𝐄𝐔 𝐏𝐑𝐄𝐂𝐈𝐒𝐎 𝐃𝐄𝐋𝐄 𝟐 || 𝐍𝐨𝐢𝐭𝐞𝐬 𝐝𝐞 𝐯𝐞𝐫ã𝐨

3.

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-Eu te amo tanto -Eu falo, rindo da dancinha dele.

-Eu sei -Robin se vira e sorri pra mim -Agora vamos logo, tenho que estudar.

-Que dedicação toda é essa? Você nunca gostou de estudar -Eu pergunto, curiosa -Literalmente, você NUNCA gostou de estudar.

-Já entendi, mi amor. Eu sou um vagabundo -Ele passa seu braço por cima dos meus ombros -Preciso estudar para o exame de motorista que vou fazer. Meu tio falou que ia me dar um Opala zero quilômetro se eu passasse.

-Nem sei que carro é esse. Vai ser que dia seu exame?

-Em Maio -Robin parece nervoso -Apesar do meu tio ser mecânico e eu ajudar ele com essas coisas, eu não aprendi nada sobre marcha, ré, acelerador e essas coisas -Ele passa suas mãos pelo seu cabelo -Eu tô muito fodido.

-Você vai se sair bem, gatinho -Eu beijo sua bochecha.

Por dentro eu queria rir, ele trabalha com o tio a mais de 5 anos, mas não sabe quais são as marchas?

Não posso o criticar, já que eu sei bem menos que Robin.

~𝟐 𝐬𝐞𝐦𝐚𝐧𝐚𝐬 𝐝𝐞𝐩𝐨𝐢𝐬~

-Freia, Robin. FREIA -O tio de Robin gritava, enquanto o carro descia pela ladeira.

Eu, Robin e seu tio, Emílio, estamos em um campo meio afastado da cidade, tentando fazer Robin aprender na prática como se dirige.

Tudo estava indo bem, até que o carro começou a descer a ladeira quando Emílio foi pegar sua bolsa de ferramentas.

Ainda bem que eu estava sentada na grama, mas, no momento que o carro começou a andar, fomos correndo atrás.

-VOY A MORIR!! (eu vou morrer) -Robin gritava de dentro do carro.

-EL FRENO ES EL MEDIO, ROBIN!! (o freio é o do meio, Robin!!) -Emílio corria atrás de seu carro, gritando -FRENA, ROBIN!! (freia, Robin!!).

-SAI DA FRENTE!! -Eu grito para as pessoas desavisadas -O CARRO TÁ DESGOVERNADO!! FREIA LOGO, PORRA!!

Não é possível que Robin não sabia onde ficava o freio.

Até EU sei onde fica.

Quando Emílio estava alcançando a traseira de seu carro, bruscamente, o carro parou.

-Achei o freio -Robin põe a cabeça para fora da janela, sorridente -Tio?

Eu coloquei minhas mãos na boca e olhei para o tio de Robin.

-Emílio? Você tá bem? -Eu chego até perto dele e o ajudo a se sentar -Eita, tá feio.

-Tio? Porquê você bateu no carro? -Robin se levanta de seu assento e vem correndo até nós.

Emílio e eu olhamos para ele, incrédulos, e com a boca aberta, sem nenhuma reação.

-Achou o freio? -Emílio pergunta, limpando o sangue de seu nariz -Acho que você quebrou meu nariz.

-O freio é o pedal do meio -Robin se abaixa e analisa o nariz de seu tio -Você podia ter me avisado.

Eu dou um soco no braço de Robin.

-Era isso que a gente tava gritando, idiota -Eu o olho, brava -Nós ficamos preocupados com você.

-E agora o meu nariz tá todo ferrado -Emílio fala, se levantando -Só um segundo se você conseguiu freiar só agora, então qual pedal você estava pressionando?

-O do meu lado direito, ué -Robin abre a porta do carro e coloca a bolsa de ferramentas de seu tio no banco traseiro.

Eu dou um tapa na minha testa com tanta estupidez.

-VOCÊ ESTAVA ACELERANDO O CARRO? -Emílio grita, ficando vermelho de raiva.

-Eu não sabia, eu estava nervoso com o carro indo direto para uma fazenda -Robin se defende.

-HIJO DE PUTA -Emílio se aproxima de Robin.

-Olha, vai xingar sua irmã mesmo? -Robin ri, enquanto se afasta de seu tio -Que feio, Emílio Arellano.

-Ahora seré yo quien te mate (agora vai ser eu que vai te matar) -Emílio fala, antes de começar a correr atrás de Robin.

-EU VOU CONTAR PRA SUA IRMÃ QUE VOCÊ XINGOU ELA -Robin grita, correndo até a fazenda e despistando seu tio.

-Mierda -Emílio desiste de correr atrás de seu sobrinho e vem até mim -Eu te levo até em casa. Daqui a alguns minutos ele vai estar lá, te procurando. Esse menino parece que não sobrevive sem você.

-Então você tá me usando de isca para pegar seu sobrinho? -Eu cruzo meus braços, rindo.

-Acho que sim -Emílio sorri para mim e abre a porta do carro -Seria muito mais difícil sem você pra atrair ele.

-Tá -Eu sorrio e entro no carro -Será que seu nariz quebrou mesmo?

-Espero que sim, estou precisando de umas férias -Emílio fala, rindo.

Não sei porquê, mas ele me lembra muito o Papai Noel.

~𝟒𝟎 𝐦𝐢𝐧𝐮𝐭𝐨𝐬 𝐝𝐞𝐩𝐨𝐢𝐬~

Eu estava na cozinha da casa dos Arellano bebendo água quando alguém tampa minha boca.

Olho para trás, assustada, e vejo Robin recuperando seu fôlego, apoiando em seus joelhos.

-Você conseguiu chegar aqui só agora? -Eu pergunto, rindo -Se perdeu?

-Talvez. Eu entrei em uma fazenda pra fazer de atalho e um pastor alemão começou a correr atrás de mim. Não podia deixar ele vir até essa parte da cidade, então tive que correr em volta da fazenda até ele desistir de mim -Robin pega o copo de minha mão e coloca mais água -Cachorrinho maldito.

-Não fala assim dele -Eu pego uma cadeira para ele se sentar -O cachorro só estava protegendo o território dele.

-Protetora dos animais -Robin ri, bebendo mais água.

-Robin! -Emílio entra na cozinha, com seu nariz com um curativo enorme -Pensou que ia escapar?

-Déjalo en paz, Emilio. (deixa ele em paz, Emílio) -A mãe de Robin chega, com sangue em suas mãos.

-Você tava matando quem? -Robin pergunta, se levantando rapidamente e se escondendo atrás de mim.

Meu herói.

-Nadie hijo (ninguém, filho) -A mãe de Robin tira o sangue de suas mãos -Estaba vendando a tu tío (eu só estava fazendo o curativo no seu tio).

-Que, a propósito, foi ele que fez! -Emílio aponta para Robin, que se fez de ofendido.

-Mãe, sabia que o tio Emílio me chamou de filho da puta? -Robin sai de atrás de mim.

-¿ES LO QUE? (É o quê?) -Ela se vira para seu irmão, furiosa.

Emílio saiu correndo pelo quintal, enquanto a mãe de Robin o perseguia com um chinelo.

-Mas o quê aconteceu aqui? -Eu rio da situação, olhando pela janela, acompanhando a briga dos irmãos.

-Isso sempre acontece -Robin ri também e me beija -Alguma coisa me diz que eu não vou passar no exame.

-Qual exame? -Eu viro meu rosto para ele.

-Os dois -Robin ri de nervoso -O de matemática e o de direção.

Quanto a isso, tenho que admitir, Robin está certo. Mas eu não posso dizer isso a ele.

Então só fiquei calada e o beijei novamente.

~𝐌𝐚𝐢𝐨~

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