furiosa - TÁ QUERENDO MORRER, DESGRAÇADO?

- Sueli - Ele diz, calmamente - Não precisa fazer todo esse escândalo.

- Olha o jeito que você fala com a minha mãe, idiota - Eu o empurro.

- "Escândalo"? Eu que tô fazendo escândalo? - Minha mãe passa por mim, indo em direção a ele e lhe dando um tapa.

- Sim! Você mesma que está fazendo um escândalo, por exatamente nada. Eu vim aqui para me resolver com vocês.

- Você não tem o direito de voltar aqui depois de tudo que nos fez passar - Minha mãe diz, passando a mão em seu cabelo para se acalmar, entrando em casa de novo - Que tipo de pai você é?

- Eu sei que fui um pai ausente, mas agora eu tô aqui - Ele volta para frente da porta principal, onde eu continuava encostada no batente da porta para o impedir de entrar - A gente pode ser uma família de novo.

- Não, nós não podemos - Eu digo, o olhando friamente - Sai logo daqui.

- Eu não vou sair daqui até conseguir falar com a sua mãe - Ele se aproxima de mim, mas vejo uma mão tocar em seu ombro.

- Não se aproxima da minha namorada! - Robin o puxa para trás, fazendo meu pai cambalear no degrau que separava a porta e o quintal.

- "Namorada"? - Meu pai repete, com deboche, me olhando.

- Isso não é da sua conta - Eu tento dizer, mas minha voz falha.

- Algum problema com isso? - Robin o encara, com raiva na sua voz.

- E, por acaso, você é o famoso namorado da minha filha? Vocês estão juntos a quanto tempo?

- Eu sou não sua filha - Eu respondo, em disparada.

- Sim, eu sou o namorado da S/N - Robin diz, enquanto meu pai se aproximava dele - E acho melhor você se afastar de mim, ou você vai se arrepender.

- O quê você vai fazer? - Ele sorri, empurrando Robin.

- Eu não tenho medo de você - Robin o empurra de volta, só que mais forte - Você se acha corajoso? Por bater em uma menina mais nova e mais fraca que você? Ou por tentar matar seu filho? - Robin agarra sua camisa, fazendo meu pai olhar para ele - Eu tenho nojo de caras como você, que se acham fortes por bater em alguém mais fraco. Isso só te faz um covarde.

- E você acha que eu vou ter medo de um garoto? - Ele encara Robin.

- Robin? Tudo bem por aí? - Emílio sai do carro, indo em direção ao meu pai e o afastando.

- Olha, eu não quero brigar - Meu pai diz, assim que Emílio o encara - Só quero conversar com a Sueli.

Deve ter ficado com medo, já que Emílio era maior e mais forte que meu pai.

- Vai pro acampamento, S/N - Minha mãe aparece ao meu lado - Deixa que eu resolvo isso.

- Quê? Não! - Eu a olho - Eu não vou sair daqui até que esse homem já esteja a quilômetros daqui.

- Eu vou resolver isso - Minha mãe diz, respirando rapidamente, quase avançando em meu pai - Ele sabe muito bem o que eu posso fazer.

- Robin, ajuda a sua namorada a pegar as coisas dela - Emílio diz para Robin, com um olhar ele protesta, mas logo se rende e entra comigo junto na minha casa.

- Você tá bem? - Robin me pergunta, me dando um selinho.

- Tô - Eu sorrio, ajudando ele a fechar minha mala.

- Ele tá aqui a quanto tempo?

- Ele chegou um pouco antes de você - Eu respondo, pegando minha mala e saindo pela porta, só parando ao ver Emílio segurando minha mãe enquanto ele gritava descontroladamente.

- QUE TIPO DE PAI VOCÊ É? - Ela gritava, com lágrimas em seus olhos - VOCÊ NÃO FOI NO ENTERRO DO SEU PRÓPRIO FILHO! QUAL O SEU PROBLEMA? NO MOMENTO QUE EU MAIS SOFRI NA MINHA VIDA, VOCÊ NÃO ESTAVA LÁ. ONDE VOCÊ ESTAVA?

Ao ouvir isso, senti meu coração afundar dentro do meu peito.

- Vem - Robin segura minha mão, me levando até o carro de seu tio e guardando minha mala e minhas bolsas junto com as suas - Eu já volto - Dizendo isso, ele abre a porta do carro e eu entro.

Meu coração batia rapidamente e minhas mãos se mexiam sem coordenação alguma.

Alguns poucos minutos se passaram, mas para mim, foram horas.

Robin voltou acompanhado de seu tio, que entraram no carro sem dizer nada.

- E a minha mãe? - Eu pergunto, assim que Emílio liga o carro e Robin se senta ao meu lado, no banco traseiro.

- Ela está bem, um vizinho está lá junto com ela - Emílio sorri para mim através do retrovisor - Eu vou levar vocês na escola e já volto para lá, caso alguma coisa aconteça.

- Eu já perdi o ânimo - Eu falo baixinho, olhando pela janela.

- Mas a gente ainda não chegou no acampamento - Robin me envolve em seus braços - As nossas férias vão começar só agora.

[...]

Assim que chegamos na escola, Emílio se despediu de nós e saiu novamente.

- S/N, sua cara tá péssima - Gwen diz assim que me vê, parecendo uma tartaruga por causa de sua bolsa enorme.

- Valeu pelo elogio - Eu sorrio - Você viu a Emma?

- Está lá com suas colegas de time - Gwen diz sorrindo.

- E o Finn? - Robin pergunta.

- Está organizando nossas coisas junto com a Donna - Ela faz uma careta - Tomara que a gente saia logo, essa bolsa pesa.

- Gwen, o Finn tá te chamando - Donna vem até nós - Já estão começando a chamada, é melhor vocês já irem, senão vão ficar para trás.

- Tá bom - Robin olha em volta e pega minha mão, avançando entre os estudantes, e dando alguns empurrões em quem não nos dava espaço - Olha lá a Emma e o Andrew.

- Até que enfim - Emma bufa, assim que me vê - Eu até já tinha falado que você chegou.

- Vamos entrar no ônibus - Andrew sorri, logo após empurrar um menino que o empurrou.

Assim que os coordenadores nos organizaram nos ônibus, Robin e eu sentamos no fundo, olhando a paisagem.

Assim que encostei minha cabeça em seu ombro, adormeci.

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𝐄𝐔 𝐏𝐑𝐄𝐂𝐈𝐒𝐎 𝐃𝐄𝐋𝐄 𝟐  || 𝐍𝐨𝐢𝐭𝐞𝐬 𝐝𝐞 𝐯𝐞𝐫ã𝐨 Onde histórias criam vida. Descubra agora