Um Amor Inefável

Capítulo 35~ votos fúnebre.

Pov'Meredith

Era mais de uma hora de carro do Brooklin até a casa de Helen, fiquei em silêncio de olhos fechados os tempo todo, sabia que minha mãe estaria em desespero, que Josephine estaria em desespero, Juli tentaria ser forte por mim como Alex estava sendo, sabia o tanto que alex gostava de Andrew, eles eram amigos mesmo antes de mim.

- eu sei que não está dormindo.

- não estou - murmurei, mas não me movi ou abri os olhos.

- Catherine sugeriu que você falasse algo.

- é necessário? - pedi.

- é o Andrew, é o seu marido.

- vou pensar em alguma coisa - respondi.

Alex não falou mais nada até estarmos em casa, ele pegou minha mala e me esperou entrar, e foi exatamente como imaginei, Jo e Helen estavam sentadas no sofá de olhos inchados de tanto chorar, Juli foi a primeira a me ver e cutucou elas, minha mãe quase pulou do sofá e veio me abraçar, queria tentar avisar que não precisava de tanto, mas recebi o abraço, fechei os olhos e pensei "é minha mãe, ela é a pessoa que mais me ama, nela vou achar o conforto para sentir a perda de Andrew" mas não aconteceu nada, o efeito da anestesia ainda não tinha passado.

- meu amor.

- eu sei mãe - falei baixinho, ela passou os dedos por meu rosto, mas ele estava seco - preciso de um banho, estou suja.

- tudo bem.

Josephine me abraçou antes que conseguisse fugir para o quarto, como podia todos parecerem mais abalados do que eu? Começava a me sentir um mostro insensível.

- tia? - Julieta chamou baixinho.

- meu amor - abracei ela.

Quando finalmente consegui passar pelos abraços peguei minha mala e fui para o quarto, entrei e tranquei a porta com a chave, deixei minha mala sobre o sofá e fui para o banheiro, tirei minha roupas e fui para debaixo do chuveiro, senti a água descer por meu corpo, esperei a sensação de relaxamento, mas não veio, permaneci ali até meu corpo estar tremendo, terminei o banho e voltei para o quarto, peguei um dia vestidos que trouxe e vesti.

Abri a porta do quarto, não queria sair dali, mas precisava de água e um remédio para dor de cabeça, parei no corredor ao ouvir a voz de Alex.

- não sei mãe, ela não chorou em nenhum momento, Catherine acha que ela está em choque... Foi uma equipe da delegacia dela que foi acionada... Ela viu ele no carro... Eu perguntei para Edgar o outro delegado que estava com eles, e a cena... O corpo dele estava irreconhecíveis, só souberam ser Andrew porque acharam o distintivo e um chaveiro, o aparelho celular tambem foi achado caído, totalmente destruído.

- meu Deus - Hellen arfou.

- só precisamos dar tempo a ela.

- mãe? - me mostrei.

- oi filha.

- você tem algum remédio? Estou com dor de cabeça - pedi.

- sim! Eu fiz panquecas, deve estar com fome - ela levantou rápido.

- na verdade não, só preciso do remédio e descansar um pouco - pedi.

- pelo menos um cereal? - ela me alcançou e me arrastou para a cozinha.

- tem suco? - perguntei.

- sim - Helen abriu a geladeira e pegou a garrafa, me serviu de suco e pegou a caixinha de remédios no armário, peguei dois comprimidos ao invés de um e engoli junto com o suco.

- obrigado, vou para o quarto - não esperei uma resposta dela.

Passei pela sala só dando uma olhadinha para Alex e falei.

- vou tentar dormir, tudo bem?

- sim! Se precisar te chamo.

- ok!

Segui fechei a porta mas não passei a chave, peguei meu celular na bolsa e deitei na cama, procurei a última mensagem de voz que Andrew deixou foi a quase um mês.

"Oi coelhinha - ele soltou uma risada nervosa - vou me atrasar um pouco... - outra risada - Mas assim que der vou pra casa, desculpa, pede um Uber para voltar pra casa - agora ele pareceu preocupado, sabendo que não gostava de Uber - assim não precisa ficar aí, quando chegar em casa te explico, te amo inefavelmente"

- te amo inefavelmente.

Fechei as mensagens e procurei uma foto dele, uma das minhas favoritas, apoiei o celular no travesseiro e fiquei olhando para meu marido, meus olhos arderam, mas não teve lágrimas.

👮🏻‍♂️👮🏼‍♀️🎯

Acho que acabei dormindo, porque acordei assustada, com Andrew me chamando, mas não era ele e sim Alex, me segurou quando sentei rápido na cama.

- desculpa, não queria te assustar.

- o que aconteceu?

- são quatro da tarde, precisa se arrumar - notei que ele mesmo já usava sua farda.

- nossa, eu dormi o dia todo - suspirei.

- foi bom, não teve nenhuma mudança... Saímos assim que estiver pronta - ele levantou.

- Alex? - segurei sua mão, levantei rápido da cama e o abracei - você também não tem que ser forte.

- eu tenho, você precisa de mim - ele beijou meu cabelo com carinho - eu sempre vou cuidar de você Mer.

- mas não precisa ser forte - o apertei em meu abraço.

- nos vamos ficar bem Mer - ele me soltou e vi que seus olhos estavam marejados.

Deixei ele sair do quarto, respirei fundo e fui me preparar.

👮🏻‍♂️👮🏼‍♀️🎯

Sentei no banco do carro com Helen e Juli, Alex e Jo estavam na frente, segurava papel e caneta, Alex olhou pelo retrovisor e sorriu de canto.

- pra que o papel e caneta? - Jo perguntou.

- fazer um voto fúnebre - respondi - não fui capaz de antecipar nem meus votos de casamento - zombei - imagina um voto de despedida - estava rindo, não por ser engraçado, mas por ser estúpido demais aquilo.

- deixa de ser mórbida - Alex também estava rindo, ele viveu esse momento, me viu desesperada para escrever meus votos, segurou minha mão para entrar na igreja, pareceu outra vida mas foi apenas a um ano e 3 meses atrás.

- foi mais forte que eu - continuava rindo.

- parem de rir, isso não é brincadeira - Helen ralhou.

Alex e eu ignoramos o que ela pediu, acho que a sensação de vazio diminui.

- ainda bem que ele sabia que eu era esquecida - comentei - se não tinha desistido do casamento por motivos aceitáveis.

- Andrew sabia a barca furada que se meteu, você esquecer os votos foi moleza... O que é isso comparado a ser expulso uma vez por mês de casa? - apenas nos dois estávamos rindo, as três nós olhavam como se fossemos loucos.

- o cara do bar perto de casa já até sabia - respondi.

- ele era corajoso, casar com você??? Eu não faria, você é chata, mandona e totalmente louca.

- olha quem fala? Não sei como Jo te aguenta, olhei para Helen que fazia cara feia - obrigado!

- de nada - meu irmão sorria, ele sabia que isso me ajudaria a relaxar, nossa mãe não entendia, mas ele sim, foi assim no velório de Thacther, Alex procurou o melhor jeito de me confortar, sempre segurou minha mão, na perda de Thacther, em meu casamento e agora, tinha sorte por ter um irmão assim.

👮🏻‍♂️👮🏼‍♀️🎯

Eu amo o Alex sendo um bom irmão.