Untitled Part 32

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Coisas que deixamos para trás

— Adivinhe só? — disse Annemarie quando liguei para a casa dela à noite, para ver se

estava bem. — Alguém deixou uma rosa aqui na porta.

— Para você?

— Não sei... talvez.

Claro que era para ela. Para quem mais seria?

— Havia algo junto? Um cartão?

— Não. Só a rosa. — A voz dela estava aguda e empolgada. — Estranho, né? Imagino

que...

— Ei, posso fazer uma pergunta? Você não pode comer pão?

Ela ficou em silêncio.

— Não é por nada, mas a Julia falou...

— Não — interrompeu-me ela. — É importante. Eu devia ter contado. Tenho epilepsia...

— Ah.

— E não posso comer pão nem amido. É uma dieta maluca sobre a qual meu pai leu,

mas funciona de verdade. Geralmente fico bem. As pessoas nem sabem que tenho essa

doença, porque há anos quase não tenho convulsões.

— Foi isso o que aconteceu hoje?

— Sim. Eu meio que dei um tempo na dieta. Foi legal trabalhar na lanchonete do

Jimmy com vocês, comer o que eu quisesse sem ninguém para me olhar de cara feia ou

dar sermão.

Mas alguém lhe havia passado um sermão: Julia.

— Você ainda pode trabalhar com a gente. É só não comer aquela comida ruim.

Ela riu.

— Eu sei. Na verdade, meu pai faz meu almoço todos os dias. Tenho jogado no lixo no

caminho para a escola. Ele está bastante zangado.

Aquilo era difícil de imaginar.

— Bem, mas minha mãe encontrou a rosa na nossa porta quando chegou do trabalho. É

perfeita. Estranho, não?

Deixei que ela falasse um pouco mais sobre quem poderia ter deixado a rosa lá, e por

quê. Eu sabia que ela queria que eu dissesse que provavelmente teria sido Colin, mas não

consegui pronunciar aquelas palavras.

amanhã você vai entenderOnde histórias criam vida. Descubra agora