Capítulo 24: Nunca será como antes

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A viagem de carro de volta para casa estava sendo em completo silêncio. Abby já havia trocado de lugar, dormido, aberto a janela e nada fazia com que o tempo passasse.

O pastor Caleb parecia tenso ao lado da filha, mas Abigail percebeu que toda vez que ele percebia que estava deixando claro o seu estado, ele relaxava os ombros e forçava um sorriso.

Ele não disse nada sobre ela sair de casa na manhã seguinte a briga, na verdade, ele não disse nada.

Ele não perguntou como havia sido a semana, também não perguntou se ela estava bem ou contou uma piada boba. Abby estaria mentindo se ela dissesse que não sentiu falta disso.

Seu pai sempre foi seu melhor amigo, sempre foi alguém para quem ela corria caso algo estivesse de errado. De alguma forma, ela sentiu por sua mãe a dor da traição. Para ela, Caleb não havia traído apenas Ines, e sim, toda a família, os fies da igreja, todos que um dia confiaram nele.

— Quer parar para comer alguma coisa? — Caleb perguntou depois de pigarrear.

— Não, acho que consigo esperar até chegarmos em casa — assim que disse isso, sua barriga roncou alto, a acusando da mentira que contara.

Caleb riu alto, na mesma hora virando o carro e o estacionando na lanchonete na beira da estrada.

Ao ver seu sorriso, o coração de Abigail doeu mais ainda.

Ela não se achava no direito de estar tão chateada com o pai.

Caleb a ajudou a sair do carro e eles entraram juntos na lanchonete.

O lanche foi silencioso, assim como a viagem de carro. Abby comeu seu hambúrguer o mais rápido que podia porque queria voltar com a viagem e chegar em casa logo. No começo, Caleb comia devagar, mas ao ver a pressa da filha, ele a acompanhou na velocidade que mastigava.

Em poucos minutos, eles estavam pagando o que consumiram e voltando para o carro, dando continuidade a viagem para casa.

Abby não conseguiu mais dormir, faltavam poucos minutos para chegar em casa e por isso, ela passou esses últimos minutos pensando em como seria sua vida quando tudo isso acabasse.

O que aconteceria quando ela voltasse para casa permanente na próxima semana. Ou melhor... Ela voltaria para o internato para passar esses últimos dias? Ela não sabia de nada, não depois que descobriram que o pastor estava se envolvendo com uma das meninas.

Em outra época, Abby estaria contando a fofoca para o pai, e ele estaria dizendo "Que Deus perdoe os pecados dele e seja misericordioso com sua alma". Mas depois ele pediria para Abby contar mais, mesmo sabendo que fofoca era pecado.

Agora, ela não se sentia confortável em contar para o pai sobre o pastor que traiu a esposa com uma menina de dezoito anos.

Abby foi a primeira a sair do carro quando o pai estacionou na garagem.

Ela deu uma olhada para a casa dos vizinhos, querendo saber se milagrosamente Billie teria feito a viagem mais rápido que eles, já estando em casa.

Billie não estava. Mesmo pegando vários atalhos, ela não chegou primeiro que Abby e o pai, ela sabia disso porque seu carro não estava na entrada.

— A casa fica silenciosa quando a Billie não está em casa. Só os vejo na igreja no domingo pela manhã — Caleb falou, ajudando Abby com suas coisas.

Abigail não sabia o que responder, então ficou em silêncio, e apenas assentiu, indo até a porta de sua casa.

Ela não precisou abrir a porta, assim que subiu o último degrau da varanda, a porta de madeira se abriu, e Ines saiu de casa, dando um abraço em Abby.

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