Capítulo 22🌻

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Elisabeth Sancller sem revisão

_Você acha que ele vai te machucar?

Rute disse olhando para mim, nos estávamos sentada na mesa da cozinha, eu a ajudava a fazer o jantar.

_Eu não sei, só não consigo ficar perto!

_Mas lá no hospital vocês ficaram juntos, oque mudou?

Sim, no hospital nós ficamos juntos eu até o pedi em casamento, mas quando chegamos a casa algo mudou um medo de instalou dentro de mim.

_Eu não sei, eu tento, mas é impossível. Eu acho que essa nossa relação nunca vai dar certo, eu sou quebrada não sou mulher para ele!

Eu disse abaixando minha cabeça e deixando a faca e a batata descascada sobre o prato. Eu nunca seria mulher para ele!

_Eu era assim igual a você, eu tinha um medo absurdo que não me deixava ser feliz com meu Samuel!

Olhei para ela e não entendi oque ela queria me dizer, então ela continuou.

_Eu fui abusada pelo irmão do meu pai, dos meus nove aos dezessete anos eu fui abusada de várias formas por ele. Não tive infância, adolescência ou juventude!

Meus olhos se encheram de lágrimas em saber que ela tinha sofrido muito mais do que eu!

_Meu país trabalhava muito e meu tio tomava conta de mim durante o dia, era aí que ele abusava de mim e eu não podia contar a ninguém já que ele me ameaçava matar meus pais.

Eu já chorava ouvindo tudo aquilo.

_Quando eu tinha 16 anos estava no segundo ano do ensino médio, eu conheci o Samuel lá na escola, ele era uma pessoa boa e sempre tentava puxar conversa comigo, mas eu era fechada e não gostava de conversar. E mesmo eu sendo calado ele ficava comigo o tempo todo, se sentava comigo no recreio e na sala de aula também, nos éramos da mesma turma. Com o tempo aos poucos eu fui me abrindo com ele, fomos criando uma amizade e quando eu dei por mim eu estava apaixonada pelo meu colega de classe. Mas era um amor impossível já que meu tio me ameaçava e não me deixava relacionar com outras pessoas!

Samuel já percebia que tinha algo de errado comigo, sempre que meu tio ia me buscar na porta da escola eu sentia medo porque eu sabia que meus abusos iria começar que eu iria sair machucada dali novamente.
Até que um dia eu tomei coragem e decidi contar ao Samuel oque me acontecia, ele poderia me ajudar já que seus pais eram policiais militares.
No intervalo da nossa aula eu tomei coragem e o chamei para conversa nos fundos da escola, contei tudo a ele oque eu passava. Mesmo com a vergonha que eu sentia eu contei a ele e pedi ajuda para o meu melhor amigo que eu era apaixonada, e naquele mesmo dia ele disse que iria me ajudar, no fim das aulas quando meu tio veio me buscar Samuel bateu em meu tio no meio da rua em frente à escola. Ele apanhou bastante, mas meu tio também saiu bastante machucado, naquele dia quando eu cheguei a casa meu tio começou seus abusos novamente, mas não foi até o fim já que a casa onde a gente morava foi invadida pela polícia, a mãe do Samuel e seu pai com mais dois policiais o levaram preso e me tiraram daquele inferno que eu vivia.

Meu tio foi preso e acusado de vários crimes, eu me senti aliviada por ter contado ao Samuel oque me acontecia minha vida começaria a mudar.
Mas nem tudo são flores meus traumas eram grandes e eu não conseguia deixar o Samuel se aproximar de mim. Foram anos de terapia e psicólogos para me ajudar enfrentar os meus traumas, mas Samuel nunca desistiu de mim sempre esteve do meu lado me ajudando a seguir em frente.

Eu ouvia atentamente oque ela dizia e chorava por saber que ela tinha sofrido, e mesmo com todos os seu sofrimento Samuel não desistiu dela.
Então ela continuou:

_Elisabeth, se de uma chance de ser feliz. Eu sei que não é fácil, mas deixe o Edgard se aproxima vocês merecem ser feliz, merecem ficar juntos ele ama você e você o ama. Façam dar certo não será fácil, mas não o afaste ele de você. Converse com ele sobre seus medos e traumas eu tenho certeza que ele irá te ajudar, e eu também.

Ela disse se levantando e eu me levantei também é a abracei forte, chorei, eu iria seguir seu conselho eu iria dar espaço ao homem que eu amava para ter ele perto de mim no momento, mas difícil da minha vida, eu não queria, mas sofrer!
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Mais uma cicatriz para o meu corpo. Era isso que eu pensava me olhando no grande espelho do closet, fora as mordidas, cortes da pequena faca do meu primeiro abusador e queimaduras de cigarro, agora eu tinha aquela cicatriz em minha coxa. E era bem visível, depois que eu tirei os pontos há um mês, e vi aquela cicatriz em minha perna me deu uma vontade enorme de chorar. Eu estava com as lágrimas na borda, e não segurei por muito tempo, eu chorei! Chorei de tristeza por aquele homem ter tocado em meu corpo, chorei por meu corpo está marcado e chorei por não conseguir deixar o meu futuro marido tocar meu corpo.

Mas eu estava feliz em poder estar viva, eu poderia criar minha filha sem medo. Sem alguém para nos machucar, mas eu tinha que resolver, não conseguia dormi no mesmo quarto que meu noivo era ruim demais era um trauma, mesmo indo a psicóloga eu ainda não conseguia o deixar chegar perto de mim! Senti as lágrimas molhar o meu rosto e um soluço aos poucos sair de minha garganta, com minha tristeza eu voltei para a minha cama e me deitei em posição fetal, eu desde dia que cheguei estava dormindo no quarto de hospedes não conseguia dormi naquele quarto e nem Edgard também não conseguia, saber que o homem que eu amava estava no quarto ao lado do meu e eu não conseguia o tocar era doloroso para mim. As lágrimas banhavam o meu rosto pela milésima vez, quantas vezes eu chorava naquele quarto sozinho.

Vi o dia amanhecer, eu não conseguia pregar os olhos a noite sempre tinha pesadelos, com as piores noites da minha vida. Levantei-me e tomei um banho rápido, não eram nem sete da manha a casa estava silenciosa. Vic tinha ido dormi na casa da Rute ela adora ficar lá, a porta do quarto de Edgard estava fechada e minha mão coçou para bater lá e entra em seu quarto. Aproximei-me da porta e levantei a mão para bater na porta, mas desisti. Abaixei minha cabeça sentindo as lagrimas nos meus olhos, sentia falta dos seus beijos e abraçados. Queria o seu colo ouvir o quanto eu era especial para ela. Continuei meu caminho e desci as escadas devagar, a sala estava fazia fui em direção à cozinha de onde vinha um cheiro de café. Aproximei-me devagar e encontrei Edgard com uma xicara de café nas mãos, os cabelos em um coque na cabeça, ele já estava com as roupas de trabalho. Nossos olhos se encontram meu coração bateu acelerado no peito seus olhos tinham a mesma tristeza que o meu e só eu poderia acabar com aquele nosso sofrimento, ele se levantou e se aproximou de mim pegando em minha mão eu estremeci, sua mão subiu pelo meu braço me tocando de leve e eu segui cada movimento seu. Quando nossos olhos se encontraram eu já chorava, eu o queria, mas aquele meu medo idiota não me deixava!

_Eu não vou fazer mal a você, sabe disso não é?

Eu apenas acenei com a cabeça.

_Então porque esse medo todo comigo, de mim?

Não consegui falar, minha garganta estava em um nó.

_Eu sinto sua falta, eu não aguento mais dormi sozinho. Quero minha mulher de volta, por favor, me deixa te ajudar?

Acenei com a cabeça e me lembrei do conselho de Rute era hora de deixar ele me ajudar, mas ele pegou suas mãos e colocou em cada lado do meu rosto.

_Eu quero ouvir de sua boca!

_Eu quero que você me ajude, por favor!

Então ele me beijou, um beijo calmo e gostoso sem malícia eu me deixei levar pelo seu beijo sentia falta do seu toque em mim.

_Vou dormi com você, não durmo mais um dia longe de você!

Ele disse assim que beijo parou.

_Eu quero você comigo!

Eu disse o abraçando, eu não poderia deixar aquele meu medo destruir minha vida, não poderia deixar aquele medo idiota destruir o amor lindo que eu e Edgard tínhamos se Rute conseguiu eu também conseguiria.
Era a hora de ser feliz!

Minha Elisabeth 2.0Onde histórias criam vida. Descubra agora