Pov'Meredith.
Acordei sem saber bem onde estava, levei uns segundos para lembrar, pedi ajuda para Edgar Reade, ele contou sobre a esposa, aquilo parecia ainda mais bizarro do que estar ali horas depois de perder Andrew, peguei meu celular e olhei a hora, ainda eram seis da manhã, sentei no sofá olhando o cobertor que havia me dado, não sei que horas dormi, mas depois que fiz foi a noite toda, um sono sem sonhos.
- oi - ele foi entrando, usava camisa de mangas longas e uma calça moletom, parei que estava correndo.
- oi!
- tudo bem?
- sim! Só tô meio atordoada... Parece que os últimos acontecimentos são frutos da minha imaginação.
- qual parte?
- tudo, tudo mesmo - murmurei.
- sinto muito, mas é tudo real - ele falou sério parece realmente sentir.
- ok! Preciso ir pra casa... Preciso de banho, roupas que não tenham cheiro de morte.
- morte não tem cheiro - ele negou.
- tem sim, é agridoce, suave e convidativa - levantei do sofá, peguei minha bolsa e meus saltos.
- você é mórbida as vezes.
- tô sabendo.
- vou te levar.
- prefiro andar, é só uma quadra de distância - murmurei.
- já me importunou bastante, o que é um pouco mais? - agora ele estava rindo.
- babaca - bufei - eu quero andar, obrigado por me abrigar, e desculpa por te importunar.
- de nada... Só tem cuidado.
- eu tenho - abri a porta e sai.
Não me dei ao trabalho nem de calçar os saltos, andei a distância até minha casa pensando o tempo todo na história que Edgar contou, pensando em Andrew, pensando a mulher que perdeu a vida, nos pais babacas dela, sentia uma raiva crescendo dentro de mim, Andrew morreu! Ele morreu em vão, não foi uma doença, foi por estar tentando fazer o certo, mas no final ele não conseguiu, mas eu faria, eu acharia quem fez isso com ele.
Quando entrei em casa sozinha pela primeira vez, antes foi com Alex, estava tão focada em não sentir, em não deixar ninguém me ver chorar que simplesmente a dor não veio, mas agora olhando nossa casa, as coisas que escolhemos juntos, nossas fotos, o sofá que ainda estava encostado na parede, soltei os sapatos no chão, deixei a bolsa em qualquer canto e coloquei minhas mãos sobre meu peito, sentia ele arder, parecia que havia brasa dentro dele, uma dor devastadora me atingiu, as lágrimas finalmente brotaram, caiam sem parar, sentia dificuldade em respirar, me apoiei em em joelhos e busquei algo para me firmar.
A dor foi aumentando, aumentando, e sufocando, alinhei meu corpo e procurei por qualquer coisa próximo, arremessei o porta retrato com nossa foto de casamento na parede, quando ele partiu caindo no chão eu gritei, mal lembrava que os vizinhos ouviriam, cai de joelhos no chão e continuei chorando, deixando a dor sair, Andrew morreu, ele nunca mais entraria por aquela porta, não me chamaria de coelhinha, não sairia com raiva de mim quando o expulsasse de casa, não teria sua companhia todos os dias, não sentiria seu abraço, eu o perdi pra sempre, todos os sonhos que tive acabaram simplesmente acabou.
Não notei que meu choro era tão alto até ouvir a batida na porta.
- Meredith? - era Amelia - abre.
- vai embora - mandei.
- Meredith abre agora - ela mandou.
- vai embora Amelia, eu tô bem.
- se não abrir vou ligar pra sua mãe, seu irmão ou suas sogras - ela ameaçou.
Levantei do chão e fui até a porta, abri de uma vez fazendo a porta bater com força na parede.
- o que quer? - fui rude.
- ouvi algo quebrar - ela falou entrando e fechando a porta.
- foi só um porta retrato que joguei na parede, quero ficar sozinha Amelia.
- não vou te deixar sozinha sinto muito... Você acha que tem que passar por isso sozinha, mas não tem
Amelia me abraçou, mesmo com meus protestos, estava cansada demais de lutar com ela e com minha dor, fomos as duas de joelhos para o chão, meu corpo tremia com o choro compulsivo, sentia que a blusa que Amelia usava estava ensopada, não faço ideia de quanto tempo ficamos naquela posição, mas não foi pouco, ela só se afastou quando parei de chorar, eu sabia que ainda não tinha sido tudo, mas naquele momento me senti aliviada.
- obrigado - murmurei.
- somos amigas não é?
- somos - concordei - eu achei que poderia lidar com isso, que era capaz de sufocar a dor - confessei.
- você é a pessoa mais forte que conheço Meredith - mas até pessoas fortes podem se deixar ser fraca as vezes, você perdeu o homem que ama.
- quer saber o que eu sinto? E por que não quero conversar com minha família?
- se quiser falar, eu vou estar aqui.
- eu sabia que ia perder ele, sabia que algo aconteceria... Por semanas, todos os dias parecia uma despedida... Eu tô com raiva de mim porque Andrew foi até a delegacia naquele dia, parecia que ele só precisava de um último beijo, disse que me amava e se foi...
- porque não quer estar perto deles?
- por que eu não quero lidar com a dor deles, eu não me sinto capaz de ouvir as lamentações, o pesar, me sinto egoísta porque elas precisam ser consoladas, é o filhos delas, mas eu não quero ser a pessoa que consola.
- você não é egoísta Meredith, você também perdeu.
- eu não quero ficar perto delas, nem da minha família, ver a pena, o desespero, nunca fui assim, Andrew me despertou o meu melhor, ele me ensinou a falar do que sinto, ele entendia todos os meus lados, até os maus, os complicados, os esquisitos, ele sempre me aceitou... Eu namorei antes dele, mas nenhum namorado entendeu minhas esquisitices e peculiaridades, meus sonhos e... Até meu lado louco - sorri - eu perdi mais que meu marido, perdi a única pessoa que conhecia todos meus lados, todos mesmo, e ainda sim me amou.
- acha que nunca vai achar outra pessoa assim?
- eu tenho certeza - enxuguei minhas lágrimas - Andrew foi meu Inefável.
👮🏻♂️👮🏼♀️🎯
A dor dela me mata juro.
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Um Amor Inefável
ChickLitMeredith Grey e Andrew DeLuca são recém casados, apaixonados e cheios de sonhos, ele. Policial do DEA, ela uma delegada, mas mais que profissões tão diferentes, eles levam a vida de uma forma única, o jovem casal que parece tão comum, vai mostrar se...