Capítulo 81~ Porque fez isso?

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Pov'Meredith.


- Meredith para - Edgar mandou logo que passei por ele.

- eu sei o que vai falar e pode tomar as medidas que forem preciso, não me importo - murmurei.

- você acabou de colocar sua carreira em jogo.

- não me importo com isso... - voltei a andar.

- delegada! - ele chamou alto.

- já falei, faça o que precisar... Esse caso sempre foi seu... A senha do celular e 10 01...

Nico passou por mim carregando Andrea com ajuda de Callie, os dois a colocaram no carro.

- ainda sou sua superior, leva ela pra delegacia e faça a porra do seu trabalho - mandei rude.

Ele só concordou e seguiu em direção ao carro, virei e fitei Andrew, eu sabia que ele ia me odiar por ter feito aquilo, mas precisava, eu o perdi por culpa dela, não aconteceu, mas poderia e por quase um ano eu fui consumida por aquela dor.

- por que fez isso?

- porque eu precisava.... Meu desejo era matar ela, mas não fiz.

- você quase arruinou o esforço de todos por isso - Andrew falou com raiva, eu ouvi aquele tom raivoso poucas vezes, ele doía demais.

- não fiz... Eu pensei no que fazer.

- porra , você não pensou em nada, só no seu desejo de vingança - ele gritou, tive um sobressalto com a surpresa - você poderia ter se machucado, machucado nosso filho.

- você não entende - tentei me manter calma - eu perdi muito.

- eu também Meredith, eu também perdi nosso filho - seu tom não mudou, ainda era raivoso.

- eu perdi você - falei alto - eu te perdi, você não entende isso.

Minha voz era trêmula, sentia meu coração doer de tão rápido que batia.

- eu tô aqui na sua frente, não me perdeu.

Queria pedir para que não gritasse, não me odiasse, mas sabia que ele não ia conseguir fazer agora.

- ela quis tirar você de mim e quase conseguiu, você não entende... Não foi pelo bebê, Andrea te matou, por 11 meses e 12 dias eu sofri uma dor insuportável por sua morte, eu me senti morrendo todos os dias.

- mas eu estou vivo.

- mas poderia ter morrido, eu achei, eu te enterrei, agora sei que não era você - estava chorando - mas naquela manhã eu pensei que era, quando o caixão desceu naquela cova, a minha dor era real... E senti te perdendo pra sempre, todos os dias eu morri por que acreditava que você estava morto... Ela me tirou você, me tirou meu filho, sei que não consegue me entender, mas eu precisava.

- era seu plano desde o início?

- não... Eu estava aqui para seguir o nosso plano, mas quando vi eles saindo, quando vi que ela estava lá dentro e não iria com ele vi a oportunidade perfeita.

- ela poderia estar armada e te matar.

- só se ela fosse mais rápida do que eu...

- melhor sairmos daqui.

- você me odeia? - perguntei.

- não, mas nesse momento estou decepcionado - Andrew me deixou andar na frente.

Quando chegamos a estrada só um carro ainda estava lá, ele entrou no carro e ficou me esperando, quando entrei também dirigiu em silêncio, sabia que estavamos indo para a delegacia, eu sabia que realmente poderia ter prejudicado tudo, mas, não conseguia me arrepender da escolha que fiz.

Entramos juntos e a primeira pessoa que vi foi Edgar.

- liguei para Catherine, ela está vindo para cá... Vamos conversar.

- ok - o segui.

Ele entrou na sua sala e me esperou, depois fechou a porta, virei para o encarar, não era raiva no olhar dele, era decepção, na verdade era um combo de sentimentos.

- vou ligar para o nosso superior e relatar o acontecido...

- tudo bem.

- tudo bem? Você pode ser afastada, poder perder sua licença... Você fudeu as coisas e vem com a porra de "tudo bem"? - Edgar estava mais furioso que Andrew.

- eu sei o que fiz não me arrependo... Se decidirem que devo deixar a corporação eu deixo... Mas vou fazer isso feliz.

- você tá louca? Sério, você enlouqueceu? Acha mesmo que valeu apena bater nela por vingança e perder sua carreira? - seu tom era baixo, mas carregado de raiva.

- se pudesse ter matado o avô de Anthony! Ou socado a cara dele, não faria?

- não se isso fosse me prejudicar.

- mentira, eu sei que já pensou nisso... Eu vi nos seus olhos esse ódio... Eu precisava disso, precisava sentir isso, ver ela sagrar, ver ela sentido dor... Um terço, nem isso, o que ela sentiu não é nem 1% da dor emocional que senti, quando achei que era Andrew naquele carro, nem 10% da dor fisica que senti enquanto abortava meu filho... Meu desejo era enfiar uma bala no peito dela e a ver sangrar até morrer...

- você... Meredith, eu não te reconheço.

- você já viu alguém morrendo na sua frente? - perguntei - nem mesmo um bandido?

- não...

- eu queria ter visto... Queria ter visto ela morrendo.

Sentia minhas lágrimas descendo por meu rosto, mas não era dor, era ódio, queria ter matado ela, eu não fiz por eles, mas queria ter acabado com tudo e não fiz, eu perdi a oportunidade de fazer isso, de por um ponto final em tudo.

- não fala isso.

- pode relatar isso ao nosso superior... Se eles acharem que não tenho capacidade para ser delegada, serei feliz em ser apenas uma boa mãe e esposa - tentei passar por ele.

- não pode sair agora, ainda preciso do seu depoimento.

- tudo bem - me sentei em uma das cadeiras - pode perguntar o que quiser, não vou mentir.

Passamos uns vinte minutos na sala enquanto falava tudo o que vi e fiz, Edgar ficava cada vez mais furioso ao ouvir meu relato, mesmo com o risco de perder meu distintivo, não me arrependo, levantei e sai da sala, Andrew estava conversando com Catherine e Nico, eles explicavam para ela tudo o que aconteceu.

Olhei para minha mão machucada na intenção de não encarar Andrew, mas me assustei, estava roxa e inchada.

- precisa que eu fale sobre o que vi? - perguntei educadamente para Catherine.

- por hora não, vocês fizeram um trabalho excelente, já tem uma equipe interceptando o caminhão nesse momento.

- isso é bom... Parte deles pelo menos vai pagar.

- parabéns pelo trabalho.

- não fiz isso sozinha... E acabei prejudicando tudo por algo banal - falei um tanto irônica.

- acho que teve seus motivos - ela tentou me reconfortar.

- obrigada por entender - murmurei sincera.



👮🏼‍♀️👮🏻‍♂️🎯


Babado, confusão e gritaria.

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