Untitled Part 34

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Coisas que não fazem sentido

Marcus e eu chegamos à Broadway sem dizer nada. Eu estava pensando.

— Pensei em uma pergunta para você — falei finalmente.

— Certo.

— Digamos que eu construa uma máquina do tempo. — Esperei para ver se Marcus ia

rir, mas ele fez apenas um gesto positivo com a cabeça e ficou pensativo. — E digamos que

eu decida voltar para a quarta-feira passada. Digamos que eu queira ir ao cinema enquanto

a "outra eu" ainda está na escola.

— Certo.

Expirei uma grande nuvem branca.

— Eu não vou chegar na quarta-feira passada até sair daqui certo? Quer dizer, não vou

saber se realmente chegarei lá até realmente chegar lá.

— Certo. Na sua experiência, você não saberá se realmente chegou lá até sair daqui.

Quer dizer, a não ser que se lembre de ter visto você mesma na rua, ou algo do tipo. Ou

poderíamos perguntar ao bilheteiro do cinema — ele falava sério.

— O quê?

— No cinema. A qual deles você está planejando ir? Porque podemos perguntar ao

bilheteiro se você esteve lá. Então saberemos se chegará ou não.

— Mas eu ainda não saí daqui! Ainda nem construí a máquina do tempo.

— E daí? Não importa quando você sai. Só importa se chegou lá. Espere. Esqueça o que

eu disse. Importa, sim, quando você sai. Porque se você só sair daqui a cinquenta anos,

mesmo que tenha estado lá, o bilheteiro provavelmente não vai reconhecê-la.

— Do que está falando?

— Bem, digamos que você termine de construir sua máquina do tempo daqui a

cinquenta anos. Você estará com...

— Sessenta e dois — falei.

Estávamos em frente à escola, esperando o sinal ficar verde para atravessarmos a rua.

Eu podia ver garotos vindo de todas as direções, agasalhados com gorros e cachecóis.

— Certo, então digamos que você tenha 62 anos, entre na máquina e volte para a

quarta-feira passada, dia tal de dezembro de 1978. Você vai ao cinema. O bilheteiro vai ver

uma mulher de 62 anos, certo?

— Certo — concordei, e até então tudo fazia sentido.

— Então, se passarmos no cinema hoje e perguntarmos a ele se a viu na quarta-feira

passada, ele dirá que não. Porque o bom-senso dirá a ele que você não pode ser aquela

mulher de 62 anos e ela não pode ser você. Entendeu?

Fiz que não com a cabeça.

— Se perguntarmos hoje, ele pode não ter me visto mesmo. Porque eu ainda não estive

lá. Porque ainda não voltei no tempo.

— Ai — disse uma voz atrás de nós. — Não é tão complicado.

amanhã você vai entenderOnde histórias criam vida. Descubra agora