Capítulo 18: Armário de vidro

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"O problema das pessoas é tratarem figuras religiosas como o próprio Deus"

"Eles ficam endeusando pastores e padres e no fim ficam chorando quando eles fazem alguma merda"

"Seu pai não é melhor do que ninguém porque é pastor"

Fazia alguns minutos que a conversa que teve com Zoe não saia de sua mente. Abby queria conversar com Billie sobre o que viu no celular de Caleb, mas estava tão tanta vergonha de que a namorada soubesse que o pai, o maior religioso da cidade, era também o maior hipócrita de todos.

Abigail queria poder falar com Zoe naquele momento, ela sentiu, que ela era a única que poderia lhe ajudar naquele momento, que diria a verdade sem medo do que a verdade poderia causar em Abby.

Ela precisava disso, precisava da verdade. Porque uma parte dela ainda estava imersa na ideia de que o pai era um homem bom. Ela não conseguia ver ele como um traidor, que enganava a mãe. Ela apenas o via como Caleb, o pastor que todos amavam.

Abby precisava que alguém lhe desse um tapa na cara e lhe mostrasse a verdade.

— Esse é o último... As irmãs fizeram uma bagunça — Ines riu baixo, fazendo uma massagem nos músculos tensos — Você consegue terminar? Eu posso te ajudar a secar as louças —

— Não, eu estou bem. Pode ir descansar, eu posso terminar isso — Abby respondeu, dando um pequeno sorriso para a mãe.

Ines deixou um beijo no topo da cabeça da filha, saindo da cozinha depois de aceitar a proposta.

Ainda faltava uma montanha de louças para levar, já que as irmãs tinham deixado suas coisas ali e a mãe devolveria amanhã no culto.

Mas Abby queria ficar sozinha.

Ela não se importou em lavar toda a louça e secar sozinha, com calma, sem pressa, pensando em tudo o que estava acontecendo na sua vida ultimamente.

Tinha o internato, e o fato de que o pastor estava saindo com uma das meninas.

Então, em casa, ela descobriu que o pai estava traindo a mãe.

Tudo estava uma bagunça, mas pelo menos... Ela tinha Billie.

Billie fazia com que seu mundo bagunçado e escuro tivesse um pouco de luz. Billie era como a luz que ela encontrava no fim do túnel.

Ela se separou de Billie naquele dia mesmo, e já estava com saudades. Como isso era possível?

— No que está pensando para estar sorrindo tanto — seu corpo deixou de ficar relaxado e ficou tenso ao ouvir a voz do pai — Pode deixar que eu te ajudo —

Caleb se aproximou, colocando os pratos no armário, onde Abigail não conseguia alcançar.

Abby se afastou do pai, seu sorriso sumindo e sua expressão ficando mais séria.

Mesmo que ela tentasse, ela não conseguiria disfarçar o que sentia no momento por ele.

— Abby... — Caleb deu passos lentos até a filha, que se afastou, se recusando a se aproximar muito dele.

Do próprio pai.

Caleb não era burro, e apenas esse ato da filha fez com que ele percebesse o que estava acontecendo ali.

Ela viu.

— Não é o que parece, eu juro — foi uma péssima primeira frase para dizer depois que sua filha descobriu que ele tinha um caso.

Ele sabia disso, mas não sabia mais o que dizer.

— É isso mesmo que você vai me dizer? O que vem depois? Vai dizer que eu vi errado e que eu estou ficando maluca? — ela não tinha medo dele.

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